Depoimentos de Rafael e Adriana

68 5 0
                                    

Como havia feito com Laura, Patrick como advogado solicitou ao marido dela que desse o seu testemunho. Com a voz calma e paciente, relatou seu ponto de vista. 

- Me apaixonei pela Laura e logo depois o nosso casamento, até mesmo antes, eu percebi a dificuldade, problema que ela tinha. Claro, a gente não casou por sexo, a gente se casou porque a gente se ama. Mas assim que ela dividiu comigo os problemas dela que não eram poucos e sua extrema dificuldade de ser tocada por mim como eu nunca vi com outra mulher, e o fato é que o padrasto sempre teve uma relação muita estranha com ela e comigo porque nunca ele nunca aceitou nosso casamento. 

Lorena que estava sentada ao lado de Nádia, a esposa do juiz, ficou de cabeça baixa começando a remoer desconfiança e frustração. Em sua mente, um dilema: ainda deveria acreditar em seu marido ou finalmente começar a acreditar na filha? 

Um breve silêncio se fez e então Patrick perguntou:

- O senhor diria que o réu tinha um comportamento hostil? 

Com muita segurança e tranquilidade Rafael revelou:

- Ele argumentava que ela não era, não ela não tinha idade pra casar que ela era muito nova mas não era isso não, ele tinha ciúmes. Ele tem ciúmes, isso pra mim é muito claro. Não é ciúme de um padrasto, de quem criou a Laura, é ciúme de homem. 

O advogado de defesa reclama:

- Eu protesto! meritíssimo a testemunha esta fazendo suposições. 

- Concedido. - Determina o juiz. - Mais alguma pergunta? 

Patrick se dispensou

- Estou satisfeito Excelência. 

O juiz faz a pergunta ao advogado de defesa. 

- Sem perguntas. 

A autoridade solicita que a mulher perto dele conduza a testemunha. A mulher usava roupa e  sapato pretos, com um blazer azul por cima. Seu cabelo castanho castanho ia até um pouco abaixo dos ombros. Ao caminho de volta para seu lugar, ele fitou Laura, dizendo um eu te amo sem voz e viu a amada dizer o mesmo. 

O pai do delegado Bruno anuncia a próxima testemunha: 

A advogada Adriana Montserrat foi arrolada como testemunha, por favor. 

A irmã de Clara se dirigiu a passos firmes e fortes 

O juiz abriu um sorriso e comentou assim que Adriana assentou-se

- Estou surpreso por vê-la aqui doutora, no banco das testemunhas já que sua vinda do Rio de Janeiro é muito recente. 

Adriana revelou. 

- Eu sou advogada mas trabalhei um tempo com psicólogos renomados que me ensinaram técnicas consistentes de Coach. Eu fui responsável pelo processo de reconstituição das memórias da Laura 

O advogado de acusação por seu assistente pode fazer as perguntas. 

- Senhorita Montserrat, poderia nos explicar no que consiste essa técnica? 

- O coach se ramifica várias áreas: esportiva, artística e existe também que o que se chama de coach da vida. Nós estabelecemos um objetivo com o cliente e as sessões são em torno desse objetivo. 

- Qual foi o objetivo estabelecido com a vítima, Laura Ribeiro? 

- A Laura queria entender o motivo da repulsa dela por sexo. Ela se casou e não conseguiu ter uma vida sexual com o marido, muito pelo contrário, tinha horror a ele. Nós realizamos sessões conversadas e também as técnicas de hipnose. 

- E essas sessões chegaram a um resultado? 

- As técnicas de regressão hipnótica podem levar uma pessoa a recuperar as memórias. A Laura se lembrou que foi molestada pelo padrasto - A última frase gerou sussurros pelas pessoas que estavam  nos últimos assentos do local - com uso de força quando apenas tinha 8 anos de idade. 

Patrick encara a multidão. 

- Eu acredito que todos nós lembramos do depoimento de Laura. - Novamente encara a sua assistente de trabalho - e a senhorita confia nas técnicas de coach utilizadas? 

- Houve todo um processo conjunto, a hipnose foi apenas um aspecto. Mas sim, eu confio. Todos nós temos dores e traumas dentro de nós que não queremos enfrentar, por medo de reviver a dor. 

- Obrigado pelas respostas. Sem mais, Excelência. Defesa tem alguma pergunta? 

A advogado que até então estava relaxado em seu assento, se levanta para estar diante dela. Não perdendo a chance de atiçar a testemunha como forma venenosa de rebate as acusações atiradas ao seu cliente como flechas. 

- Doutora Adriana. Veja bem que eu uso o termo doutora por se tratar de uma advogada mas não as suas qualificações relativas ao hipnotismo e outras técnicas que acredita. Quem aqui conheça bem. Eu só tenho uma pergunta. O hipnotismo é ciência? 

Adriana, confusa e desconfiada indaga: 

- Ciência? 

O advogado trata de facilitar a compreensão de sua pergunta. 

- Sim. dois e dois são quatro em matemática e qualquer lugar do universo dois e dois continua sendo quatro. Na ciência para uma mesma pergunta, os resultados são sempre iguais. Esse processe que usou, os resultados são iguais sempre? 

Adriana teve tempo mais do que de sobra para ter a resposta na ponta da língua. 

- É um fenômeno subjetivo, quando falamos de emoção falamos de subjetividade, não ciência. 

O advogado rebate. 

- Então a tua cliente pode ter fantasiado. 

- Não acredito que tenha. 

- Mas pode. 

- Confio nas técnicas que usei. 

- Mas não prova. Não diz nada, absolutamente nada, que comprove que sua cliente esteja dizendo a verdade. Ela diz que lembrou mas fantasiou. Nada do que disse é verdadeiro. Nada pode provar que essa acusação seja real. Querem acabar com a vida de um homem. - Ele aponta para seu cliente - desse homem, baseados numa mentira! 

- Protesto Excelência! - reclama Patrick. 

O advogado repete.

- Numa mentira! 

- Excelência... 

Mas o advogado de Vinicius continua afirmando enquanto se afasta. 

numa fantasia! um delírio! 

O juiz bate o martelo algumas vezes:

- Diante o adiantado da hora, tendo outras testemunhas que foram arroladas eu interrompo agora os trabalhos para amanhã darmos continuidade. 

A História de Laura e RafaelOnde histórias criam vida. Descubra agora