Oliver caminhava cansado em direção ao quarto. Não esperava que fosse tão cansativo ser educado com pessoas desconhecidas.
Depois de cruzar com funcionários do buffet e seguranças que faziam o isolamento do local da festa, o filho do barão entrou na sala principal da mansão e caminhou rumo ao seu quarto. Mentalmente tentava lembrar do caminho até sua cama provisória.
Subiu a escada de acesso ao segundo andar, e por alguns minutos admirou a decoração do local. Diferente da mansão do seu pai, a residência tinha uma arquitetura moderna, cercada por outras casas luxuosas, mas a casa do banqueiro se destacava como uma fortaleza moderna. Por outro lado a mansão de Mikhail era cercada pela natureza, haviam árvores espalhadas e cervos caminhando livremente pela propriedade, sua segurança natural era o isolamento. Era como se cada casa refletisse um pouco da mente dos seus respectivos proprietários.
— Oliver! — uma voz familiar chamou o jovem.
Oliver virou para sua avó. Dona Rute carregava uma bandeja com dois pedaços de bolo e dois copos de suco de laranja. Parecia feliz e ao mesmo tempo cansada.
Ao ver o rosto familiar Oliver desceu e abraçou a velha senhora.
— Procurei a senhora na festa. Por que saiu sem avisar?
— A festa estava muito chata... — respondeu Dona Rute sem rodeios — Preferi ficar com a cozinheira francesa na cozinha.
— Cozinheira francesa?
— Madame Sav... Eu sempre esqueço o nome daquela encrenqueira, Oliver.
— Não sabia que estavam se dando tão bem — brincou Oliver
— Eu fui lá tentar ajudar.
— E o que ela disse?
— Disse que eu já estava deixando ela maluca.
O filho do barão riu da situação, naquele momento sentiu saudade de ver as duas discutindo na cozinha da mansão.
— Achei que tinha esquecido de mim.
Dona Rute sorriu para o neto.
— Oliver, você é meu neto... Eu não esqueceria do seu aniversário!
Ambos subiram a escada lado a lado até que finalmente Oliver pegou a bandeja das mãos da avó.
— Pensei que não ia me ajudar! — brigou Dona Rute.
Oliver riu da avó.
— Desculpe, não foi de propósito. É que eu estou cansado.
— Você está cansado? Eu tive que ajudar a limpar alguns frangos.
Oliver pensou em dizer que ela não precisava ter feito esse trabalho... Mas o medo de levar um tapa restringiu a resposta a um simples balançar de cabeça.
Caminhou devagar, acompanhando cada passo de Dona Rute, até que a porta do quarto surgiu na frente dos dois. Dona Rute abriu a porta e o neto pôs a bandeja em cima da estante.
Depois de entrar no cômodo, a avó orou pelo neto e o abraçou.
— Feliz aniversário meu neto!
Sentado sobre a cama ambos saborearam o bolo. Era confortante pensar que mesmo tão longe do Brasil, bastava a presença da avó, um pedaço de bolo e uma oração para que se sentisse em casa.
Quase terminando de comer seu pedaço, Oliver perguntou para a avó algo que o incomodava a algum tempo.
— Avó, a senhora quer voltar para casa?
A pergunta pareceu pegar a velha senhora negra de surpresa. Depois de alguns minutos pensando ela respondeu o neto.
— Eu quero... Mas não vou sem você! — respondeu a avó — Por quê?
— Porque acho que chegou a hora de voltarmos para casa.
— Tem certeza disso, Oliver?
— Acho que sim...
Oliver olhou pela janela, ainda era possível escutar o som da festa do lado de fora e ver as luzes do salão brilhando em seu esplendor.
Em silêncio, Oliver e a avó terminaram o lanche. Dona Rute recolheu os pratos e saiu do quarto.
Em silêncio, Oliver e a avó terminaram o lanche. Dona Rute recolheu os pratos e saiu do quarto. Oliver apagou a luz e deitou na cama. Sua mente era um turbilhão de pensamentos, mas antes que seus olhos fechassem um último pensamento cruzou sua cabeça... Ir para o Brasil seria o mesmo que abandonar Maryna? Seria o mesmo que abandonar o pai?
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Filho do Barão [COMPLETO]
Ficción GeneralOliver sempre soube muito pouco sobre o pai, sua única informação se resumia ao fato dele ser um estrangeiro que engravidou sua mãe e desapareceu sem deixar rastros. Após anos desaparecido seu pai ressurge de maneira inesperada e em um momento de g...