Capítulo 4 - Vingança por Telefone

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     Na sala de aula assim como em boa parte da escola só se falava sobre os três carros escuros que haviam conduzido Oliver no início da manhã. Foi nesse momento que começaram os boatos que em poucas horas seriam espalhados por todas as classes.

     "Ouvi dizer que foram cinco carros e um homem armado saiu de um dele".

     "Dizem que depois que apanhou do Júlio, o Oliver pediu para amigos dele da máfia".

     "Claro que não. Aquilo ali é a polícia disfarçada porque o pai do Júlio é poderoso e tem contato com políticos. Por isso a polícia está ajudando o Oliver."

      Em alguns cochichos diziam que Júlio havia planejado dar outra surra em Oliver quando ele voltasse para a escola, mas quando viu os carros e os homens de terno preto havia fugido de medo — uma quase verdade ao menos.

     Na sala de aula Oliver procurava não falar no assunto. Temia que se descobrissem a realidade pudesse voltar a sofrer bullying nas mãos de Júlio e sua mini-gangue. Entretanto uma imagem não conseguia sair de sua mente, o momento que o homem chinês cochichou no ouvido do agressor e o pânico invadiu seus olhos. O que será que eles tinham conversado? O que faria alguém como Júlio que não respeitava a autoridade dos professores, que não tinha tido medo nem mesmo da polícia ter seu rosto tomado pelo pânico?

     O Oliver estava perdido em seus pensamentos quando sentiu a fisgada no braço. Era Rui sentado ao lado de sua carteira, tentando descobrir mais sobre os carros e os seus "novos amigos".

    Dona Amélia olhou séria para os dois enquanto tentava explicar sobre a influência gravitacional dos corpos celestes durante a aula de física.

     Rui disfarçou pedindo a borracha emprestada, mas não antes de sussurrar para o amigo.

     — Uma hora eu vou descobrir o que você esta escondendo.

     Oliver normalmente era distante e relativamente reservado. Falava pouco sobre os problemas de casa ou com outros alunos. Porém baseado nos seus quase três anos de convivência Rui arriscaria dizer que seu amigo estava estranho, mas estranho que o normal.

     Apesar de ser ridículo, aquilo parecia confirmar os boatos maldosos.

     Para começar, se recusava a falar sobre os carros e a identidade das pessoas neles. Além disso, de tempo em tempo olhava para a janela com o pensamento nas nuvens.

      Aquilo era esquisito... Esquisito demais, até para Oliver.

     — Ainda não desisti de saber sobre aqueles italianos... — brincou Rui.

     — Cara, já disse para esquecer esse assunto — respondeu Oliver fingindo prestar atenção na aula.

    — Sei muito bem que você está escondendo alguma coisa e eu vou descobrir — ameaçou Rui.

     Descobrir algo que nem mesmo ele sabia. Oliver não deixou de achar engraçado a insistência do amigo.

     Na sala ao lado, Júlio escutava furioso os boatos crescendo ao redor do cara que ele tinha tentando espancar poucas horas antes e perguntava-se como aquele morto de fome tinha contato com gente que parecia tão importante.

     Será que o delegado tinha denunciado ele? Será que Oliver tinha amigos da máfia como todo mundo estava falando.

     Impossível, seu pai havia garantido que por ele ser menor de idade não poderia ser preso, principalmente se a causa fosse uma "briguinha infantil". além disso se "morto de fome" tivesse esse tipo de amizade provavelmente não vivesse naquela cidadezinha estúpida.

O Filho do Barão [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora