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Minha barriga estava doendo de fome e estava com muita sede, mas não iria sair do quarto. Desde que Dino morreu na minha frente eu não quis mais sair.

Cedric me trazia comida e água mas nem tocava nela.

Monstros, todos são monstros.

Um homem morreu na minha frente. Na porra da minha frente. Eu estava tendo pesadelos todas as noites. Ele aparecia e me atacava. Ainda lembro de um deles. Foi o pior.

Eu estava caminhando por um corredor frio e vazio. Algumas tochas o iluminava. Eu caminhava em passos cautelosos, minha respiração estava descompassada e suava muito.

Escutei gritos dos dois lados do corredor que se aproximavam cada vez mais. Fiquei paralisado de medo esperando as vozes chegarem.
Elas nunca vieram. Continuei andando e gritei quando meu pé foi puxado. Olhei para ver quem era e gritei mais alto. Dino.

A sua garganta, ou o que sobrou dela, estava estraçalhada. Tentei chutá-lo mas não adiantou.

"Ninguém está aqui, você é meu."

"Vamos brincar?"

Rony apareceu. Logo atrás veio Viktor, Cedric e Harry.

"Vamos Draco."

"Não!"

"Draco? Acorda!"

" Me ajude! Socorro!"

"Filho? Você me matou. Por quê?"

Pai?

"Pai? Não. Eu sinto muito!"

Acordei gritando e me deparei com Cedric assustado na minha frente. Ele estava com as mãos nos meus ombros e me fitava.
- Supere!- me virei para Viktor que me olhava com raiva.- Ele morreu. E daí? Foi só mais um.

Ele tem razão. Só mais um. Eu não sei o que tinha na cabeça quando achei que aqui era um tipo de sociedade. Isso está mais para um " Sobrevive o mais forte". Se não trabalhar direito você vai direto para a vala.

- Eu sinto muito. Não queria acordá-los.- Cedric sorriu tentando me confortar e voltou para a cama com Viktor. Ele estava sem o tapa-olho e vi a cicatriz que cobria o olho leitoso.

- Vá dormir, Draco.- Cedric se ajeitou na cama e deu um sorriso cansado.

Me deitei olhando para a beliche de cima e fiquei assim até que o sono viesse. Dormi um sono sem sonhos, silencioso. Mas que me fez descansar.

§§§§§§

- Você vai ficar assim até quando?- Cedric estava parado no batente da porta de braços cruzados.- Eu sei que é difícil mas...
Ele suspirou e sentou do meu lado.

- Aqui as coisas não funcionam da melhor maneira possível. Se você mexer com alguém da cozinha, você morre em um dia ou dois envenenado.- ele riu.- Se você mexer com alguém que já tem "dono", o melhor que pode acontecer é perder um membro. E não estou falando de braços e pernas.

- Aonde você quer chegar com isso?- ele riu da careta que fiz e continuou.

- O que eu quero dizer é que: ou você fica aí, deitado como se nada tivesse acontecido. Ou você vai viver. Mesmo que viver não valha mais a pena é melhor do que ficar alheio ao mundo. Ao nosso mundo, porque aqui é a sua casa agora Draco.

Depois de ditas essas palavras ele se virou e saiu, suspirei e fiquei um tempo fitando a porta. Deveria sair? Eu não sei se gostaria de ver mais alguém perder a garganta.

APRISIONADO - DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora