irmã

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Ainda estava deitado com meus alfas quando uma ligação me obrigou a levantar do pequeno ninho onde eles ainda dormiam profundamente, mesmo com a dificuldade em me desprender de tantos braços consegui me levantar antes do toque se encerrar.

- Olá senhor, tenho algumas notícias para repassar. - Anunciou Carla transparecendo preocupação mesmo através da ligação.

- Sou todo ouvidos, Carla... - Sussurrei olhando brevemente para os três.

- A equipe de segurança já nos informou sobre avanço dos nossos inimigos e nesse momento estão seguindo um dos suspeitos.

- Eles estão sendo tão descuidados a esse ponto? Toda essa arrogância... - Bufei amaldiçoando mentalmente por me obrigarem a acelerar meus planos. - O que fizeram exatamente desta vez?

- Bem, senhor... - Disse com uma cautela que me alertou. - Aparentemente um dos membros daquele grupo seduziu a senhorita Nat planejando usar dessa conexão para atingir o senhor, entretanto a senhorita deve ter desconfiado de algo e por conta própria questionou o homem sobre suas motivações, eles estavam no que seria um encontro no parque segundo a segurança e após as confirmações o homem fugiu do local  deixando a senhorita Nat bastante abalada... Nesse momento ela está a caminho da sua residência senhor...

Nem tive muito tempo para processar a informação pois assim que olhei para a entrada do jardim me deparei com a sua presença visivelmente desolada e como se finalmente fosse permitido se libertar, as lágrimas surgiram como cachoeira acompanhadas de soluços agudos, comoventes, transparecendo toda dor que vinha do seu coração enquanto simplesmente permitiu seu corpo cair assumindo a postura de uma criança, se abraçando com urgência  na tentativa de diminuir sua agonia e inconscientemente me lancei a correr até ela na esperança de proteger-la, mesmo não sendo a primeira vez jamais havia visto uma versão tão frágil da minha irmã, diferente de mim ela sempre escolheu acreditar que relações amorosas como a dos nossos pais ainda poderia existir...
Não perguntei nada e ela não me nada disse, só a abracei o mais forte que consegui e permaneci até que ela se sentisse capaz de  levantar, ouvindo seu choro e sendo o mais complacente possível com sua dor enquanto tentava ignorar toda minha raiva, desejava dividir a carga pelo mínimo que fosse só pra que não afetasse seu sorriso ou que quebrasse seu coração.

- Eu estou com medo... - Sussurrou ela com uma voz trêmula, permaneci em silêncio respeitando seu tempo. - Todo mundo diz que péssimas experiências nós servem para fortalecer nosso espírito, nosso coração... - Continuou tentando conter os soluços. - Mas a verdade é que sempre que somos feridos nesse processo, uma parte  nossa se perde e deixa de existir... Eu não sei mais quem vou ser no futuro, não sei mais se existe alguém certo pra mim, não sei nem se ainda sou capaz de amar! - Gritou como se estivesse liberando tudo que estava preso a tanto tempo.

Eu não sabia o que dizer, sempre fui tão cético quanto a isso e naquele momento onde claramente necessitavam de conforto eu não sabia como proceder, diferente das outras vezes ela não mantinha seu discurso de esperança em encontrar o seu companheiro ideal.

- Eu estou gradativamente perdendo minha inocência, á mais medo e incertezas em meu coração do que esperança em encontrar alguém que realmente queira viver comigo apesar de quem sou e por quem sou! A cada tentativa frustrada eu perco minhas cores, e se... Um dia eu realmente encontrar alguém que merece estar comigo, ainda restará cores em mim pra colorir? Sinto que estou me tornando cada vez menos eu! Não quero ser uma companheira com o coração cheio de malícias e incertezas, não quero ser alguém que constrói tantas barreiras ao redor de si que acaba se isolando, não quero perder minhas cores irmão! Não quero! - Expeliu tudo em desespero me confidenciando todo medo que trazia consigo.
A impotência que a situação me causava quase me fez sucumbir por um breve momento porém precisava permanecer firme por ela, eu precisava encontrar forças para apoiar seu eu mais frágil e de repente a força veio através das minhas marcas, de alguma forma eu sentia que mesmo sem se moverem do lugar eles estavam me abraçando, eu não estava mais sozinho e não deixaria minha irmã só, ainda que não conhecesse palavras, iria acalentar seu coração com o calor do meu.

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