Lembranças do ômegazinho

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Anos atrás...

-Por favor, parem! -Supliquei entre lágrimas pela milésima vez somente naquele dia para os três alfas deixar de me perturbar tanto.

-O que foi ômegazinho? -Questionou Rafael com um sorriso sínico e empurrando com tanta força que me fez cair. -Não quer brincar com a gente? Pensei que fossemos amigos! -Continuou fingindo tristeza ao me ver jogado no chão e coberto de lama.

-É, ômegazinho! Vamos brincar, certo? -Comentou Pedro sorrindo ameaçador enquanto pegava minha mochila e abria só para lançar todo meu material de estudo em uma poça d'água próxima de nos sem me dar tempo de protestar, enfim, teria muitos problemas com meu pai por isso.

-Por favor alfas, parem! Meu pai vai me bater por isso... -Supliquei segurando um soluço enquanto tentava engatinhar ate a poça para salvar o que fosse possível dos meus pertences.

-Ooh, omegazinho... não chora... -Pediu Gustavo com falsa simpatia enquanto prendia minha perna com seu pé, me impossibilitando de ir ate a poça. -Você precisa aprender de uma vez por todas qual é o seu lugar... -Ameaçou

-Ou para que você serve... -acrescentou Rafael com luxúria doentia.

-E a quem deve obediência! -Finalizou Pedro arrogante, com sua pose superior de alfa.

Mesmo com os olhos banhados por lagrimas pude perceber o olhar cúmplice que trocaram naquele momento e soube o que viria a seguir, era sempre assim.

-Você, omegazinho, existe apenas para nos servir, nós somos alfas e você não é nada além de um ômega pequeno, sem atrativos e com um péssimo odor, nunca nenhum alfa ira querer te marcar, você ômegazinho é o pior da sua espécie, três vezes mais fraco, três vezes mais inútil, três vezes patético! -Gritaram usando sua voz de alfa em uníssono como sempre, me provocando três vezes mais dor.

Mais uma vez fui deixado quase inconsciente na parte de trás do colégio onde haviam me arrastado, com os ouvidos sangrando e dores imensuráveis, estava novamente sujo e impotente sem forças para falar ou a quem pedir socorro, humilhado pelos três alfas que mais odeio neste mundo, Rafael, Gustavo e Pedro.

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Aquela foi apenas uma entre as varias vezes em que fui humilhado por eles porém ninguém ligava.

Meu pai era solteiro e odiava todas as ômegas após ser abandonado por minha mãe quando eu tinha apenas um ano de vida, ele me odiava por ser preso a mim a final eu era um empecilho para sua liberdade e felicidade, o impedindo de se casar com alguma beta e formar uma família "normal" como seus amigos, pois tudo que ele não me considerava era sua família, menos ainda seu filho, eu era apenas o maldito omegazinho filho daquela ômega imunda que o abandonou, por fim eu era odiado também por ser um ômega macho, o que era raro e para muitos considerado uma aberração, um erro da natureza e óbvio que nenhuma fêmea gostaria de se acasalar com um alfa que gerava filhos defeituosos como ele.

Na escola todos fechavam os olhos para a situação, professores fingiam não ver, alunos alfas e betas não ligavam e encaravam com certa "normalidade", as ômegas me excluíam por ter sexo diferente e assim seguia minha vida, sendo motivo de piada para uns e invisível para outros, sofrendo principalmente pelas mãos dos três mais populares da escola, os alfas idiotas, babacas e cruéis.

Como único recurso me limitei a fazer a mesma coisa todas as noites, chorava clamando ajuda a deusa Luna na esperança de um dia me ver livre de todos eles e ela me atendeu, anos depois eu consegui ingressar na melhor faculdade do pais onde a taxa de aceitação de ômegas era extremamente baixa, porem eu consegui não somente ser aceito como também uma das melhores notas e isso me garantiu uma bolsa integral para bancar os estudos, assim eu parti rumo a independência na expectativa de ser um novo eu, um novo Benjamin, três vezes mais forte, três vezes melhor, três vezes mais ômega... sem olhar para trás e cortando o único laço que ainda tinha, com meu "pai".

Anos se passaram, me formei como melhor da minha turma e logo consegui ser efetivado no pequeno escritório onde fiz meu estágio, uma pequena associação entre um casal de advogados betas e outros advogados já velhos e sem muito prestigio, logo de cara explorei o nicho de casos que todos não se interessavam, os casos relacionados a ômegas, assumi inúmeros processos que sempre foram tratados com descaso por todo judicial, no primeiro ano venci vários casos e tripliquei a renda anual do pequeno escritório que agora recebia propostas de casos do país inteiro, com o passar do tempo ganhei tantos casos que comecei a ser conhecido por ômega invicto e por esse motivo os sócios decidiram colocar o meu nome como principal no agora famoso escritório, "Benjamim Albuquerque e associados" e com meu lucro me tornei sócio majoritário do que hoje se veio a ser um dos maiores escritórios do mundo especializado na defesa de ômegas, sendo requisitado quase que exclusivamente por ômegas desamparados por quem deveria exercer a lei.

Hoje, sou dono de um grande prédio na área central da cidade que sedia meu império, nele dois andares são destinados ao meu escritório com mais de cem advogados associados, um para a minha construtora e os demais andares são alugados por outras empresas de diversos setores, enfim, me tornei um dos ômegas mais influentes da atualidade, temido como ômega de ferro por meus adversários e alvo de muitas propostas de relacionamento porém sobre isso dispenso, sou melhor sozinho e jamais me entregarei a um alfa, faço uso constante de inibidores desde o meu primeiro cio, nunca tive relações sexuais e me manterei assim até morrer.

Esse sou eu, o omegazinho que se tornou um grande ômega de ferro.










Agradeço quem leu ate aqui *--*

Ate o próximo capitulo!

<3

Ômega TriOnde histórias criam vida. Descubra agora