Não o surpreendia vê-la surgir num vestido vermelho, Henry reconheceu bebendo um gole de champanhe, admirando-a por sobre a borda da taça. Catarina Bradley, previsível? Não, era apenas alguém que sabia favorecer a si mesma. E conseguia!
O cabelo claro, preso no alto, era contido por uma brilhante tiara e cachos caiam ao redor da face corada; quase tocavam os ombros nus. Os lábios ligeiramente abertos estavam rosados, úmidos. Henry quis atravessar o salão para recepcioná-la com um beijo, mas não seria de bom tom. Chocaria pomposos cavalheiros e levaria ao desmaio pudicas damas. Restou vê-la adentrar ao salão e logo ser cercada por jovens afoitos que a convidavam para a dança.
Catarina os ignorava e graciosamente mantinha o queixo erguido, olhando seu entorno. Ela parou quando seus olhares se encontraram e sorriram um para o outro. Satisfeito por descobrir ser ele quem a jovem procurava, Henry deixou a taça de lado e a passos largos caminhou até ela. Os músicos iniciaram uma valsa. Casais lotaram o centro do salão, cavalheiros conduzindo as damas. Ele guiaria Catarina. Desde que se lembrava não apreciava bailes familiares, mas iria onde estivesse aquela que o esperou, que o tirou do túnel da morte.
Sem desviarem o olhar, sem trocarem uma palavra, dançavam. Henry pousou uma das mãos na delicada cintura deixando que Catarina segurasse a outra para que rodopiassem, rodopiassem, até que restassem os dois girando pela pista. A música cessou quando pararam, os candelabros foram apagados. Tudo ao redor mergulhou em penumbra, apenas um facho de luz incidia sobre suas cabeças. Pétalas de rosas vermelhas caíram como uma perfumada chuva.
Cansados, próximos, admiravam-se.
Henry não via razão para esperar mais e tocou o rosto corado, acariciou o pescoço. Catarina baixou o olhar e fitou sua boca, umedeceu os lábios. Daquela vez, ele não se afastou. Segurou-a pela nuca e a trouxe para si, abraçando-a pela cintura. Quando a beijou, desde o início línguas se procuraram; ambos gemeram e se abraçaram com força. De repente, nela não havia vestido nem crinolina, nele não havia casaca, colete nem camisa.
Quebrando o beijo, ele desceu a boca para o colo despido. E não havia espartilho, chemise, nada. Bastou baixar um pouco mais para que lambesse um mamilo, para que o mamasse com erótica fome. Ela acariciava suas costas, contornava suas cicatrizes, gemia sem pudores. Ele a desejou ainda mais e incontinente deitou-a sobre as pétalas, encaixando-se entre suas pernas. E não havia pantalona, não havia ceroula, somente sua ereção penetrando no úmido sexo.
Gemendo, ele foi mais fundo, mais forte, mais rápido. E a luz que restava foi apagada.
― Catarina... ― Henry a chamou no momento em que abriu os olhos.
Era madrugada, estava em sua barraca, sozinho. Dormira nu, num catre forrado de panos e peles. Por essa razão despertou com seu teso pênis livre para que o manipulasse sem hesitar. Decidido a nada perder por ter despertado, com Catarina no pensamento Henry moveu a mão ao longo do pulsante falo, engolindo seus gemidos. O gozo veio fácil e foi direcionado ao lençol.
― Essa é nova... Sonhar que lancho Catarina Bradley entre as refeições ― zombou, largado no catre, de costas, ignorando a dor no peito e no ombro. ― Preciso encher minha cabeça porque isso é masoquismo. Preciso de mulher... E de rum!
Para voltar à sua barraca antes do tempo previsto ele prometeu não beber enquanto estivesse sendo medicado.
― Decreto minha alta nesse instante ― falou ao se sentar e estender a mão para a garrafa esquecida entre mapas, papéis timbrados e outros cacarecos e entulhavam sua mesa de trabalho.
Henry bebeu no gargalo, grandes goles. De quando vez voltava a se excitar, lembrando-se do sonho obsceno. Sim, era masoquismo e não queria pensar na bela jovem, mas ela esteve presente todo tempo até que voltasse a dormir e foi seu primeiro pensamento ao acordar, deitado de qualquer jeito, com o braço ferido para fora do catre.
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Rosa Escarlate [DEGUSTAÇÃO]
RomanceHenry Farrow, oficial da infantaria, herdou título e fortuna do avô paterno tornando-se o quinto conde de Alweather. Libertino experiente, sem vínculos afetivos com a abastada família, de "sangue sujo" graças à veia paterna e pouco familiarizado a p...