Pompeii

black

Às vezes, o mundo dos vivos se mistura com o mundo dos mortos.

—Q-quem é você?— Vacilei na voz, obviamente não o conheço, nunca o vi nem reconheço de lugar algum, seu rosto é totalmente novo para mim, mas eu nunca me senti tão protegido, estranhamente atraído por seus olhos de demônio.

— Meu nome verdadeiro Jikininki— Franzi o cenho, atordoado com a beleza estonteante do moreno a minha frente, que se aproximava enquanto falava, me dando uma leve paralisia, não conseguia sair do lugar, fiquei encostado na pia, quando chegou perto, seu cheiro era misturado com vários outros, não conseguia distinguir um só, haviam muitos, sua pele era sem um erro, mas havia uma falha em sua bochecha, uma cicatriz pequena e quase não vista, deixava seu ar rebelde, ele parou em minha frente, bem próximo, tive que levantar a cabeça para olhar em seus olhos negros, Suspirei.

— Mas me chamam de Jungkook.— seu hálito me deixava tonto, era como se fosse um chamado para seus lábios mortais e vivos, ele viu que encarava bastante sua boca, e sorriu de lado, balancei a cabeça tendo me recompor

— E-e, o que você.. tá fazendo aqui?— eu não conseguia falar sem sentir vergonha, ou ansiedade.

— Eu moro aqui.— Deu de ombros, de afastou sorrindo e se virando para ir até a sala, como um ímã o segui, olhando suas costas fortes.

— Desde quando?— Já um pouco mais "normal" perguntei, afinal aquela casa era minha.

— Jimin, você leu os meus textos— se virou, sua face estava séria, mas parecia fingir— não devia ter feito isso— e eu não tive reação, comecei a gaguejar até formular alguma coisa a dizer

— Você...— não, não podia ser— JJ?

— O próprio.— voltou a se movimentar, ficando parado na janela, observando silenciosamente o lado de fora da casa.

— Eu estou sonhando— ri nasal

— Sonhando?— me encarou com as sobrancelhas erguidas, olhou ao redor e depois riu— Não, se fosse por isso, não chamaria de sonho, e sim pesadelo.

— Você não está vivo!

— Também não estou morto— eu não entendia, estava em um labirinto total, onde a confusão era infinita— É complicado meu doce, mas se quer mesmo saber, não irei contar.

— Acho que mereço saber.— dei dois passos para frente, toda a atmosfera me fazia ficar perto do estranho, ou melhor, do antigo dono da casa

— É um garoto esperto Jimin, entregando, não é inteligente.— negou

— Já ouvi isso antes— falei baixo, meio decepcionado

— Não faça bico para mim, eu irei morder.— Sorriu, imediatamente eu tirei o bico que havia em meus lábios, nem reparando que tinha feito. Engoli seco, ele era direto demais, e parecia ser velho já que morou aqui a alguns anos.

— Quantos anos você tem?

— 28.

— A quantos anos, tem 28?

— A muitos anos.— Parecia se lamentar internamente, a ideia de está falando com um suposto cadáver.. era demais para minha cabeça.

— E-eu quero ir para casa.— Jungkook ficou desentendido

— Está é sua casa.— Sorriu mais uma vez, ele era lindo como o céu, e perigoso como o inferno.

— A minha outra casa.— Foi diminuindo até ficar meio chateado, não queria magoar ele, parecia ser alguém legal, que sofreu bastante, mas  não conseguia raciocinar. Precisava pensar

— Claro.— caminhei ao seu alcance, indo para fora da casa, ultrapassamos a floresta ouvindo Jungkook cantarolar minha música preferida, sorri escondido, ele tinha aquela áurea maravilhosa e misteriosa. Parou e  me olhou sem sentimento que pudesse reconhecer— Espero que volte logo Jimin, nosso jantar está esfriando.

— Jantar?— perguntei

— Uhum, não gosto de comer sem companhia, então se apresse e venha até mim o mais rápido possível— piscou e se aproximou juntando seus lábios a minha bochecha, que ficou carmesim em segundos, meu coração ficou em braza.

— Quem é você? De verdade.— falei meio inconsequente, em conta da bolha que me envolvia a ele

— Sou seu melhor pesadelo.

E com um estalo feito por ele, um buraco se abriu a meus pés, me sugando para baixo, caindo novamente, chegando ao chão apressado me sujei com a lama da floresta nublada, a saída sumiu em um piscar.

Me levantei ainda sem acreditar se estava acordado, mas nunca pareceu tão real, andei calmo raciocinado, um miado foi ouvido ao meu lado me assustando.

— Jesus Cristo santo Antônio— me distanciei me acalmando quando dei conta que era pingo, e todo seu exolendor e calmaria, não se afetando com meu surto— ah, pingo, voltamos uh?

Entretanto, ele não me respondeu e estranhei, pois outrora falava comigo firmemente, Suspirei ainda indeciso sobre isso, mas eu sabia de algumas coisas.

A primeira era que Jeon Jungkook, o antigo dono da casa azul, estava possivelmente vivo, a segunda, era que ele é muito gostoso. A terceira era que eu sabia onde era a entrada e a saída do outro mundo, e a quarta e última:

Eu sei onde tem a chave.

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Jikininki:

Estas criaturas, originárias da mitologia budista japonesa, são na verdade espíritos de pessoas que, em vida, foram egoístas e gananciosas. Os Jikininkis são bastante raros, e odeiam sua situação. Eles são seres amaldiçoados, condenados a se alimentarem de cadáveres humanos e subornam vigilantes, para que estes não os incomodem, com objetos de valor dos cadáveres. Os Jikininkis podem assumir a forma de seres humanos normais, mas sua verdadeira face é tão assustadora que eles são capazes de paralisar as pessoas de medo.