-Desculpa senhor Benjamin, sei que fiz errado porém foi a única maneira que encontrei de conversar com o senhor e até onde sei precisamos conversar seriamente -Respondeu calmamente ignorando minha raiva e se colocando de pé com os meus documentos ainda em mãos.
-Não temos assuntos a tratar. -Rebati tentando fugir do inevitável enquanto caminhava até minha cadeira enraivecido.
-Creio não ser verdade já que o senhor carrega uma marca minha em seu pescoço. -Retrucou enquanto me acompanhava com olhar.
-Não sei do que está falando. -Sentei-me na cadeira o ignorando.
-Não se faça de desentendido, não somos mais crianças e eu não sou mais aquele adolescente repulsivo! Eu amadureci e me tornei um homem, agora preciso arcar com as consequências dos meus atos!
-Eu não acredito e não ligo para essa sua "moralidade" tardia, esqueça aquele episódio, siga a sua vida, case-se com a sua noiva e me deixe em paz! -Respondi pausadamente para que não houvesse dúvidas em minha decisão.
-Que loucura! -Suspirou pesadamente. -Você está se ouvindo? Estamos falando de uma marca... uma ligação eterna entre almas...
-Eu não ligo! Eu odeio você e jamais serei o seu Ômega! -Gritei expelindo toda minha frustração enquanto me erguia da cadeira.
Por longos minutos ele permaneceu petrificado no lugar como se tentasse não acreditasse no que havia ouvido, entretanto tenho certeza que internamente o seu lobo o martirizava já que provavelmente o mesmo o culpava por estar sendo rejeitado pelo seu Ômega.
-Olha, eu... -Começou a dizer com a voz ferida. -Eu... sinto muito, de verdade. Eu fui um merda com você no colegial e mesmo antes de tudo isso eu sonhava com a oportunidade de um dia poder pedir perdão a você... -Murmurou com sinceridade deixando sua cabeça cair com vergonha. - Eu tentei localizar você alguns anos atrás mas não o encontrei, tinha perdido as esperanças mais aí o destino vem dá uma rasteira dessas... eu também não estou feliz em como tudo isso ocorreu, terminei o meu noivado com a mulher que amo há anos, uma união que batalhei muito pra conseguir realizar... -Confessou erguendo seus olhos, marejados. -Mas tudo bem, o fato agora é que eu sou um dos seus alfas e nossas almas estão ligadas pela eternidade, porém não vou forçar você a nada, não cometerei os erros do passado pois eu mereço seu ódio, mas quero que saiba que vou me redimir, eu estou aqui se precisar... -finalizou bem baqueado, um lobo de orelhas baixas completamente submisso a seu ômega.
O silêncio se instalou por um breve momento e percebendo que não haveria resposta minha ele decidiu se retirar, chegando na porta quando se lembrou dos papéis na mão e voltou para me entregar com um olhar ainda sofrido.
-Tomei a liberdade de ler este caso tão comentado aqui no escritório, com certeza o João é um idiota por não o levar a julgamento -Comentou. -Peça as gravações das câmeras de segurança do colégio, tenho certeza que ira mostrar muita coisa relevante ao caso e ouso dizer que serão suficiente para convencer todo júri da verdade e vencer o caso. -Argumentou caminhando de volta a saída.
-Por que diz isso? -Questionei, de fato não havia pensado nas câmeras.
-Porque eu também fui um babaca como estes aí, sei como pensam -Respondeu com cansasso na voz, parado na porta. -Só tive a sorte de não provocar um fim trágico como eles -Argumentou com um sorriso envergonhado. -Fique bem senhor Benjamim, agora mais do que nunca me preocupo com sua paz.
Minutos depois de sua partida ainda me encontrava paralisado no mesmo lugar tentando absorver tudo que havia acontecido. Decidi encerrar o expediente mais cedo aproveitando para passar na mesa do João.
-Ainda sem progressos no caso? -Questionei provocando um leve susto pela surpresa.
-Mas vou resolver senhor, eu vou encontrar algo...
-Não tenho tanta certeza, por isso amanhã estou designando outro advogado para agir em conjunto com você e isso não é um pedido. -Disse a ultima parte com mais seriedade.
-Si-sim senhor. -Gaguejou com um semblante serio mais ainda sim acuado, com certeza ele me odiava.
Sai com um sorriso ameaçador, adorava colocar meus subordinados em seu devido lugar, principalmente quando fazia com que seu único mecanismo de defesa se tornasse obsoleto para mim, era deliciosamente gratificante ver toda pomposidade de um alfa se esvair com total frustração, afinal foram anos e anos resistindo a torturas pela voz de comando dos alfas.
No caminho para o estacionamento enviei uma mensagem a minha secretária Carla pedindo quê mudasse a função de Gustavo e que o encarregasse de auxiliar João no caso, como sempre enfatizei para transmitir a mensagem de que não se tratava de um pedido. Eu adorava essa parte da minha vida.
Boa noite!
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Ômega Tri
WerewolfUm ômega machucado pela vida, três alfas babacas em busca de redenção e o destino que os uniu.