Maryna não sabia quanto tempo havia se passado desde que tinha despertado do sono. Apenas sabia que estava acordada e se não quisesse ser dopada outra vez precisava ficar quieta e tentar entender a situação.
Sua condição podia ser pontuada na seguinte sequência:
1- Estava deitada, vendada, amarrada, e um saco preto cobria sua cabeça;
2- conseguia sentir que havia pessoas ao seu redor observando;
3- estava em uma espécie de van, sendo levada para algum lugar desconhecido;
4- Podia sentir o corpo da avó ao seu lado. Mas por sorte ela parecia estar respirando, apesar de ainda desacordada.
5- E as pessoas ao seu redor usavam o ucraniano para comunicação, por acaso sua língua materna.
Uma voz masculina se destacava mais que as outras. Até poderia ser o líder do grupo, mas a forma que era repreendido pelos outros por seus comentários inapropriados denunciava que era um subordinado.
Havia também uma voz feminina que questionava quase todas as ações do motorista da van. Esse respondia sempre com poucas palavras ou ordens breves. Ele parecia ser o líder.
— Tem certeza que o caminho é esse? — perguntou a voz feminina.
— Tenho — respondeu o motorista.
— Mas o mapa... — questionou a mulher.
— O mapa está errado — respondeu o motorista.
Na escuridão Maryna atentava seus ouvidos a cada sussurro.
— Acho um tremendo desperdício. Essa garota vai ficar linda daqui a poucos anos e vamos enviá-la para a morte desse jeito... Um tremendo desperdício — disse o homem mais falador do grupo. Ele parecia estar próximo, sentado a direita.
— Desperdício é pegar o dinheiro e não conseguir sair de Kiev — respondeu outro homem que estava a esquerda.
Um silêncio sepulcral tomou conta do veículo até ser interrompido por um resmungo inteligível da voz feminina.
— Ainda não sabemos se elas serão mortas — disse o motorista.
— Isso é o que você quer acreditar — respondeu a mulher.
Ela seria morta? Estava na Ucrânia? Por que isso estava acontecendo?
Precisava fazer alguma coisa. Mas como escaparia sem a avó. Não sabia nem se conseguiria sair das amarras, que dirá escapar do grupo de sequestradores tão habilidosos.
A van parou e o motorista anunciou que haviam chegado ao destino. Antes que pudesse ter alguma reação, Marina e Elena foram carregadas para fora do veículo e colocadas sentadas em duas cadeiras lado a lado. Uma mão desvendou ela e a avó. Seus olhos permaneceram fechados com medo do que viria a seguir. Mas antes que pudesse ter qualquer reação, um balde de água gelada foi lançado contra as duas.
Maryna abriu os olhos imediatamente, Dona Elena parecia estar despertando com um pouco mais de dificuldade.
O frio da água tomou cada parte do corpo da jovem, finalmente percebeu onde estava. Era um galpão, avó e neta estavam cercadas por homens armados. Ao lado dela estava um grupo vestido de negro e encapuzados com balaclavas que cobriam todo o rosto, eram com certeza os sequestradores.
As luzes do galpão incomodavam a jovem que estava enjoada, não sabia se era efeito da medicação ou fruto da tensão que invadia seu espírito. Um homem de uns cinquenta anos deu um passo à frente. Ele vestia um terno social preto e um cachecol vermelho.
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O Filho do Barão [COMPLETO]
Ficción GeneralOliver sempre soube muito pouco sobre o pai, sua única informação se resumia ao fato dele ser um estrangeiro que engravidou sua mãe e desapareceu sem deixar rastros. Após anos desaparecido seu pai ressurge de maneira inesperada e em um momento de g...