Capítulo 40 - O convite

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Maryna saiu do consultório cansada. Apesar da preocupação com a avó e da noite de relativa paz no avião, parecia que finalmente as dores começavam a vir sobre seu corpo. Era como se por dias sua mente a tivesse privado de toda a intensidade daquilo que tinha passado nas mãos dos sequestradores.

Após algumas horas de exames finalmente foi liberada, entretanto sua avó não teve a mesma sorte. As lesões haviam sido agravadas pela idade de Elena, o que obrigava os médicos a deixá-la em observação por alguns dias.

A primeira coisa que Maryna viu ao sair da sala do médico foi Oliver no telefone conversando com alguém. Ao ver a jovem, Oliver rapidamente interrompeu a conversa e caminhou até ela.

— Como você está?

Maryna não sabia como reagir ou responder, alguma coisa havia mudado entre eles desde a conversa com a avó no porão. Era como se uma vergonha invadisse seu peito, um medo de estragar tudo.

— Eu... Eu estou bem — respondeu ela.

— E a sua avó?

— Ela vai ficar em observação. Pensei em ficar com ela... Por favor Oliver, eu não quero ir para a casa do seu tio, eu quero ficar com a minha avó.

Oliver lembrou da ordem do seu tio.

— Maryna, o Senhor Wong tem razão, você precisa tomar um banho e descansar — argumentou o filho do barão.

Apesar de tentar esconder, a jovem estava claramente exausta, e lutar contra o sono não ajudaria na sua recuperação. Até mesmo Oliver estava exausto, havia visto e vivenciado tantas revelações que sua mente ainda não conseguia processar.

Antes que pudessem perceber, estavam brigando no corredor do hospital.

— Ela é minha única parente viva... Eu não quero ficar longe dela!

— Eu entendo! Mas eu prometi para o meu tio!

— Seu tio não é mais importante do que a minha avó!

— Eu não disse isso...

— Mas age como se fosse!

Uma enfermeira se aproximou e pediu para que fizessem silêncio. Ambos se desculparam.

Oliver se aproximou de Maryna e sussurrou nos seus ouvidos, a ação pareceu deixar a jovem incomodada. Uma vergonha assombrosa invadia a neta da governanta, ao lembrar que fazia dias que não tomava banho.

— Eu estava no telefone com meu tio. Ele disse que vai transferir secretamente sua avó para casa dele.

— Por quê? — perguntou a jovem preocupada.

— Ele quer garantir a recuperação dela, e impedir que algum opositor da família faça alguma coisa.

— E por que alguém atacaria minha avó agora?

— Eu perguntei a mesma coisa... Ele disse que alguns nobres parecem não ter ficado felizes da operação ser tão bem sucedida.

— Mais um motivo para eu ficar perto da minha avó!

Oliver então segurou a cabeça da jovem suavemente com as duas mãos.

— Maryna, quanto menos pessoas estiverem por perto, mas facilmente ele pode fazer isso sem chamar atenção. Não se preocupe, não é um risco real, mas é só uma precaução até ela se recuperar dos ferimentos.

— Me deixe a menos me despedir dela.

— Tudo bem — respondeu Oliver.

Maryna saiu e após quase meia hora regressou com os olhos vermelhos. Ela não disse nada, apenas seguiu caminhando, indicando que queria ir embora do hospital. Oliver ligou para o motorista. Minutos depois, lado a lado dentro do automóvel, ambos seguiram para a mansão do irmão Barão.

A jovem olhava para fora através da janela do veículo, pensando em tudo que tinha acontecido nos últimos dias

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A jovem olhava para fora através da janela do veículo, pensando em tudo que tinha acontecido nos últimos dias. Se assustou quando Oliver caiu exausto em seus ombros. O perfume amadeirado do filho do barão tocou Maryna. Pela primeira vez em muito tempo a jovem pensou em beijá-lo, mas se conteve. Eles eram de mundos diferentes.

Ele era o filho do Barão de Monte Noire, herdeiro de uma das famílias mais ricas e poderosas do reino. Quem era ela? Apenas a neta da governanta. O que ela poderia oferecer a alguém que tinha tanto? Devia e precisava se conter, sua família já havia causado problemas demais, tinha idade suficiente para saber seu lugar.

O carro fez uma curva um pouco mais brusca, e Oliver despertou do sono assustado. Uma vergonha repentina invadiu o filho do barão.

— desculpe — disse ele antes de apoiar a cabeça na janela oposta.

— Tudo bem, você está cansado.

— Meu tio disse que terá um evento na noite de amanhã na casa dele — disse Oliver com voz sonolenta — Ele quer que eu participe.

— E você ficou bem com isso?

— Não sei o que pensar. Minha avó não vai estar presente, ela preferiu ficar em Theodosia. Acho que ela ainda está aborrecida com meu pai por ele ter me levado junto com ele sem avisar.

Maryna deixou escapar um sorriso.

— E você vai? Digo, para a festa?

— Sim. Mas não quero ir sozinho e você é a pessoa mais próxima que eu conheço aqui em Artaxia — as palavras finais saíram quase como um bocejo — você aceita ir comigo?

O convite pegou a jovem de surpresa. Não sabia como responder.

— Acho que não é uma boa ideia... Essa festa provavelmente vai ser para oficializar você como um membro da família... Seu pai e seu tio podem não gostar... E as pessoas podem inventar histórias sobre eu e você...

A neta da governanta parou de falar ao ver que Oliver dormia profundamente.

— Eu aceito — disse a jovem com um tom tímido — Eu aceito ir com você.

Maryna voltou a olhar para a paisagem urbana que passava rapidamente. Instintivamente ela se encolheu, em sua mente estava feliz por estar em casa, mas se perguntava se conseguiria continuar vivendo na mansão.

 Instintivamente ela se encolheu, em sua mente estava feliz por estar em casa, mas se perguntava se conseguiria continuar vivendo na mansão

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Oliver deixou escapar um sorriso ao escutar a resposta positiva da amiga.

O Filho do Barão [COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora