Inesperada | ⚢

Capítulo 9-Podemos superar?

Um solavanco no ar nos faz colidir uma com a outra. O universo está contra mim! A Allyson se afasta. Envergonhada, ela passa a mão pelo cabelo e olha para mim sem dizer uma palavra. Ela se arrependeu? Ela sentiu essa atração e desejo inexplicável entre nós? Continua aumentando?

-Sinto muito, Peyton.-A Allyson se endireita e se vira para se sentar. Ela afivela o cinto de segurança, mantendo contato visual comigo o tempo todo. Sentada perto, posso ver que ela está tentando avaliar a situação. Mas acho que deixei bem claro que tenho desejo por ela e a queria. Talvez ela ache que meu desejo tenha sido motivado apenas pelo intenso medo que eu estava sentindo. Que tudo isso realmente me fez perder o controle das minhas ações. Mas se eu pudesse voltar no tempo, faria tudo de novo. Nunca, e quero dizer nunca, senti algo assim.

Enquanto nos sentamos frente a frente, noto que meu medo de voar desapareceu! É quase um milagre! Se você tivesse me falado que um beijo, quero dizer, um beijo incrível, eliminaria meu maior medo, eu teria entrado em ação muito antes! Mas nada teria sido tão intenso quanto o que aconteceu com a Allyson. Nada. Minha respiração voltou ao normal e meu coração a um ritmo aceitável. Mas, por dentro, um fogo queima. A Allyson acendeu uma chama em todo o meu ser, e espero que ela consiga apagar.

Horas depois...

Após um voo de oito horas, finalmente chegamos ao nosso destino. O jatinho pousa na pista em uma aterrissagem quase perfeitamente suave, e eu abro meus olhos nesse exato momento. Faço contato visual com a Allyson, que já está olhando para mim. Ela desvia o olhar, mas eu a vi. Nós não trocamos uma palavra desde que nos beijamos. Beijo parece uma palavra tão decepcionante para o que aconteceu! Nunca fui beijada assim, nunca me entreguei a tanta emoção. Não sei se está relacionado ao ataque e ao meu medo de voar ou não, mas nosso beijo foi simplesmente mágico. Assim que nossos lábios se tocaram, foi como se eu fosse transportada para outra dimensão. Ainda estou convencida de que, mesmo sem toda essa adrenalina, nosso beijo teria sido tão intenso. Não consigo realmente dizer como me sinto ou o que senti enquanto nos beijávamos. Essa coisa toda é tão estranha! Estranha a ponto de eu não ter conseguido falar com ela durante todo o voo. Eu dormi a maior parte do tempo e, nas poucas vezes em que acordei, fingi estar dormindo, para não precisar falar com ela. Isso é muito estranho! A situação é tão desconfortável e, dada a maneira como ela desvia o olhar de mim, tenho certeza de que ela também está se sentindo estranha. A menos que eu esteja imaginando coisas! Eu não sei o que fazer ou dizer. Não tenho ideia de como devo agir agora.
Solto o cinto de segurança e levanto-me com a firme intenção de falar com ela. Não pego minhas coisas, apenas me aproximo dela. Mas a Allyson não parece afim de conversar: Ela vira as costas para mim enquanto coloca o computador na mochila. Ela finalmente se vira e me olha envergonhada, passando a mão pelos cabelos.

-Peyton, precisamos conversar...-Eu odeio essa frase! É o começo de um discurso que diz que as coisas não estão bem e termina com: "É melhor continuarmos amigas". Eu entendo neste momento que ela realmente se arrepende do nosso beijo. Mas não vou deixá-la acreditar que me arrependo do comportamento dela! O momento que compartilhamos foi o mais requintado que já tive na minha louca vida! Então não! Está fora de cogitação.

-Olha, Allyson, você não precisa fazer isso.

-Sim, desculpe, eu não deveria.-Como posso dizer a ela que sou adulta, já tive todas as minhas chances, estava completamente sóbria e capaz de dizer não se quisesse? Pelo que ela está dizendo, é como se eu fosse uma zumbi, hipnotizada por seu apelo sexual. Eu ajo indiferente e ponho a mão no meu quadril, olhando para ela e me sentindo segura. Eu vou tentar utilizar alguns dos conselhos que dei a Letícia quando ela estava no começo de sua história com a Reagan, ser indiferente e tentar aproveitar as coisas como elas vem para você, sem preocupações.