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Alfonso foi para o escritório e bolava uma estratégia que pudesse adiar as coisas em relação ao processo de guarda da filha. Ele não achava que ia perder, alias ele tinha certeza que não. Só que com tudo que estava acontecendo ele balançava nessa opinião, às vezes. Quando ele subiu, já tarde, colocou Nicole na cama dela e esperou um pouco, fazendo carinho em seus cabelos para ver se ela não acordava. Vendo que isso não aconteceria entrou no quarto de Alice e a viu dormindo, abraçada com a mãe, que acariciava sua cabeça, de olhos fechados.

Alfonso sussurrando – Ei... - Sentou na ponta da cama e acariciou a perna da mulher,

Anahí – Oi.

Alfonso – Dormiu?

Anahí – Não só que quis ficar aqui, sinto que estou ausente com Alice. - Sentou depois de acomodar a filha.

Alfonso beijou sua mão – Cansada? - Ela assentiu. - Vem dormir. - Os dois levantaram, apagaram a luz e encostaram a porta. - Estudou?

Anahí – Não. Não to com cabeça pra faculdade. - Entraram no quarto e ela tiou as cobertas.

Alfonso – Precisa se formar Any.

Anahí – Eu sei, mas já passei em quase tudo só faltam as provas finais. - Se deitou e ele acompanhou, a abraçando por trás e então ela suspirou se apertando a ele. - Que delícia ficar assim, nem que seja um momento pequeno.

Alfonso – Não dá vontade de dormir e não acordar mais? - Perguntou baixinho, o rosto acomodado no pescoço dela.

Anahí – Sim. Se eu não soubesse que tudo vai passar, eu juro que ia dar um jeito de isso acontecer.

Alfonso – Nunca. Eu nucna ia deixar. - Fecharam os olhos. - Não pode esquecer que eu te amo.

Anahí – Eu também amo você. - Enlaçou os dedos nos dele, que estavam em cima de sua barriga e acabaram adormecendo.

Depois de um mês, lá estavam eles, na sala de Alejandro, que estava acompanhado por Sérgio.

Anahí – E então?

Alejandro – Os quimioterápicos não foram suficientes.

Alfonso – Isso quer dizer que...

Sérgio – Que ela vai ter que passar pela quimioterapia. - Anahí deixou a lágrima que segurava cair e apertou a mão do marido mais forte.

Alfonso derrotado – Ok. - Ele já sabia. A filha andava se sentindo mal nos últimos dias, sabia que não estava curada.

Anahí – Quando ela começa?

Sérgio – Vamos dar três dias e então ela começa. Duas vezes por semana.

Alejandro – Devem estar cientes de que os sintomas podem piorar com isso e que muita coisa vai ter que mudar no dia a dia dela, mais do que antes. Ela estará ainda mais vulnerável a bactérias, melhor não ir ao colégio durante o tratamento, pelos sintomas, pela exposição em tempo integral a bactérias. Enfim... Tudo que conversamos no começo esta valendo ainda.

Alfonso – Ok. Então... Ok. - Anahí o olhou e alisou seu braço.

Os dois médicos explicaram tudo que Nicole poderia sentir, os dois ouviram atentamente. Sairam de lá calados, chegaram na casa de Armando calados para buscar as filhas, que já dormiam, e foram para casa mais calados ainda. Na hora de dormir tudo que conseguiram foi ficar abraçados e pareceu suficiente para que soubessem que não estavam sozinhos, de novo. No dia da primeira quimioterapia dela, eles conversaram com as filhas, explicando que Nicole teria que ficar em casa um tempo, sem ir ao colégio. As duas não entenderam, as duas choraram, as duas insistiram pedindo e só pararam quando Alfonso teve que ser um pouco mais duro para falar. Deixaram Alice no colégio e ela esperou do lado de dentro eles irem embora, dando tchauzinho, enquanto Nicole grudava no vidro correspondendo. Anahí respirava fundo e olhava para cima, querendo não chorar quando entraram no hospital. A filha dando a mão para o pai.

Never Gonna Be Alone  (Finalizada) Onde histórias criam vida. Descubra agora