Parte II

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Reki

Sempre me senti claustrofóbico em restaurantes pequenos como o Sia La Luce. Mas ali estava eu, ocupando um dos seis acentos junto a um balcão, examinando o cardápio com desconfiança. Isso de modo algum era uma ofensa ao restaurante Italiano de Joe. A comida era incrível, e eu almoçava ali várias vezes durante a semana, mesmo depois de comer a marmita que minha mãe preparava para a escola.

O lugar estava tomado por um aroma de massa, queijo e tomate, ao mesmo tempo que o ar-condicionado me relaxava.

Estudando o cardápio, tive certeza de ignorar solenemente os pratos apimentados. Parte de mim queria sentir a queimação da pimenta começando no estômago e se espalhando por todas as outras partes. Mas eu não queria ser obrigado a beber dois litros de água e depois ficar inchado. Aparentemente, comidas apimentadas e comer fora de casa eram duas coisas que não se misturavam.

– Oi – uma voz ecoou de repente e eu dei um pulo na cadeira. Tive certeza de que teria engasgado se estivesse comendo.

Observei o garoto de cabelo azul-celeste parado à minha frente, alguns centímetros mais alto. Levei a mão ao peito, sentindo o coração acelerar pelo susto.

– De onde você veio? – perguntei

– Dali – ele apontou para trás, um sotaque se destacou em sua voz livre de emoção.

– Ué, você é o aluno novo que veio do Canadá – lembrei. Além disso, ele tinha traços únicos, que não passariam despercebido e ficavam gravados na memória.

Ele concordou com a cabeça. Aquela expressão neutra estava me assustando, mesmo que eu sentisse algo de familiar vindo dele.

Depois de passear com os olhos por seu corpo delgado, apoiei o queixo em uma das mãos e perguntei:

– O que faz aqui?

– Eu trabalho aqui – respondeu.

– Hã?! – fiquei confuso, afinal, ele não tinha chegado ontem do Canadá?

Como alguém como ele consegue um emprego tão rápido?

Ele é meio fofo, mas... nada demais.

Na verdade, ele me me dá calafrios.

Ele tem uma expressão nada casual.

– Langa, vamos precisar mudar essa abordagem com os clientes – anunciou Joe, vindo da porta da cozinha interna até o balcão lateral, equilibrando uma pilha de bandejas e as colocando ali antes de envolver o pescoço de Langa com um braço vigoroso – ele começou hoje, ainda não tive tempo de arranjar um uniforme e dar instruções. Langa, você pode lavar essas bandejas e alocar no suporte ao lado do freezer?

Então seu nome é Langa... Eu devia ter me lembrado.

– Un – concordou ele. Carregou as bandejas e sumiu porta adentro.

Pelo canto do olho, notei Joe se espreguiçando feito um gato e bocejando. Senti um arrepio na espinha. Joe parecia um daqueles caras de yaoi que minha irmã lia.

– Qual é a sua, Joe?

– Uh?! Do que está falando?

𝐒𝐊8 𝐓𝐇𝐄 𝐂𝐇𝐎𝐈𝐂𝐄𝐒 | 𝙇𝙖𝙣𝙜𝙖 × 𝙍𝙚𝙠𝙞 Onde histórias criam vida. Descubra agora