Sacrifice

12 2 19
                                    

Eu não cumpri mais uma promessa feita para alguém que significava algo para mim. Eu não matei Daniel, apenas pedi para que Zalgo apagasse suas memórias sobre mim e colocasse outra mulher em meu lugar.

Meu tio avô aceitou meu pedido de bom grado, pois não queria perder seu proxy mais fiel. Profeta não se lembraria de mim ou de nossos momentos quando acordasse, o que levaria algumas semanas.

Nick injetava um líquido em mim para o início de meu tratamento. Zalgo enviou a carta para os Amaterasu e eu me entregaria, deixando a família de meu pai a salvo.

Blader e Brian jamais aprovariam o que eu estava planejando, mas eu precisava que todos ficassem a salvo, principalmente Lisa.

Tudo corria bem e conforme o planejado, meu sistema nervoso já não respondia bem e eu não era mais sensível a dor. Já fazia algum tempo que eu estava naquela enfermaria improvisada, apenas sendo medicada para não sofrer durante o ritual da assembléia.

Apesar de toda a guerra, Zalgo era um bom anfitrião. Não me deixou faltar nada durante os meses, me dando um conforte que até então eu só tinha com meu pai.

Já não tinha mais forças nem para falar naquele momento, mas sabia que todos estariam a salvo com meu sacrifício.

Enquanto sentia meu sistema nervoso falhar pouco a pouco, Beryl me veio à cabeça. Onde ele se meteu após aquele dia? Quem era ele? O que estava fazendo nesse momento?

Nenhuma das minhas perguntas seria respondida e eu morreria sem o conhecer verdadeiramente.

Lisa deveria estar se perguntando onde eu estava. Não verei suas primeiras palavras, seu treinamento inicial, seu primeiro aniversário... Perderei tudo em prol de deixá-la a salvo.

Espero que um dia me perdoem.

•••

A criatura carregava sua sobrinha neta pela floresta, evitando que seu corpo fosse ferido pelas árvores no caminho. Zalgo via a enorme fogueira e os bruxos da assembléia perfeitamente trajados para o ritual, onde beberiam o sangue de Ery para serem agraciados com a imortalidade.

Pôs o frágil corpo na mesa de pedra que se localizava ao centro, arrumando seus cabelos para fora do apoio. Uma agulha foi inserida em seu braço para que o corpo fosse drenado, enchendo taça por taça daqueles presentes.

Toda a assembléia estava lá, todos queriam ter o sabor da híbrida que manchava o nome de todos ali descendo por suas gargantas. As famílias ostentavam taças de ouro e suas melhores roupas para aquele momento, principalmente o clã Amaterasu.

Esta fez questão de se deliciar com as primeiras gotas de sangue do cadáver magro no centro do ritual. Não demorou para as taças estarem vazias e os sorrisos estampados no rosto de cada um dos presentes.

Alguns corriam, outros se jogavam na grande fogueira para morrerem mais rápido ao notarem que o sangue estava contaminado. Parte convulsionava, outra vomitava os órgãos internos pelo veneno que foi absorvido rapidamente pelo organismo doa presentes. Não existiu um único bruxo que sobreviveu naquela noite.

No meio da floresta havia algo parecido com um grande massacre, ou seria um suicídio coletivo? Ninguém jamais saberia, pois não sobrou uma viva alma para relatar o ocorrido.

O cheiro putrefato corria por entre as árvores pelo sol da manhã. Fazia muito calor naquele dia, então os cadáveres foram consumidos ainda mais rápidos pelas bactérias e vermes ao redor.

O único inteiro era o da súcubo em questão. Não havia sangue em seu corpo, mas não entrava em decomposição pela genética da família de seu pai. Suas células tentavam tirar o resto da toxina de seu corpo e regenerar as hemácias para que voltasse a vida, mas não era um processo simples.

Alguns dias foram necessários para que um grupo de patrulha da mansão Slenderman chegasse ao local. Os olhos dos proxys percorriam o local com atenção enquabto tentavam não pisar nos restos mortas jogados pelo chão.

— Eu sabia que havia algo de errado. — a morena torceu o nariz e pôs sua máscara no lugar — Que merda aconteceu aqui?

Seu olhar mexia rapidamente para encontrar o que tanto procurava, até cravar na mesa de mármore que havia no centro do local. Suas lâminas caíram de seus braços ao ver o corpo sem vida de sua irmã, magro e pálido.

Correu até a loira e a sacudiu com força, mas não obteve resposta. Gritou pelos outros três que estavam com ela, que vieram rapidamente a seu encontro.

— Bruxinha, acorda! — Brian a pegou nos braços e correu em direção a mansão, sem nem esperar pelos outros. Não podia ver sua mulher morrer sem tentar salvá-la.

Ery | Slender's ProxyOnde histórias criam vida. Descubra agora