Capítulo Dezoito

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Vendo Londres do convés enquanto a embarcação vinda de Liverpool navegava pelo Tamisa rumo ao porto, de pé e com mãos postas para trás, Henry sentiu uma leve nostalgia envolvê-lo. Esteve fora por dois anos e sete meses, preso às missões de resgate, porém parecia que partira há muito mais tempo. Culpa da atividade desgastante que por muitas vezes mais o levou à tenda médica para o trato de escoriações, perfurações e cortes.

Por sua vontade, estaria ainda na África do Sul, coibindo o tráfico humano, mas a herdade exigia sua presença. Também estava disposto a adquirir um bom cavalo e ansioso para rever a amante, com quem manteve regular correspondência. Com o mesmo empenho estava disposto a se manter fora do caminho de uma jovem em especial.

Sim, por mais que tivesse tentado esquecê-la Catarina Bradley seguia se destacando, porém, o que almejou ter com ela se perdeu no tempo. Soube ser assim quando, enfim, recebeu uma carta enviada pelo duque, em junho do ano anterior.

Pulando toda a parte desinteressante, incluindo tolas notícias sobre os hábitos noturnos de do primeiro filho com a duquesa, Lionel, e o crítico estado de saúde do barão Westling, ele leu:

Sobre Catarina, não a vejo desde que estive em Apple White, em dezembro. Contudo, caro amigo, soube por Alethia que minha cunhada teve sucesso estrondoso em sua primeira temporada, participando de praticamente todos os bailes e jantares aos quais fora convidada. Enfim, realizou seu sonho. Logo, saiba que ela está feliz e passa muitíssimo bem.

Assim, as especulações dos meses de espera foram supridas. Era certo considerar que sua praga particular estivesse casada. Logo, feliz. Não havia razão para gastar seus pensamentos com ela, mas havia desistido de tentar reprimi-los. Sua tática era deixar que viessem, fizessem dele o que quisessem e depois partissem. Quando menos esperasse, aquele ciclo teria fim.

Teria, Henry confirmou o pensamento ao desembarcar no cais e avistar Peyton Browne a esperá-lo; sorridente, linda. Estavam em meados de agosto, numa sexta-feira quente. Sua bela amante usava um vestido que deixava braços à mostra e um ornamentado chapéu de palha.

Muitos marujos e carregadores não disfarçavam sua admiração, assobiando ou gracejando, mas ela não lhes dava ouvidos.

Henry não retribuiu o sorriso que recebia, mas a abraçou brevemente com sincera amizade.

― Peyton... ― disse à guisa de cumprimento, beijando uma das mãos dela.

― Nem acredito que esteja de volta! ― ela exclamou, tentando unir suas bocas.

― Não aqui ― Henry determinou, afastando-se. ― Vamos para sua casa.

― Sim, claro! Venha! Tem um coche à nossa disposição.

Henry apreciava a eficiência da amante. Soube que na residência de Peyton, em Mayfair, um banquete o aguardava, também uma tina de água fria. Tinha fome e não recusaria um bom banho, mas sua prioridade era outra.

Bastou que chegassem ao destino e a anfitrião fechasse a porta, anunciando que os criados voltariam apenas no final da tarde, para que ele deixasse a bagagem cair ao chão e a puxasse para um beijo.

Receptiva, Peyton o livrou do sobretudo e do casaco. Num gesto brusco, Henry atirou longe o chapéu de palha florido, fez com que os peitos saltassem para fora do vestido e, empinando-os com ambas as mãos, abocanhou os mamilos com vontade.

― Oh... ― ela gemeu, parando de desabotoar a camisa masculina. ― Senti tanto sua falta.

― Também senti ― disse roucamente, sendo sincero; não a amava nem pensava nela todos os dias, mas pela eterna prontidão as trepadas entre eles eram altamente satisfatórias. Sentia falta daquela entrega, da fome que se assemelhava a dele. ― Precisa ser agora. Está preparada?

Rosa Escarlate [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora