NEYMAR
Philippe abriu minha mente. Conversamos durante a tarde e eu expliquei o quanto fiquei chateado por ela tocar na história de que daqui uns meses vai embora... Não queria que pensasse assim. Descobri depois da cagada que fiz, que preciso dela. Por mais que eu não queira admitir, ou me envolver, ou aceitar. Eu preciso dela.
Juro que o lance da minha saúde não foi proposital. Eu só não queria mais nada. Só me sentia bem quando estávamos juntos, lá fora, em frente ao "publico" exercendo nosso teatro.Mas, quando entravamos da porta pra dentro, ela corria pro quarto, todos os dias, e não tinha o que eu fizesse pra que ela não me trata-se com a indiferença. Não conseguia dormir, mesmo com todos aqueles remédios, não tinha fome ou sede. Fui ficando cada vez mais cansado e não estava rendendo no treino.Até o dia que me senti mal mesmo. Meu corpo doía demais, e eu não tinha forças para levantar da cama. Achei que estaria melhor após uma noite de descanso mais não, acordei com mais frio e pior. Eu tive sorte de não trancar a porta e ela me encontrar. Desde que ela entrou no meu quarto me acordando de um dos meus já conhecidos pesadelos eu nunca mais tranquei a porta, na esperança de que ela viria quando acontecesse.
Decidi que vou deixar as coisas acontecerem. Se ela tem essa mentalidade que tudo vai acabar daqui nove meses quando for embora quero provar a ela que não desejo isso, e que quero fazê-la não desejar também.
...
Estou tentando prestar atenção no filme, mais não consigo. Eu a olho o tempo todo, e sempre quando nossas mãos se esbarram dentro do pote de pipoca me da aquele calorzinho gostoso. No meio do filme, ela se vira e me faz uma pergunta que me faz quase engasgar:
- Ney, posso te perguntar uma coisa? Na verdade duas...?
-Claro – Respondo terminando de engolir.
-Certo – Ela respira, e me encara, virando o corpo um pouco para o meu lado, para me olhar – Porque aquela noite na festa você não me... bem... não me beijou como o Marcos mandou? E porque beijou aquela moça, na minha... quer dizer, na frente de todos?
Pisco algumas vezes, tentando assimilar. Decido por falar a verdade, já que quero que as coisas realmente se resolvam. Esse interesse dela é bom, já que quando pedi as mil e uma desculpas ela se quer quis ouvi-las.
-Bem Ana – Decido começar – A verdade é que fui o maior babaca da historia – Sorrio sem emoção – Naquele dia, quando Marcos falou do beijo, e logo após eu subi, você ficou com ele na sala ainda, se lembra? – A olho e ela confirma acenando com a cabeça. – Então, chegando no quarto me lembrei que tinha deixado o celular no sofá, quando resolvi descer para pegar, parei no inicio da escada porque vocês estavam conversando sobre o fato de você nunca ter beijado.
Ela cora na mesma hora. Como se eu tivesse descoberto um segredo vergonhoso dela.
- Não se sinta mal ou ofendida, não é vergonhoso ainda não ter acontecido isso. Inclusive te admiro. Poucas meninas da sua idade ainda nunca beijaram... – Ela fica mais tensa e decido voltar ao ponto chave da conversa, para não constrange-la mais – Mas o fato Ana é que eu não poderia fazer isso com você. Pensei muito e decidi que não iria estragar seu momento especial de primeiro beijo com alguém como eu, isso teria que acontecer com alguém que realmente fosse especial para você. E depois que tomei essa decisão de não estragar seu momento, não sabia como te dizer isso. Vi que você ficou esperando por isso, a noite toda... – olho para ela e posso ver em seus olhos a magoa que ficou por ter esperado isso e eu simplesmente não fiz..–então resolvi ir até o bar para poder espairecer, colocar as idéias em ordem. Encontrei com dois velhos conhecidos de bebedeira. Eles me zoaram, me desafiaram, e três copos de uísque depois estava eu com a língua enfiada na boca da menina, na frente de todos... inclusive na frente de alguém que não queria magoar mais magoei...
Terminei de falar e a encarei. Tive medo de ela acabar com o momento e correr da sala e a indiferença voltar, mais fique satisfeito pelo fato de que disse a verdade. Ela estava de cabeça baixa, e eu não sabia o que esperar. Depois de um ou dois, ou três minutos, ela me olhou e disse algo que me quebrou completamente.
- você... bem... você é uma pessoa especial.
O que foi isso? Uma permissão para beija-la? Meu coração acelera, eu me sinto um adolescente bobo diante do que ela está me falando! Eu sou especial. Alguém com quem ela gostaria de ter o primeiro beijo... Eu. Nem acredito nisso.
Ela morde o cantinho da boca, a cena me deixa sem ar.
- quero dizer... Você não precisava ter esse cuidado comigo, mas obrigada.
- Eu precisava sim.
Ela me fita. Seu olhar mostra que a cabecinha tá com as engrenagens a todo vapor, pensando em que eu disse.
- Eu pensei que... Bem.... Eu pensei que tivesse nojo de mim. E depois que vi você com aquela moça lindíssima, tive mais certeza disso.
- Olhe Ana - chamei a atenção e me aproximei mais dela, virando o corpo para o seu lado - não pense essas besteiras, e me perdoe mais uma vez por te fazer pensar assim. Jamais teria nojo de você. Acho que fiz aquilo para tentar provar pra mim mesmo que não estava sentindo tudo aquilo que estava sentindo. E ainda sinto.
Seus olhos brilham. Talvez com certa expectativa. Penso que essa seria uma boa chance de mostrar a ela meus sentimentos.
Ela morde novamente o cantinho da boca. Eu não sou de ferro, não tô sabendo direito como lidar com isso. Quero muito toca-la. Foda-se, preciso disso... Num gesto impensado resolvo me aproximar mais... Vejo que ela fica nervosa... Talvez ansiosa. Olho bem nos olhos dela e mando um recado através dos meus que eu quero fazer aquilo... Quero beija-la.
Decido que é a hora de acabar com a distância entre nós. Me aproximo devagar, quero que ela deguste de todas as boas sensações que um beijo pode nos trazer. Alterno o olhar dos seus olhos para sua boca que está um pouquinho aberta, pronta pra me beijar. A visão dela assim, vulnerável a mim, é espetacular. Passo minha mão livre por sua cintura, e num impulso ela também coloca delicadamente a sua mão no meu ombro. Quando mais eu me aproximo mais sinto o cheiro dela. Quando já estamos com os narizes encostados, resolvo nós conectar. Fecho meus olhos e toco meus lábios nos dela. A textura é incrível. Fico só assim por alguns segundos, sentindo aquela maciez e cheirando o aroma da sua respiração que sai diretamente no meu nariz. Resolvo me afastar um momento para analisar ela. Ana continua com os olhos fechados, e a expressão era como se degustasse disso. Preciso beija-la, mas agora direito. Resolvo que vou fazer isso e a pego de surpresa pelo pulinho que seu corpo da. Enfio minha língua dentro dos lábios macios, que me recebem tímidos, sem saber muito como agir. Guio ela, passando a mão da sua cintura para sua nuca, segurando com firmeza para tomar as rédeas da situação. Minha língua procura a sua e a sensação é indescritível. Ela se entrega, e nossas línguas estão conectadas. Meu coração está disparado, é como se fosse o meu primeiro beijo também. Talvez fosse, pois não consigo lembrar de nenhum outro com o mesmo sabor ou a mesma textura. Não sei quanto tempo dura, mais quando o beijo acaba ainda ficamos com as nossas testas encostadas e recuperando nossos fôlegos.
- então.... Então isso é beijar? - ela diz, com os olhos ainda fechados - é incrível... E foi... Foi muito especial.
Foi especial. Era isso que era pra ser. Especial.
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Always
FanfictionE quando você só foi humilhada a vida toda e surge na sua frente uma oportunidade de ter uma vida melhor. O típico os humilhados serão exaltados. Será mesmo? Ana não acreditava muito nisso. E mesmo depois de um empresário entrar na sua vida e te co...