Após regressar do intervalo Oliver se desculpou com o jovem. Ele se apresentou, revelando ser de origem indiana.
— Meu nome Kabir Bahadur, peço desculpas por meu comportamento mais cedo — disse o garoto.
Era filho de um diplomata estrangeiro que trabalhava em um consulado local.
Oliver precisou conter o sorriso quando ouviu o nome do garoto.
— Sou Oliver... Sou Oliver von Ratzel.
O garoto conteve o sorriso, parecia ter achado o nome engraçado.
— É um prazer — respondeu o garoto estendendo a mão direita.
— eu digo o mesmo.
— Tenho uma pergunta para você, senhor Ratzel.
— Por favor, não me chame de senhor, eu sou só Oliver.
— certo. Então...
— Pode fazer a pergunta, Kabir.
— Você não é alemão de verdade, é?
Oliver tinha poucas opções, ele podia dizer a verdade e contrariar a todos os conselhos, podia dizer que sim e ser surpreendido por alguém falando alemão e sua mentira cair por terra na mesma hora, ou ele podia criar uma terceira via.
— Então. Não sou exatamente alemão, eu sou filho de estrangeiros como você pode perceber. Mas isso é um assunto que eu não gosto de falar.
— Tudo bem, eu é que peço desculpas por perguntar demais. É que você não tem a aparência de um alemão tradicional...
— Isso foi meio racista da sua parte... — repreendeu Oliver.
O indiano deu um sorriso sem graça.
Os dois apertaram as mãos e sentaram em suas mesas, teriam muito tempo para se conhecer nos próximos dias, pelo menos Oliver havia conseguido vencer uma barreira cultural, agora só faltava conseguir aprender a língua.
O professor entrou na sala e as aulas recomeçaram, mais uma vez Oliver precisou se desdobrar para compreender a matéria. quando chegasse em casa precisaria revisar o conteúdo ou ficaria para trás. Pela primeira vez pensou em como seu pai se sentiria quando saísse daquela situação terrível e o visse com dificuldades na escola.
Quando a aula terminou, o jovem brasileiro estava exausto como nunca antes. Nem no dia com a matéria mais pesada em sua sala tinha passado por um cansaço mental tão forte. Era como se cada parte do seu cérebro tivesse sido eletrocutada ao ponto da tensão atingir cada parte do seu corpo.
— Meu amigo, você parece exausto — disse Kabir sorrindo.
— Essas palavras... — respondeu Oliver — Não imaginava que ter aula em outro idioma fosse tão... tão...
— Cansativo — completou Kabir em inglês.
— Essa é a palavra... Estou cansado, Kabir!
— Nos vemos amanhã.
Oliver levantou e seguiu para fora da sala, pouco antes deixou seu livro no armário escolar. Embora não fosse proibido levar os livros para casa, era sempre aconselhável mantê-los dentro das dependências do colégio, uma forma de ajudar os mais esquecidos.
Uma das primeiras lições que Oliver havia aprendido observando a escola era o valor da educação para os mais ricos. Ficava evidente no formato e perfil da escola, aparentemente os mais ricos não sentiam dor em pagar um colégio com uma estrutura e funcionários tão bem capacitados.
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O Filho do Barão [COMPLETO]
General FictionOliver sempre soube muito pouco sobre o pai, sua única informação se resumia ao fato dele ser um estrangeiro que engravidou sua mãe e desapareceu sem deixar rastros. Após anos desaparecido seu pai ressurge de maneira inesperada e em um momento de g...