Henry tentou aproveitar o que restava da noite, mas depois do que pareceu uma eternidade, com alívio agradeceu que a festa estivesse chegando ao fim. O salão tornou-se agradável depois da partida de muitos que deixaram o castelo ou apenas se recolheram aos aposentos, como fizera Catarina e os pais, uma hora antes. Dividido entre o desejo de seguir o exemplo e a vontade de não ficar sozinho, Henry não saia do lugar.
No momento, bebericava uma dose de uísque junto a três militares e uma senhorita. Conde Yardley, general, mantinha o assunto em torno da polêmica parlamentar das últimas semanas; a intervenção das forças britânicas na Guerra da Secessão estadunidense. Tema meramente masculino que não justificava a permanência de Daisy Duport entre eles. Sem dúvida a ex-amantes do duque trazia beleza ao grupo, mas sua presença obrigava os cavalheiros a conterem suas palavras sempre que expressavam opiniões divergentes.
Não fosse por ela, Henry teria liberado alguns impropérios quando fez coro com o general, repudiando a ideia estúpida, aprovada pelos militares de menor escalão com quem debatiam. O conde tomava um gole de uísque para calar um rude questionamento sobre o que Daisy esperava conseguir ali, quando notou seus olhos verdes brilharem para alguém que se aproximava. Henry se voltou em tempo de ver Logan, vindo com a esposa apoiada em seu braço.
Depois de educadamente cumprimentar a todos, inclusive sua ex-amante, Logan indicou o amigo para a duquesa, deixando claro que dentre todos somente ele não tinha sido apresentado a ela. Falha sanada em tempo.
― Querida, quero que conheça Henry Farrow, conde de Alweather.
― Duquesa, é um prazer conhecer quem fisgou o coração de meu amigo ― falou, fazendo uma breve reverência antes de beijar sua mão. Ela sorriu e assegurou:
― O prazer é meu, conde. Gostou da festa?
― Foi animada e muito... interessante. Posso dizer que uma das melhores entre tantas que participo ao vir para a Inglaterra.
― Ao vir para a Inglaterra... Não vive no país? ― Estranhou, olhando dele ao marido.
― Por motivos que não me animo a citar agora eu permaneço a maior parte do tempo em outros países ― Henry explicou vagamente.
― Pode-se dizer que Alweather vem à Inglaterra um ou dois meses a cada três anos ― Logan acrescentou, sorrindo para a esposa. ― Sempre me pergunto se um dia irá ficar.
― Pouco provável, meu amigo duque. Seria preciso um bom motivo que me ancorasse aqui e, sempre que venho, deparo-me com situações que me animam a partir. Nesta não foi diferente.
― O que aconteceu que o descontentou? ― Quis saber a duquesa. ― Alguém o afrontou?
Antes que Henry encontrasse uma resposta publicável, Daisy Duport se adiantou, dizendo:
― Decerto alguma mãe tentou fisgá-lo. Todas sabem que este é um assunto proibido para o conde desde a morte da condessa, mas não é raro vermos uma delas cercando-o, prometendo que a filha preencherá tão dolorosa lacuna.
Toda condescendência que dirigiu a Daisy se esvaiu.
― Eu não teria explicado melhor, mas errou na dedução assim como perdeu uma boa chance de se manter calada. ― Para Marguerite, moderou o tom: ― Não se ocupe disso, duquesa. Pelo que entendi, despedem-se. Eu mesmo me recolherei já que, por sorte, muitos hóspedes resolveram partir essa noite, deixando vaga para mim.
― Fico feliz que tenha conseguido se instalar ― falou o duque. ― Se eu estiver certo, seu valete não o acompanha.
― Está certo. Bem sabe que minha estada no continente africano modificou meu estilo de vida, tornando-me mais desprendido. Mas não se preocupe, vosso mordomo fez a gentileza de designar um dos lacaios para que me ajude. Agora, se me dão licença... Tenham um bom descanso. Mais uma vez digo... Foi um imenso prazer conhecê-la, duquesa!
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Rosa Escarlate [DEGUSTAÇÃO]
RomanceHenry Farrow, oficial da infantaria, herdou título e fortuna do avô paterno tornando-se o quinto conde de Alweather. Libertino experiente, sem vínculos afetivos com a abastada família, de "sangue sujo" graças à veia paterna e pouco familiarizado a p...