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Jorge e eu voltamos para a mina e dessa vez o corredor produzia ecos de vozes desconexas, alguém está lá dentro, só nos resta descobrir se quer nos matar ou não.

- Se nos atacarem a luta está fora de questão, entendeu?- Jorge sussurrou. Ele só continuou andando quando eu assenti e o cutuquei para que continuássemos.

Voltamos para as águas e, por segurança, nos agachamos ficando na entrada, apenas observando o que acontecia; até que ouvimos uma voz conhecida que fez Jorge correr quase que gritando de felicidade.

- Fred!- seu irmão quase caiu com o impacto do corpo de um Jorge alegre mas foi segurado por Simas que, após o abraço dos gêmeos, quase o engoliu em um beijo.- Eu fiquei com medo de perdê-los.

- Nós estamos aqui, Jorge.- Simas o prendeu eu um abraço, protetoramente, e me cumprimentou.- Malfoy.

- E aí?- encolhi os ombros.

Mesmo gostando que Mattew e Simas tenham nos encontrado, eles não são quem eu quero ver. Ao ouvir as vozes eu tive esperança de que fosse a voz de Potter.

Por um momento, só por um pequeno momento, eu tive vontade de me largar no chão e chorar. Mas vi o sorriso de Jorge e tentei compartilhar dessa felicidade que, na verdade, me fez ter vontade de gritar desesperadamente. Para evitar algum surto eu decidi ficar quieto e apenas escutar o trio.

Após uma longa conversa, em que eles compartilharam os acontecimentos recentes em Mors, eu decidi me pronunciar e perguntar sobre os outros que ainda estão vagando por aí.

Foi uma facada no peito receber um balançar de ombros e olhares de pena, todos em minha direção.

Eles sabem que eu estou preocupado com Potter, além de, claro, meus amigos. Jorge encontrou aqueles que ama, mas eu ainda estou de mãos abanando e coração apertado.

Por um momento eu senti raiva e inveja.

Por que eu não consigo sorrir? Por que eu não estou sentindo os braços quentes de Potter na minha cintura?

- Draco? Você está bem?- Fred tocou meu braço e me afastei bruscamente, tanto pelo susto quanto pela raiva.- Ei, cara, o que aconteceu?

- N-nada, eu só preciso descansar, acho.- não escutei nem disse mais nada, apenas fui para um canto mais afastado, mas que ainda fosse iluminado pela lamparina, e fiquei deitado.

Parecia que o rosto de Potter estava gravado nas minhas pálpebras, nem dormir eu consigo sem que eu me lembre dele.

- Volta, por favor.- pisquei tentando limpar a minha visão das lágrimas que se acumulavam.

O que está acontecendo, comigo?

Eu fiz promessas silenciosas de que iria me manter afastado, que ele só teria o meu corpo; todas falharam no momento em que meus olhos se encontraram com sua imensidão esverdeada.

Se Luna me visse nesse momento ela riria da minha cara e me chamaria de fracote. Sempre prometemos que nunca iríamos nos apaixonar ou sofrer por alguém; "Os Malfoys são bons demais", dizia minha irmã. E eu, idiota, sempre concordei.
Por conta disso sempre fui meio frio, arisco. Na minha visão se apaixonar significa entregar seu coração sem garantias de que ele será devolvido da mesma forma, intacto.

Mas, sinceramente, meu coração talvez nunca tenha sido quebrado, uma ferida ou duas, mas nada irreparável.

De saudade? Meu coração já está cheio. De dor? Sofrimento? As feridas são incontáveis. De Potter? Ao mesmo tempo que me sinto triste, um sorriso bobo se forma em meus lábios toda vez eu que seu rosto me vem à mente.

Harry Tiago Potter.

Você me fez em pedaços mas os juntou um a um; me deixou com marcas que tentei, desesperadamente, apagar, mas então descobri que elas são tão fundas que para sempre irão marcar a minha pele.

Eu te amo do jeito mais insano possível

- Eu só queria que você estivesse aqui para ouvir.- sussurrei.

§§§§§

"Hey, anjo, hora de acordar."

O quê?

"Dray, vamos lá."

- Harry?- murmurei, ainda confuso pelo sono.

- Não exatamente mas ele também serve.- escutei uma risada que me fez estremecer.

Até então eu não sabia se era algum tipo de alucinação ou ele realmente estava ali.

- Eu não quero acordar.- me encolhi abraçando meu corpo.- Não quer-

- Eu posso chutar?- escutei uma voz entediada.

Espera...Viktor?

Lentamente abri os olhos e os vi.

APRISIONADO - DRARRYOnde histórias criam vida. Descubra agora