A fuga.

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  Verdade seja dita, minha experiência com relações amorosas era zero, pelo menos eu acreditava que estava em uma com aqueles três idiotas, mas o fato é que não sabia como proceder nessa situação, definitivamente era a ligação de uma mulher que poderia ser a atual e eu como amante, seria correto atender e esclarecer tudo? Como lidar com alguém que talvez nem soubesse o que estava acontecendo?

-Atende! -Ditou Lunar.

-E dizer o que? Não vou me prestar a esse papel, esses idiotas que resolvam suas pendências! -Respondi tomado pela irá. -Isso é só mais uma prova de que você está completamente erada sobre eles, mas sendo bem sincero, que tipo de influência eu poderia esperar de uma ômega submissa a alfas? Até onde sei sua única tarefa e se curvar e servir! -Gritei a silenciando por completo.

O pouco que me lembro da situação a seguir foi que coloquei minha temida máscara de ferro, sei que usava apenas para lidar com meus casos mas o momento pedia por ela e em seguida fotografei a tela do celular com número e enviei para minha secretária/hacker investigar, desci logo em seguida com uma pose séria e assim que cheguei na cozinha encontrei Pedro e Gustavo sentados a mesa já comendo e Rafael de pé acrescentando algumas quitandas na mesa, ambos me acompanhavam com olhares tranquilos quando apenas deixei o aparelho que começou a tocar novamente no centro da mesa e sai logo em seguida sem dizer nada, passei pela garagem escolhendo um conversível e acelerei na saída cantando pneus, não queria pensar em nada, não queria conversar com ninguém e menos ainda queria ouvir comentários de Lunar, eu precisava de paz e foi assim no automático que dirigi até a chácara da minha família, não era muito longe da cidade e a estrada estava perfeita, assim que entrei nas terras da propriedade abaixei os vidros sentindo a brisa fria da manhã, os pastos estavam verdes e belos pintados apenas pelas várias cabeças de gado espelhadas irregularmente, pastando. Quando finalmente cheguei a casa fui recebido pelos vários cães que mantínhamos, desesperados o suficiente por carinho para quase pular dentro do carro e pensando sobre ele, as patas sujas o deixarou imundo e arranhado porém não me importava. Descer foi literalmente uma festa, precisei da ajuda dos caseiros para conseguir me livrar dos doze cães de variadas raças, os quais foram resgatados por nós ao longo do tempo, era difícil lidar com tanta demonstração de amor para comigo já que os maiores pareciam não ter consciência da própria força e quase me jogavam no chão, tenho certeza que se eu me transformasse na Lunar eles não me deixariam em paz.

Seu Fábio e dona Graça que eram casados ha trinta anos e trabalhavam pra família ha vinte cinco vieram ao meu resgate, ambos eram betas e não tinham filhotes.

-Bom dia seu Fábio, dona Graça! Que bom que vieram me socorrer. -Disse com sorriso enquanto tentava caminhar por entre os cachorros que a todo momento pulavam brigando por atenção.

-Bem vindo patrão. -Cumprimentou Fábio com simpatia já segurando dois grandões pela coleira.

-Bom dia filho, vem pra dentro! Vem tomar café, tá fresquinho! -Disse dona Graça muito sorridente me puxando em direção a casa principal e abrindo-a com uma chave que acabava de tirar do bolso. -Vai entrando que vou lá em casa rapidinho buscar as quitandas que acabei de fazer, só não repara se achar uma poeirinha por aí porque não esperava que viesse e o dia de passar pano era amanhã... -Foi comentando apressadamente como sempre me provocando risos.

-Nao se preocupa dona Graça, só vim mesmo colocar a cabeça no lugar. -Respondi já me sentando na grande mesa de jantar enquanto ela abria todas as janelas e portas.

-Como sempre né meu filho, eu vou buscar as coisas e quando volta você me conta o que está acontecendo com seu coraçãozinho tá bom!

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