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Eu estava caindo, sendo engolido pela escuridão que não tinha fim. Meu corpo batia em pedras fazendo com que minha queda não fosse rápida; senti a minha pele ser rasgada em vários lugares. Berrei quando meu corpo atingiu o chão duro e senti algo atravessar minha barriga.

O Sol estava tão quente que eu poderia fritar um ovo na calçada. Contei as moedinhas que eu tinha encontrado perdidas em casa e olhei para a plaquinha. Sorvete de morango: 1 dólar. Entrei na lojinha ouvindo o sino tilintar anunciando a minha chegada. Pegueio meu sorvete, paguei e me sentei na calçada novamente. O sorvete estava muito gostoso, gotas escorriam pelo meu queixo sujando toda a minha camisa. Acho que mamãe não vai gostar disso, pensei. O sorvete estava derrentendo bem rápido, e antes que pudesse terminá-lo ele caiu no asfalto quente. Pisquei rápido para não chorar; papai disse que meninos fortes não choram. Eu sou um menino forte.

- Ei, garoto!- olhei para cima e vi um velho barbudo caminhar em minha direção. Ele parecia o papai Noel.- Quer um sorvete?

- Mamãe disse que não posso falar com estranhos.- disse relutante. Eu quero o sorvete, talvez um de chocolate, já que eu já sabia o gosto do de morango. Ou então o de limão! Mas ele é azedo, não-

- Você está me ouvindo?- olhei o velho envergonhado.- Bom, já que não aceita...

- Eu quero.- soltei. O velho riu e se levantou indo até a lojinha. Ele realmete parece um papai Noel usando essa camisa xadrez vermelha e botas marrons. E a barriga! A barriga é igualzinha a do Papai Noel da televisão!

- Aqui.- disse me entregando um de limão. Abri o pacote rapidamente e o mordi. Dessa vez não vai cair no chão.

Saboreei o sorvete, não tão lento como gostaria, mas estava delicioso.

- Qual o seu nome, filho?

- Draco.- respondi lambendo os restos de sorvete que grudou nos meus dedos.

- Sou Hagrid.- terminei de limpar meus dedos e me levantei para voltar para casa.

- Obrigado pelo sorvete, senhor.

- Sem problemas, criança. Mas me diga... gostaria de ouvir uma história?

- Que história?- perguntei curioso. Eu realmente gosto de histórias. O velho sorriu e falou lentamente me causando arrepios.

- Sobre o inferno.

§§§§§

"Nós caímos!"

"Não há como voltar, estamos mortos!"

"Tem certeza que ele está morto? Talvez ele esteja vivo, então teremos alguma chance."

"Não vamos voltar! Estamos perdidos!"

"Fomos mortos no momento em que caímos nesse buraco!"

Eu queria gritar para que todos calassem a boca. Meu braço doía como o inferno e eu tinha certeza de que estava quebrado.

- Ele ainda 'tá respirando.- disse. Eu amarrei meu braço quebrado com a blusa que arranquei de um corpo que foi esmagado durante a queda. Respeito com os mortos? Não sei o que é isso.

- Por que estamos nos preocupando com ele? Nós estamos em um buraco!- Vince rugiu.

- Nós vamos encontrar a saída.- Goyle finalizou a conversa. Ninguém é idiota de ir contra ele.

Depois que vi o garoto correndo sem direção com Lino e Goyle o perseguindo, eu fui atrás deles. Não para ajudar a pegá-lo, mas para ajudar Malfoy.

Eu sei do que meu pequeno irmãozinho é capaz. E Malfoy já sofreu demais.

Depois que caímos o corpo do garoto foi atravessado por uma rocha pontuda. A queda não foi grande, o impacto foi pior.

APRISIONADO - DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora