NEYMAR
Não consigo esconder as emoções direito. O arrepio bonito que vi em sua pele assim que toquei sua nuca para colocar a gargantilha que comprei já diz que ela esta tão atingida quanto eu. Sei que ela esta no modo atriz mais isso não é fingimento. Ela esta linda... e quando me sento novamente e a olho segurando o pingente em suas mãos um sentimento estranho cresce dentro de mim... possessividade.
- Você, poderia por favor me perdoar Ana? – Insisto, querendo ouvir da boca dela que tudo vai ficar bem. – Você não me respondeu, não me disse nada a respeito de tudo que eu falei e...
- Não há o que dizer. – Ela me interrompe, dessa vez fria, seca. – O que aconteceu, já foi. O passado não muda. A única coisa que gostaria muito de te pedir, do fundo do meu coração, é que você facilite meu trabalho. Não fique jogando para cima de mim essas palavras bonitas ou presentes tentando mostrar um outro alguém que você não é. Não torne tudo isso mais difícil. – Ela fecha os olhos por um instante, talvez com uma certa relutância no que vai dizer – Estou aqui apenas pelo dinheiro e nada mais. E você precisa de mim para limpar sua barra e nada mais. As coisas são o que são. Não há como mudar. Apenas facilite.
Meu estomago remexe. Meu peito dói. É obvio que ela esta magoada, e agora criou o bendito muro. Não posso simplesmente vir com esse pedido de desculpas e querer que ela esqueça.
- Ok. – é tudo que respondo.
Cinco minutos depois e ela volta a atuar no modo atriz. Sorri o tempo todo, segura na mão o pingente de framboesa, puxa assunto. E eu tento seguir para o mesmo lugar. Olhando aqui para nós dois eu penso que eu poderia querer isso para sempre, se tudo não passasse de uma farsa. Esse clima de romance, aqui com ela... linda pra caralho. Acho que tenho dentro de mim algo crescendo que talvez eu não saiba como administrar.
Após o jantar, saímos do restaurante e eu ando devagar, tentando fazer com que o tempo com ela dure mais. Seguro sua mão e a acaricio com o polegar. Quero que ela sinta que isso é real. Essa barreira eu vou quebrar, custe o que custar.
No carro ela volta a me ignorar. Sempre olhando para fora, percebo ela remexendo no pingente de vez em quando. Isso me parece um bom sinal.
Pedi a Severo que fizesse um caminho mais longo gostaria muito de aproveitar mais um tempo perto dela. Percebo que ela esta cansada. Luta para manter os olhos abertos. Em determinado momento percebo que ela adormece. Quero tocá-la. Chego mais perto e a vejo toda torta. Passo o braço cuidadosamente pelo seu corpo a trago perto de mim. Ela se remexe e eu nem respiro, a fim de que ela não perceba o que estou abraçando-a. Ela não acorda. Simplesmente se aconchega mais a mim. Encosto meu rosto no topo da sua cabeça e inspiro o aroma de framboesa fresca. É viciante.
Chegando ao nosso prédio não quero sair do carro. Severo entende meu olhar. Fico mais uns dez ou quinze minutos assim, respirando aquele cheiro, e apertando-a ela em meus braços. Verifico a hora e já esta tarde precisamos descer para que eu possa liberar Severo. Resolvo não acordá-la. Decido por me arriscar. Abro a porta, contorno o carro e a seguro no colo, não preciso fazer muito esforço visto que por mais que ela tenha curvas, é magra e pequena. Tento ao máximo não acordá-la. Severo pede o elevador para que eu possa subir. Agarro ela mais forte contra meu peito. Eu só queria ficar assim a noite toda.
Empurro a porta do quarto dela com o pé e me dirijo a cama. Seguro ela mais um pouco em meus braços e por fim, a coloco na cama, retiro suas sandálias e a cubro. Olho ela. Parece pequeno anjo lindo... Eu vou tirar essa barreira sua Ana. Vou conseguir.
Saio do quarto e resolvo que preciso conversar com alguém. Dizer o que estou sentindo, pedir ajuda, por pra fora. Disco o numero de Philippe, ao terceiro toque ele atende com voz de sono.
- A essa hora, no mínimo esta numa encrenca. – Diz bocejando.
- Boa noite pra você também Couto.
- Boa noite.
- Precisamos conversar. – digo sério. E ele entende que é sério, temos esse tipo de comunicação.
- Ok, estou te esperando.
Desligo. Decido que dirigir um pouco me fará sentir melhor. Philippe é um bom amigo que eu não tenho valorizado nos últimos tempos. Me entreguei a amizade de pessoas que tiraram bastante proveito dos meus escândalos. Philippe sempre me alertou e eu gozava da cara dele. Aquele dia na boate ele me avisou apenas com o olhar e eu não aceitei o aviso. E olha tudo que deu.
Chegando a casa que chamo de mansão, porque o cara gosta de ostentar, o portão abre provavelmente porque o porteiro já sabe que sou eu.
Desço do carro, e Philippe já esta me esperando de pé na porta.
- Não sabia que gostava de bolinhas couto – Gozo com sua cara apontando a calça preta de bolinhas brancas que ele usa.
Ele me soca o ombro. Entramos e eu fico estudando como começar a falar. Decido ser direto.
- Cara.. – coço minha barba – preciso de contar uma coisa. – Ele acena com a cabeça para que eu comece. – Eu acho que... eu acho que gosto dela.
O vagabundo gargalha. Fico por um instante sem entender.
- Essa era a grande novidade Ney? – ele para e me olha e fica sério – Eu já tinha percebido isso.
- Cara, não me zoa. Estou fodido bem aqui. – aponto pro peito – e fiz muita cagada com ela. As chances de perdão são mínimas.
- TsnTsnTsn.. – ele estala a língua – Pra tudo tem um jeito irmão.
- Não nesse caso Couto. Ela esta magoada pra caralho. Hoje eu tentei, falei, pedi perdão, me derramei na frente dela, e o que recebi em troca foi o tratamento de atriz que tem me dado.
- Calma cara, não da pra chegar e mudar tudo de um dia para o outro. Vai com calma. Olha se te alegra, Aimee me disse que esteve na casa de vocês esta tarde e disse que tem certeza que ela gosta de você também. – diz essa parte em tom de segredo. – Então vamos por partes. Isso vai passar.
Ele tem razão. Tenho que ter paciência. Tenho muito trabalho pela frente eu sei.
- Você precisa pensar com a cabeça meu irmão. Primeiro de tudo, esqueça a vida antiga. Cara a mancada que você deu ontem.. não sei nem como essa mina ainda está nisso depois de tudo. Por isso, acho que ela gosta de você também, se não já havia caído fora.
- Ela me disse que era só pelo dinheiro. – falo cabisbaixo – mais senti que estava blefando.
Sim ela estava. Relutou para dizer essas palavras. Sei que fez isso como uma maneira de me afastar.
Philippe realmente é um bom amigo. Devo a ele mais do que posso pagar.
...
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Always
FanfictionE quando você só foi humilhada a vida toda e surge na sua frente uma oportunidade de ter uma vida melhor. O típico os humilhados serão exaltados. Será mesmo? Ana não acreditava muito nisso. E mesmo depois de um empresário entrar na sua vida e te co...