Reki
Sempre me senti claustrofóbico em restaurantes pequenos como o Sia La Luce. Mas ali estava eu, ocupando um dos seis acentos junto a um balcão, examinando o cardápio com desconfiança. Isso de modo algum era uma ofensa ao restaurante Italiano de Joe. A comida era incrível, e eu almoçava ali várias vezes durante a semana, mesmo depois de comer a marmita que minha mãe preparava para a escola.
O lugar estava tomado por um aroma de massa, queijo e tomate, ao mesmo tempo que o ar-condicionado me relaxava.
Estudando o cardápio, tive certeza de ignorar solenemente os pratos apimentados. Parte de mim queria sentir a queimação da pimenta começando no estômago e se espalhando por todas as outras partes. Mas eu não queria ser obrigado a beber dois litros de água e depois ficar inchado. Aparentemente, comidas apimentadas e comer fora de casa eram duas coisas que não se misturavam.
– Oi – uma voz ecoou de repente e eu dei um pulo na cadeira. Tive certeza de que teria engasgado se estivesse comendo.
Observei o garoto de cabelo azul-celeste parado à minha frente, alguns centímetros mais alto. Levei a mão ao peito, sentindo o coração acelerar pelo susto.
– De onde você veio? – perguntei
– Dali – ele apontou para trás, um sotaque se destacou em sua voz livre de emoção.
– Ué, você é o aluno novo que veio do Canadá – lembrei. Além disso, ele tinha traços únicos, que não passariam despercebido e ficavam gravados na memória.
Ele concordou com a cabeça. Aquela expressão neutra estava me assustando, mesmo que eu sentisse algo de familiar vindo dele.
Depois de passear com os olhos por seu corpo delgado, apoiei o queixo em uma das mãos e perguntei:
– O que faz aqui?
– Eu trabalho aqui – respondeu.
– Hã?! – fiquei confuso, afinal, ele não tinha chegado ontem do Canadá?
Como alguém como ele consegue um emprego tão rápido?
Ele é meio fofo, mas... nada demais.
Na verdade, ele me me dá calafrios.
Ele tem uma expressão nada casual.
– Langa, vamos precisar mudar essa abordagem com os clientes – anunciou Joe, vindo da porta da cozinha interna até o balcão lateral, equilibrando uma pilha de bandejas e as colocando ali antes de envolver o pescoço de Langa com um braço vigoroso – ele começou hoje, ainda não tive tempo de arranjar um uniforme e dar instruções. Langa, você pode lavar essas bandejas e alocar no suporte ao lado do freezer?
Então seu nome é Langa... Eu devia ter me lembrado.
– Un – concordou ele. Carregou as bandejas e sumiu porta adentro.
Pelo canto do olho, notei Joe se espreguiçando feito um gato e bocejando. Senti um arrepio na espinha. Joe parecia um daqueles caras de yaoi que minha irmã lia.
– Qual é a sua, Joe?
– Uh?! Do que está falando?
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𝐒𝐊8 𝐓𝐇𝐄 𝐂𝐇𝐎𝐈𝐂𝐄𝐒 | 𝙇𝙖𝙣𝙜𝙖 × 𝙍𝙚𝙠𝙞
FanfictionA repetição é a forma ideal para alcançar a excelência - essa, sem dúvida, é a frase que Langa mais ouviu seu pai dizer, e assim o fez. Após deixar sua vida no Canadá para trás, ele volta para Okinawa, onde sua mãe cresceu. Eventualmente ele acaba c...