Painful Past

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•2 anos e meio antes•

Seis meses se passaram desde a última visita de meu tio em minha residência. Estava no período de férias do trabalho e meus primos e eu decidimos passar a temporada de verão na antiga casa de campo do nosso avô que ficava em frente a um lago no meio de uma densa floresta.
Definitivamente não era o melhor lugar para eu estar na minha atual situação.
Ambos levaram as namoradas: Braco com Miriam, sua anja caída e Nergo com Raya, uma ghoul. Eles sempre me protegeram por ser mestiça e nunca se importaram com essa questão de ser puro sangue. Insistiam dia e noite para que nos retirássemos da assembléia para me poupar estresse, mas dentro dela eles ainda teriam uma proteção que eu não podia dar aos mesmos.
Raya e Miriam eram extremamente gentis comigo, formamos uma bela amizade com o passar dos anos e sempre estávamos juntas quando surgia uma oportunidade.
Fomos todos no meu carro que, por ser maior, nos traria mais conforto na longa viagem. Eu fazia um barulho ou outro de vômito toda vez que um dos casais demonstrava algum tipo de afeto, arrancando gargalhadas dos outros.

- Um dia, você vai se apaixonar tão perdidamente por alguém que vai ficar como nós. - Nergo brincou comigo. Eu apertei o volante e pisquei com um pouco de força pela memória que aquele comentário me trouxe. Meu primo percebeu a reação e se desculpou, mas pedi que ele não se preocupasse com isso.

Ao vermos a silhueta da casa em nossa frente, comemoramos e começamos a esticar a coluna por conta das quatro horas de carro. Os dois retiraram as malas do veículo e começaram a entrar com as mesmas.
Aquele lugar me trazia um misto de emoções inexplicável, nasci e passei boa parte da vida nessa casa antes de ir morar com meu pai na mansão. Vez ou outra eu voltava aqui após a morte do vô Edgar, já que o local ficou vazio quando meus primos atingiram a idade adulta e iniciaram suas próprias vidas.
Passei tempo demais sozinha na mansão. Blader ainda não tinha sido levada e ela estava no porão quando decidi sair após anos naquele local. Desenvolvi uma ligação especial com Brian, mas não tínhamos maturidade para um relacionamento, éramos completamente impulsivos e imprudentes.
Até que se deu a gota final quando engravidei, mas logo perdi o bebê em uma missão onde um proxy de Zalgo golpeou meu ventre. Eu não sabia que estava gerando uma vida, eu não seria irresponsável de arriscar perdê-la, mas quando o sangue escorreu pelas minhas pernas incessantemente, Smiley me fez uma bateria de exames e me relatou o ocorrido.
Enlouqueci completamente e quase pus fogo em toda a casa, machuquei Brian gravemente após ele ir atrás de mim na parte de trás da mansão. Não controlei as chamas que saíam de meu corpo e uma parte de apoio extremamente pesada caiu em cima dele, deixando-o preso nos escombros.
Ele entrou em coma e eu não fui corajosa o suficiente para ficar ao seu lado. Deixei uma carta de despedida terminando o relacionamento para a segurança dele e fugi para a casa de Braco, que era a mais próxima. Fui acolhida e cuidada como uma criança.

Entrar no casarão me fazia arrepiar. Eu escapava diversas vezes para ficar com Brian aqui, onde jurávamos amor eterno um ao outro como adolescentes apaixonados.

Agora tudo não passava de uma lembrança.

- Ery, que tal um banho no lago? - Miriam disse após tocar sutilmente em meu ombro. Eu sabia que ela podia sentir a energia melancólica que eu exalava, a ruiva sempre queria fazer com que eu me sentisse melhor.

- Vamos colocar roupas de banho e fazer um churrasco perto do píer! - Raya nos puxava após colocar nossas bolsas em nossos ombros. A força dela me assustava um pouco.

Subimos e nos trocamos enquanto os meninos começavam a preparar a carne. Ainda estava de manhã, então teríamos um longo primeiro dia para aproveitar. Não demorou para estarmos na parte de fora e Raya pegar cada uma de nós em um ombro e pular no lago gelado, fazendo nossos queixos tremerem de frio.

Ery | Slender's ProxyOnde histórias criam vida. Descubra agora