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- Ninguém se mexe!- Potter avisou me puxando para perto de si.- Não atira!

Escutei o rangido da porta da frente sendo aberta e um senhor saiu da casa com uma espingarda em mãos; ele parecia estar com a idade muito avançada, meio gordo e com a pele caída cheia de rugas, marcando um rosto que parecia cheio de história para contar.

- O que querem?- sua voz soou rouca e sofrida, como se não falasse há muito tempo. Todos os seus movimentos eram lentos.

- Nós estávamos apenas passando, não iríamos fazer mal!- dei as explicações rezando para que ele nos deixasse continuar o caminho sem nenhum problema.

Senti seu olhar pesar em mim e tremi de medo encostando mais meu rosto na areia, ele cuspiu no chão e vi seus pés bem na minha frente. Ofeguei quando senti o cano da espingarda tocar a minha nuca; apertei a mão de Potter como um aviso para que não tentasse nada.

Todos ficaram em silêncio, tudo o que ouvia era a respiração do velho, lenta e sofrida. Lentamente virei o rosto e encontrei com o de Potter, sério e com os olhos cravados na espingarda. Eu sabia que qualquer movimento daquele velho faria Potter atacar.

- Eu sou Hagrid.- suspirei aliviado ao não sentir mais a arma na minha nuca.- Entrem, acabei de fazer café.

Ninguém se mexeu.

Ele me puxou pela gola da camiseta e me surpreendi com a força que ele tinha. De repente tudo mudou, aconteceu muito rápido. Só vi Hagrid puxar o gatilho da arma e apontar para Potter.

Ouvi mais barulhos de gatilhos e mais armas apontadas para Hagrid.
Com o puxão na minha gola Potter se levantou e pegou no pulso de Hagrid; eu fiquei sem saber o que fazer, olhando para os dois homens, ambos com os olhares assustadores.

- Não faça mais isso, jovem.

- Não o puxe assim, velho.

- Aquele café cairia muito bem agora.- Jorge riu nervoso enquanto tentava abaixar a mão de Simas que estava com o revólver apontado para Hagrid.

- Sem açúcar!- Fred olhava suplicante para os homens.

- O meu é sem morte.- Nev se aproximou sem medo e abaixou as armas.- Queridos, meus pés doem e mal vejo a hora de dormir. Hagrid já foi gentil o suficiente nos chamando para um café, então, por favor, acalmem-se.

- O garoto tem razão.- Hagrid colocou a espingarda no cinto e voltou para a casa.- Venham.

Entramos na pequena casa e demos de cara com a cozinha que tinha um balcão separando-a da sala. Tinha uma outra porta que imaginei ser o quarto.

A cozinha era pequena, continha um pequeno fogão de quatro bocas, uma pia, os armários, geladeira e uma mesa de quatro lugares. Simples mas aconchegante.

Ficamos parados no porta sem saber o que fazer. Hagrid pegou alguns copos e os colocou na mesa, logo depois serviu o café fumegante. Nev foi o primeiro a pegar, com a sua cara de pau ele até pediu bolachinhas e recebeu risadas de Hagrid que parecia gostar das piadinhas que ele soltava.

Com o tempo ficamos mais a vontade e contamos sobre a nossa fuga e sobre o horror que esse deserto escondia. Em nenhum momento Hagrid ficou surpreso, ele até mesmo parecia saber de tudo isso.
- É um história e tanto, garotos.- ele levantou da cadeira em que estava sentado e foi até seu quarto enquanto ainda falava.- Vocês devem estar cansados de andar nesse deserto.

- Você não faz ideia.- Fred sussurrou não tão baixo assim.

- Eu também tenho uma história para contar. Claro que não é tão emocionante quanto a de vocês.

APRISIONADO - DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora