Capítulo três

139 19 103
                                    


Quando se juntaram ao círculo formado pelos dois casais e Catarina, Henry se prostrou ao lado de Edrick. Depois de brevemente cumprimentar o barão de Luton e beijar a mão de sua esposa, esperou para ser apresentado aos demais. O primeiro a ser indicado foi o senhor que ainda retinha Catarina pelo braço, então, a senhora vestida com sobriedade ao lado.

― Papai, mamãe ― começou Edrick, cerimonioso ―, quero apresentá-los a Henry Farrow, quinto conde de Alweather. Conde, estes são Edrick Ludwig II e Elizabeth, barão e baronesa de Westling, meus pais.

― É um prazer conhecê-lo, conde ― disse o casal em uníssono.

― O prazer é meu, barão... Baronesa ― ele acrescentou ao tomar a mão da senhora e beijar.

― Já conhece minha irmã ― falou Edrick, escrutinando o rosto da jovem.

― Sim, apresentou-nos há pouco. Mas, reitero, é um prazer conhecê-la, senhorita.

― Sim, claro! ― Catarina respondeu rapidamente. ― Digo o mesmo... Senhor... Conde.

― Não está se sentindo bem, Catarina? ― indagou o irmão. Tinha o cenho franzido como o pai, depois de ouvir que foram previamente apresentados.

― Sinto um pouco de calor ― ela respondeu alheia a atenção que atraia para si, abanando o rosto com uma das mãos, olhando em todas as direções, menos para o conde a quem se dirigira. ― Está quente aqui, não?

― Tão quente quanto pode ser um salão com todas as portas abertas numa noite de inverno ― retrucou o barão antes de dar voz à sua curiosidade, dirigindo-se ao filho. ― Quando sua irmã foi apresentada ao conde?

― Há pouco mais de uma hora ― Edrick respondeu com os olhos postos em Catarina, que abriu o que parecia ser um cartão de dança para abanar-se mais ―, quando ela passou por nós ao final de uma valsa.

Henry não ousou desmentir o amigo. Catarina baixou o olhar, ainda a abanar-se para se livrar de seus calores imaginários. O barão assentiu e mudou o tema, voltando-se para o conde.

― Sabe? Edrick já me falou a seu respeito. Sobre suas viagens à África do Sul. Que tal lhe parece aquele país? Gosta de lá?

Havia se habituado a estar num bom refúgio, seria a resposta correta. Como não exporia suas particularidades, valendo-se da resposta recorrente, disse:

― Apesar do que possam imaginar, é um país interessante.

― E o que pode haver de interessante em uma terra de selvagens? ― Luton questionou de modo debochado, procurando pela concordância de Westling. ― Não é mesmo, caro amigo?

― Prefiro aguardar opiniões complementares de quem esteve no lugar ― falou Ludwig, diplomático. ― Então, conde? O que mais tem a nos dizer?

― Respondendo a Luton ― disse Henry, impassível ―, considerando as devidas proporções daquilo que é tido como selvageria, digo que nesta festa me deparei com dois jovens de espíritos tão indômitos, temerários e cruéis quanto possuem muitíssimo pouco dos incultos nativos dos países africanos que conheço. ― Ignorando o engasgo de Catarina e o cenho franzido do barão de Luton, ele finalizou: ― Logo, caro senhor, saiba que selvagens existem em todos os lugares, até nos mais improváveis, e nem por isso são menos interessantes.

― Oh, conde ― falou Elizabeth, mostrando certa animação ―, deixou-me curiosa. A quais jovens se refere?

― Com certeza a ninguém que valha o desvio de nossa atenção, baronesa ― antecipou-se o barão de Luton. ― Conte-nos mais sobre o tal país interessante, conde.

Rosa Escarlate [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora