Inesperada | ⚢

Capítulo 2-Festa do pijama.

Volto à nossa... Bem, ao meu apartamento. É meu agora, ou acho que também poderia ser dela? Vamos ter que conversar sobre isso. Ela saiu, então na lógica eu fico com ele. Eu adoro a minha casa. Ela guarda muitas lembranças da Gwen, mas eu não quero abrir mão dela.
Eu mal passo pela porta e o silêncio me atinge como um tijolo. As luzes estão apagadas, mas a sala está vazia e fria.
Eu estremeço. Eu vou tomar banho amanhã. Eu realmente não tenho energia agora. Eu só quero me aconchegar no meu pijama e esperar pela Letícia.

Quando entro no quarto, paro quando vejo nossa cama king size intocada, vazia. E pensar que escolhemos esta cama quando nos mudamos, pensando que poderíamos ter filhos algum dia. Imaginamos eles aparecendo no domingo de manhã, pulando na cama e pedindo café da manhã. Em vez disso, a cama acabou sendo um deserto. Mesmo que quiséssemos, nenhuma criança poderia estar pulando aqui e nem atrapalhando nossas noites de intimidade. Afinal nem mesmo sexo fazíamos mais. Tinhamos tudo para ser felizes juntas, e ainda tenho a impressão de que, quando nos mudamos para cá, longe de nossos lofts de secretária e estudante, nos perdemos. Quando abro o armário para pegar meu pijama, percebo que está quase vazio. Só as minhas roupas estão nele. Os vestidos da Gwen se foram. O mesmo aconteceu com suas calcinhas e cintas-liga. Então ela planejou tudo? Como eu não percebi que ela estava pensando em me deixar? Você não pode esvaziar um armário em apenas algumas horas. Isso foi premeditado!

Pego meu macacão de lã, um presente da Letícia, é claro. Eu nunca ousei usá-lo na frente da Gwen. Embora pudéssemos estar distantes, eu ainda tentava ser sexy para ela. Fecho a porta do armário e de repente sou confrontada com meu próprio reflexo. Pobre mulher, uma verdadeira maria mole. Trinta e um anos e você não pode segurar uma mulher! Quando ela levou suas coisas, é como se a Gwen tivesse levado o meu coração. Uma ferida aberta pesa no meu peito e não posso continuar me torturando olhando para o vazio que ela deixou para trás. Visto meu pijama e quase começo a rir ao ver o chifrinho brilhante no meu capuz. Pelo menos eu sou um unicórnio! Eu ligo para minha pizzaria favorita. Mal falo meu nome e eles recitam meu pedido habitual. Eu tenho que admitir, eu não sou muito imprevisível quando se trata de comida. Não vou precisar esperar muito: A pizzaria é na esquina e os entregadores sempre colocam meu pedido como um dos primeiros. Ligo a TV quando volto para a sala de estar. O silêncio é demais para suportar. Todo barulho parece suspeito, até os passos dos vizinhos no andar de cima. Percorro os canais, mas, como sempre, não tem nada de bom. Reality Shows, Game Shows, filmes de comédia baratos... Paro no noticiário como ruído de fundo. Pego meu notebook e me conecto à rede Fitscher Corp. O logotipo aparece e eu estou no servidor em segundos. Mergulho de volta nas contas para captar qualquer pontinho que eu possa ter passado despercebida. Uma notificação por e-mail chega.

É a Gwen? Lamentando sua decisão? E se for ela?

Corro para verificar minha caixa de entrada. Meu coração está batendo tão forte que posso sentí-lo em minha garganta. Infelizmente, não é a Gwen, nem boas notícias... É minha mãe.
Eu leio sua mensagem curta e as coisas descem ladeira abaixo rapidamente.
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Atlanta
Quinta-feira
23:44 pm

Aida Johnson: Oi, querida como vai? Como está o trabalho? Sempre soube que conseguiria uma boa promoção! Saiba que estamos bem, suas irmãs também! Jodie arrumou um namorado novo e Ayla está comemorando cinco anos com o Jaiden. Enfim, gostaria de saber como estão as coisas com a Gwen... Esse ano ela poderá vir para o Natal? Sei que ela é ocupada, mas eu estou pensando em preparar algo especial. Do que ela gosta?
E os filhos que vocês prometeram, seria incrível ter de presente de natal alguns netinhos! Vocês prometeram! Espero que sim! Um beijo querida, se cuide! Te amamos, beijos de Atlanta.
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