Nosso ômega.

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- Porra, nós somos os piores! Que merda! - Gritou Rafael chutando um grande pedregulho com toda força para o mar, nos surpreendendo ao mesmo tempo que sentimos aliviados por a praia estar vazia. - Eu quero nosso Ben de volta, quero nossos filhotes com a gente! Eu quero nossa família com a gente! - Grunhiu desesperado enquanto ainda secava suas lágrimas, com movimentos descompensados.

- O que nós fizemos? - murmurou Pedro com arrependimento. - Um minuto... Se nós tivéssemos nós manifestado um minuto antes...

- De nada adianta nos culpar agora. - Adverti recebendo um olhar furioso de Rafael enquanto Pedro apenas me ignorou.

- Vai se fuder! Não vem agora querer dar uma de equilibrado porque se você fosse tão inteligente como sempre se orgulhou, tinha nos impedido de fazer merda quando aquele idiota do nosso sogro fez merda! - Grilunhiu Rafael apontando o dedo com irá nos olhos.

- E agora a culpa recai sobre mim? - O enfrentei.

- Não seu idiota filho da puta! A culpa é claramente de nós três porque sempre fomos uma espécie de irmandade bizarra que inclusive compartilha o mesmo ômega, porém você sempre foi o mais esperto de nós três então é óbvio que sempre esperamos que você fosse nos frear diante de merdas como essa que aconteceu!

- Você não pode estar falando sério! - Gritei com indignação e culpa, assim que Pedro se pôs entre nós dois.

- É claro que não! - Admitiu Rafael caindo sentado e se rendendo a um choro de desespero. - Como eu poderia te culpar por eu ser tão estúpido? - Confessou enquanto se debatia com raiva e remorso. - Eu nunca me interessei por ele antes disso e nem por ninguém antes dele! - Gritou enquanto se confessava. -Eu nunca me arrependi verdadeiramente das merdas que fiz com ele até sentir sua primeira emoção compartilhada através da nossa ligação, era repulsa... Pela primeira vez eu me coloquei no lugar de alguém que não fosse eu naquele dia... E querem saber? Eu me odiei! - Confessou deixando toda mágoa sair em formas de lágrimas, descompensadas. - E quando eu ouvi o batimento dos coraçõezinhos dos nossos filhotes... - Afirmou deixando um leve sorriso escapar nos trazendo nostalgia de um dos dia mais feliz de nossas vidas e consequentemente fazendo eu e Pedro sorrir também. - Eu decidi que naquele dia eu faria tudo, exatamente tudo pra ser um bom alfa pra eles e vocês sentiram isso, tenho certeza que sim... Porém eu falei e não posso culpar ninguém além de mim por isso... A deusa sabe o quanto eu só queria aquele pequeno agora em meus braços... Sentir aquela barriguinha que já estava crescendo...

Nesse momento todos abaixamos nossas cabeças e nos apoiamos enquanto deixavamos as lágrimas cair em arrependimento, pois não existia maior agonia do que não ter sua família consigo. Assim ficamos por muito tempo enquanto o vento se tornava cada vez mais frio e quando finalmente as lágrimas pararam nós retornamos a casa do nosso Ben, entramos pela cozinha e todas as luzes estavam desligadas com exceção do bar, completamente revirado enquanto uma figura se mantinha a seu cuidado, visivelmente abalado e solitário Mark nos percebeu com olhos vermelhos e inchados, ele poderia ter dito alguma coisa ou nós poderíamos ter nos queixado porém não havia forças pra isso, ainda em silêncio nos aproximamos do pequeno balcão ficando de frente pra ele que sem cerimônia colocou três copos distribuídos sobre o mesmo nos servindo uma bebida logo em seguida... Ninguém disse nada pelas próximas horas, tão rápido ingerimos inúmeros líquidos em contrapartida expelindo um mar de lágrimas... Nunca em nossas memórias houve um dia como aquele e pra piorar Pedro subiu ao quarto trazendo consigo logo em seguida o cobertor que nosso pequeno havia usado na noite anterior, na noite mágica em que fizemos amor pela primeira vez, digo isso pois no elevador foi apenas instinto mas naquela noite havia desejo e carinho...

- Ontem ele havia aceitado a gente pela primeira vez! - complementou Rafael pela nossa ligação.

- E foi nossa primeira vez vendo aquelas expressões de carinho e desejo... - Acrescentou Pedro. - Instantâneamente me tornei viciado nelas.

- É impensável que nós nos sentiríamos assim por alguém e ainda por cima o pequeno Benjamin Albuquerque... Quão louco deve ser o senso de humor da deusa Luna? - Questionei tristemente. - Eu só quero eles com a gente...

Instintivamente nos abraçamos ao cobertor buscando os feromônios do nosso ômega e isso não passou despercebido pelo nosso sogro.

- A transportadora trouxe a pouco todo mobiliário do quarto dos filhotes, minha filha Nat tinha preparado uma surpresa porém... - Disse Mark com uma voz pesarosa chamando nossa atenção. - Já que estamos só nos três aqui, gostariam de montar o quarto comigo? - Perguntou em um sinal de trégua.

- Seria uma grande honra. - Respondemos em uníssono sem nem mesmo discutir previamente.

E naquela noite nós quatro não brigamos, apenas subimos as inúmeras caixas e ferramentas para o quarto ao lado do nosso e montamos o berço junto com todos os móveis, carrinho e objetos decorativos, entretanto foi só após uma hora de atividade que percebi o telefone de Rafael posicionado no canto do quarto registrando toda nossa atividade, pensei em questionar porém tinha a certeza de porque e para quem ele enviaria esse registro, esse pensamento me pegou desprevenido me fazendo sorrir para câmera como se do outro lado da lente aquele pequeno e importante ser estivesse me vendo, talvez por isso me veio a brilhante ideia de tornar tudo mais especial, então me aproximei de uma caixa onde havia notado uma linda moldura de prata com uma imagem simples, retirei a parte de trás para aproveitar os papéis em branco e alcancei uma caneta especial que estava em meu bolso, era um presente de família, destampei a parte mais grossa que produzia letras similares as usadas na época medieval e me aproximei de Mark que até então estava ocupado desembalando alguns lobos de pelúcia, estendi a folha com a caneta recebendo seu olhar de curiosidade porém o mesmo logo os pegou sem questionar.

- O primeiro nome será Quinn... - Disse deixando claro minhas intenções provocando uma reação emocionante logo que ele percebeu do que se tratava.

Com uma respiração cortada por um soluço reprimido Mark se apoiou no trocador para escrever o nome do nosso filhote e admito que sua caligrafia foi digna admiração, mesmo que suas mãos estivessem um pouco trêmulas.

- O segundo será, Sol. - Informou Rafael com um sorriso orgulhoso enquanto acompanhava o pequeno nome ganhar forma naquele preciso papel.

- E o último, Zion... - Disse Pedro se aproximando com a moldura e entregando assim que Mark finalizou a escrita.

Com sorrisos tímidos mas orgulhosos por termos nos unido na preparação do quarto, admiramos Mark enquanto pendurou a moldura na porta e soubemos naquele momento que esse era o propósito que nos ligaria por toda vida, o propósito de fazer nossa família feliz e talvez fosse pela esperança de fazer melhor no futuro ou talvez por perdoar e nos entender que acabamos nos abraçando para contemplar o quarto dos nossos filhotes, dos nossos pequenos tesouros...

A partir daquela noite nós três acampamos no quarto dos nossos filhotes pois não conseguimos dormir naquela cama sem o Ben. Nossos dias eram cheios de súplicas por informações da nossa família ao Mateus que mesmo chateado nos respondia o necessário, garantindo que estavam bem e cada dia mais saudáveis e isso nos mantinha. Nas semanas que se seguiram eu acabei desempenhando um papel mais administrativo no escritório já que a notícia de eu ter me tornando um dos alfas do Ben já não era mais segredo a ninguém, tentei me empenhar em manter as coisas como ele havia deixado e inclusive assumindo muitos dos seus casos. Pedro se dedicou incondicionalmente a sua empresa e rapidamente conquistou um novo patamar de serviços, com o apoio da construtora do Ben e da Nat ele optou por projetos mais modernos e assim conquistou mais clientes, o que possibilitou uma melhoria na sua esquipe mas infelizmente essas boas novas não se estendia a dona Paula, pelo contrário, estávamos pisando em ovos com ela há semanas e nem tínhamos expectativas de nos entendermos... Já Rafael, enfim conseguiu sua liberação da herança, soubemos que foi uma das medidas que o Ben havia tomado anteriormente em segredo e graças a isso Rafael foi quem mais nos surpreendeu, dia e noite ele tem se dedicado a abrir seu próprio restaurante onde ele atuaria não só gerenciando como também esperava melhorar seus dotes culinários... Tudo para nossos bebês e o Ben.
Nat e dona Lúcia mesmo chateadas voltaram a falar conosco aos poucos e assim meses de saudade e agonia foram se seguindo, afogados por trabalho e tentativas frustradas em vê-lo, até que...

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E de repente um capítulo pra vocês 🤭
Espero que gostem!
No mais, quero deixar meu apoio a democracia.
Beijos e até a próxima 😊😘

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