capítulo 17

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ANA

Não queria estar em nenhum outro lugar essa é a verdade. Quando ele me pediu para dormir na cama com ele, achei que estaria cometendo um grande erro. Porém aqui agora, encaixada em seu corpo, sinto que é onde eu deveria estar.

Resolvo me mover e virar de frente para ele. Olhos verdes  inchados ainda de dormir me encaram. Até com a cara amassada ele é lindo.

- Bom dia –uma voz melosa e rouca fala comigo. – dormiu bem?

- bom dia. Como uma pedra – nós dois sorrimos. – e você?

- muito melhor do que todas as outras noites desse último ano.

Olho para ele e nosso olhar se conecta. Não sei em que momento que minha respiração se torna pesada. Não consigo identificar também o momento em que parecemos tão perto um do outro. Seu olhar alterna dos meus olhos para minha boca. Meu coração acelera mais, e sinto sua mão esquerda pousar na minha cintura. Ofego... Eu acho que.... Acho que ele vai... Me beijar? Sinto que se não tivesse deitada estaria caindo no chão, porque minhas pernas não aguentariam, parecem gelatinas de tão moles... e por mais que minha cabeça diga não faça isso, meu coração quer muito que ele acabe de vez com essa distância e me de meu tão sonhado primeiro beijo.

De repente, um barulho da porta abrindo nós assusta. Dou um pulo e me remexo nervosa.

- bom dia pombinhos! – a enfermeira animada entra no quarto. Tão alheia a qualquer coisa que talvez não tenha se dado conta do que acabou de interromper. Mais também pudera, todos pensam que nos beijamos o tempo todo afinal somos namorados para todos os efeitos... E namorados se beijam, o tempo todo. – vamos verificar como esse campeão está hoje? Para que o Dr. possa vir dar a alta.

Neymar se senta na cama e sorri animado. Ele quer ir pra casa. Eu também quero.

Me retiro da cama e aproveito para ir ao banheiro. Me vejo no espelho e estou com a cara um tanto amassada... Mais sem olheiras. Dormi de verdade. Isso é bom.

Eu não queria estar sentindo as coisas que estou sentindo. Estou com tanto medo... Medo de isso não ser o que realmente estou pensando. Ele pode estar querendo se aproveitar de mim apenas. Mais me parece tão certo... Tão sincero. Passei esses meses tão mal. Dormindo mal. Pensando nele. Uma mistura de sentimentos ruins. E agora depois desse susto, depois dessa noite maravilhosa... Desse quase beijo... Me sinto tão bem. Completa. Eu mesma. E querendo muito que ele se sinta assim também.

Saio do banheiro, ele já está sentado com uma bandeja enorme de café, já com a boca cheia mastigando o que eu penso ser um pão. Ele me olha e sorri esquisito com toda essa comida na boca. Fico feliz... Está se alimentando... Vai melhorar. Eu não quero mais ver ele igual vi ontem. Me quebrou ao meio.

- Alguém acordou com fome. – eu olho e sorrio – bem... Com muita fome. – dou uma risada. Ele acena e me chama. Eu chego perto da cama e iniciamos uma conversa de qualquer coisa que esteja passando na tv. Esse clima... Essa paz... Isso é muito bom. Não quero que acabe.

Um pouco antes do almoço o médico bate a porta e entra.

Explica várias coisas e presto atenção em tudo. Seus remédios, sua dieta, seu atestado... Não perderá nenhum jogo mais ficará sem treinar uma semana. Ele torce o nariz mais concorda. Ele que não de uma de teimoso. Não deixarei se arriscar, precisa ficar forte. Logo a enfermeira vem e tira o acesso a veia, colocando um curativo. Ele vai ao banheiro se trocar enquanto arrumo as coisas e ligo para Severo, que já está lá embaixo, Marcos já havia comunicado ele da alta.

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