Oliver olhava para seu reflexo no espelho, admirando o uniforme de sua nova escola. Era esquisito vestir um terno mesmo sendo tão novo, era a primeira vez que ele usava uma roupa social. O conjunto preto só era contrastado pela camisa branca por baixo. Como sua vida tinha mudado em tão pouco tempo.
— Então você ainda está aqui Oliver? — perguntou Dona Rute ao entrar de surpresa no quarto.
Por alguns segundos a velha senhora que havia passado anos trabalhando para dar sustento ao neto observou cada detalhe do neto, agora um adolescente que seguia para a vida adulta. A roupa, o quarto e a oportunidade que se apresentava era maior do que havia pedido em suas orações secretas.
— Vó Rute, a senhora sabe quem pediu esse terno? — perguntou o garoto enquanto se olhava no espelho.
Dona Rute sorriu para o neto.
— Acha que teria mais alguém nessa casa que conheceria seu número melhor que eu? É claro que não.
— Quando a senhora comprou isso?
— Eu encomendei no dia que recebi a notícia que você iria estudar aqui.
Oliver pareceu um pouco surpreso.
— Como sabia que eu ia aceitar estudar nessa escola?
— Tive fé — respondeu ela com a velha serenidade.
Oliver sorriu. Sua avó sempre falava de fé, como se todos os problemas do mundo pudessem ser resolvidos com fé.
— Vamos tomar café, Vó?
— Vamos — respondeu ela.
Devagar ambos desceram as escadas em direção a cozinha. Pela primeira vez em muito tempo Oliver estava feliz. Era como se um misto de medo e animação invadisse seu coração.
Ao entrar no cômodo encontram as três figuras que começavam a fazer parte da família, Marie de Savoy, a cozinheira que preparava o café e o cortava os pães enquanto assistia um programa sobre política nacional, Elena Medvedev, a governanta, e Maryna sua neta.
Ao ver Maryna uniformizada, uma sensação de felicidade invadiu Oliver, os dois trocaram um rápido sorriso. Elena percebeu e limpou a garganta tentando desligar a conexão.
— Madame Rute, o que você faz aqui? — perguntou Elena — já disse que a senhora e seu neto devem sentar na sala de jantar.
— Eu não vou comer lá sozinha... — disse Dona Rute pegando um pão das mãos da cozinheira.
A cozinheira começou então a discutir com Dona Rute em francês, Elena sempre sóbria apenas bebia seu chá tentando ignorar a discussão.
— Maria, já falei para você não falar essa língua esquisita. Eu não entendo nada — disse Rona Rute.
Elena tentou conter o riso.
— Você está do lado dela de novo, Elena? — perguntou a cozinheira furiosa.
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O Filho do Barão [COMPLETO]
Aktuelle LiteraturOliver sempre soube muito pouco sobre o pai, sua única informação se resumia ao fato dele ser um estrangeiro que engravidou sua mãe e desapareceu sem deixar rastros. Após anos desaparecido seu pai ressurge de maneira inesperada e em um momento de g...