Family

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•Brian•

Quando Ery apareceu na enfermaria com Lins, sua expressão era a pior possível. Algo a aterrorizava de uma forma que a fazia tremer e chorar.

— Venha comigo, por favor. — um soluço escapou de seus lábios ao se virar para mim — Eu não quero passar por isso sozinha.

Assenti e sua mão fria se pôs no meu ombro, nos levando até a casa de sua família. Tudo estava silencioso, até demais.

Ery chorava como uma criança, cambaleando a cada passo até a porta. Hesitou em abrir, deu batidas pesadas na madeira na esperança de ser atendida.

Ninguém respondeu lá dentro.

Aos poucos, rodou a maçaneta e o cheiro férrico tomou nossas narinas. A cena que vimos ao entrar fez meu coração gelar e minha amada chorar ainda mais: estavam todos mortos.

Nergo, Braco, Miriam e Raya foram atacados. Nenhum deles sobreviveu, seus corpos já estavam gelados e não havia pulso. A vi tirar uma faca da lateral da calça e se virar para mim.

— Eu preciso de um pingo de esperança, Brian. — se ajoelhou diante do corpo de Miriam — Eu espero de coração que ela esteja viva.

Levantou a blusa da outra e fez um corte perfeito em seu ventre. Cortava cada camada com delicadeza na esperança do bebê estar vivo.

Retirei meu casaco e me pus ao seu lado. Apesar do nervosismo, suas mãos estavam firmes realizando o parto.

Quando sua mão adentrou o ferimento e retirou a bebê, um choro alto ecoou pela casa, nos fazendo sorrir imediatamente. Ery cortou o cordão umbelical e eu a tomei em meus braços, aquecendo-a com meu casaco.

Ninei a pequena enquanto Ery continuava olhando a cena de morte que lhe rondava. Um moisés na sala com o nome "Lisa" nos chamou atenção.

Ainda em lágrimas, minha amada pegou um pouco do sangue de cada um e fez um grande círculo, proferindo palavras que nunca havia ouvido. Após minutos, os corpos desapareciam como se estivessem sendo queimados, a foligem tomava conta do ambiente com pequenas luzes, era como estar entre as estrelas.

— Leve Lisa para fora, por favor. — suplicou sem olhar para mim.

Me retirei e me afastei um pouco da casa, sentando-me na sombra de uma árvore. Eu imaginava o que viria a seguir, então acolhi a pequena e protegi seus ouvidos.

Um grito estrondoso e dolorido ecoou pelo ambiente. As janelas quebravam juntamente com a madeira velha da casa.

O grito de dor de um demônio.

Eu via as chamas começarem a consumir o local. A antiga casa dos Meyer estava sendo reduzida a pó como se fosse nada.

Ery apareceu diante dos meus olhos, esticando os braços. Lhe entreguei Lisa e ela a abraçou com todo cuidado do mundo, como se sua vida dependesse da dela.

A neve começava a cair, então mais uma vez aparecemos na enfermaria, onde Slenderman estava.

— Mas que porra... — Blader arregalou os olhos ao ver o que Ery tinha nos braços.

Ela não disse nada, apenas sentou-se na cama do lado. Slenderman com certeza leu sua mente, pois se aproximou da mesma.

— Sinto muito por sua perda, Ery. — ele fez um aceno com a cabeça.

— Sente? — riu sem humor — Se eu não estivesse naquele maldito porão, conseguiria salvar a todos.

— Você estava fora de controle, foi o necessário.

Ery | Slender's ProxyOnde histórias criam vida. Descubra agora