capítulo 11

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ANA

Ele está se comportando de maneira muito estranha. Algo dentro de mim se aperta e fico pensando o que pode estar dando errado no dia em que darei meu primeiro beijo. Estamos em uma conversa agradável com o casal na mesa, falando banalidades, porém ele se mantém distante... Pode ser que o teatro do nosso namoro não esteja funcionando para ele hoje.

- Ana - ele vira para mim e toca meu braço - eu já volto... Ok?

Definitivamente, algo está muito errado. Não tenho coragem para responder apenas aceno que sim com a cabeça. Ele se levanta e sai. Levo o restante da conversa da forma mais leve possível, tentando apaziguar esse aperto dentro do meu peito. Fico tentando imaginar possíveis motivos pelo quais ele possa estar assim... Pode ser que esteja nervoso em me beijar também... Ou talvez com vergonha do episódio da noite.... O que seria?

Noto que Philippe se remexe estranho em sua cadeira, olhando para algo acima do meu ombro. Ainee também olha mais se mantém intertida na nossa conversa. Percebo a postura de Philippe mudar e ele fechar a mão em punho por cima da mesa. Resolvo verificar a situação... Me viro para trás e cena bem diante dos meus olhos me corta por dentro. Neymar tem uma loira, alta, com um mini vestido vermelho, em seus braços, se esfregando nele e ele a beijando-a. Um sentimento corrói meu interior... Dói, arde... A garganta quer fechar... Os olhos marejados... Escuto flashes... Não posso chorar. Não na frente desses ratos da internet. Viro para a mesa e fecho os olhos, sinto meu braço sendo tocado por Ainee.

- Vamos embora querida - ela me olha, com compaixão - vamos sair disso aqui ok? Se segure, eles estão fotografando tudo. Consegue andar sem chorar?

Balanço a cabeça que sim, e nós levantamos como se nada estivesse acontecido. Saio da boate e já nos deparamos com Severo, que nos olha sem entender nada. Philippe conversa com ele, e eu apenas entro no carro, não sabendo muito o que estou fazendo. Não ouço as ultimas palavras de Ainee, ou ouço e não compreendo apenas faço tudo mecanicamente... a porta se feche e Severo põe o carro em movimento. Fico olhando a cidade passando pela janela do carro e uma lagrima solitária que não consegui segurar e juntas as outras cai.. Severo me olha pelo retrovisor com olhar de compaixão.

Desço do carro e subo pelo elevador. Chegando em casa paro e penso: como deixei as coisas se descontrolarem dessa forma? Ele precisava esfregar na minha cara que esta com nojo de me beijar? E agora, já devo ser a nova namorada traída de Neymar em rede internacional. Como sempre a humilhação persiste em minha vida. Não importa o que eu faça, para onde eu vá, com quem eu esteja, eu sempre vou ser humilhada. Esta em mim, essa situação faz parte do meu eu. E o que mais dói... é saber que foi com ele que senti as cócegas no estomago. Foi com ele que fiquei na expectativa de ter meu primeiro beijo. Foi com o toque dele que senti tudo isso doido que esta dentro de mim.

Subo as escadas, e chego a porta dele. Tem o cheiro... lembro da noite passada, do sentimento que tive de querer cuidar dele. Parecia tão indefeso, tão vulnerável. Talvez ele esteja me punindo por não ter ficado com ele no quarto. Talvez tenha uma boa explicação para tudo que vi na boate. Talvez... talvez... Não! Não terá um talvez.

Enxugo minhas lagrimas com as costas das mãos e decido. Estou aqui para trabalhar. Qualquer tipo de sentimento que eu estiver sentindo ficará preso em minha caixinha da humilhação dentro de mim, trancadinha a sete chaves. Chega. Esse emprego tem como objetivo dar uma vida melhor a minha família, e só. Me apaixonar não faz parte do contrato e não vai fazer parte de mim, vou lutar para isso. Já se foram quatro dias, logo isso tudo passa.

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