capítulo 15

990 52 6
                                    


ANA

Três meses depois

Semanas se passaram. Vivemos em uma forma de rotina. Aqui dentro de casa moro praticamente no meu quarto. Não vou mentir, me sinto sozinha. Aimee vem uma ou duas vezes por semana, saio com ela, fazemos um programa de garotas como ela chama, mais ainda sim é tudo muito solitário nos outros dias.

As nossas aparições em público são as melhores coisas dos meus dias. Por mais que sei que da parte dele seja apenas fingimento, e que da porta desse apartamento para dentro tudo voltará a ser como deve ser, o momento que passamos juntos me faz respirar. Algumas das vezes nós entramos no carro e ficamos de mãos dadas ainda, sem ao menos perceber. Adoro a maneira como ele me olha, e isso me quebra inteira. Acho que realmente estou apaixonada por ele.

Rita, minha fiel companheira, anda reclamando que quase não vê "seu menino". Sorrio lembrando da maneira carinhosa como fala dele. Algumas noites escutei seus gritos. Chorei baixinho dentro do quarto, me impedindo de ir la. Não é da minha conta. Seus pesadelos não são da minha conta.

. . .

Acordei hoje me sentindo estranha. Um sentimento ruim. Liguei cedo para minha mãe e ela disse que por lá esta tudo bem. Eles estão animados com a casa nova, e já estão se preparando para renovar todos os móveis. Eu gostaria de participar disso com eles, mais já me sinto feliz só de estar trabalhando pela felicidade deles.

Mesmo depois de ter conversado com eles, o sentimento persiste. Não sei o que pode ser. Lembro que ontem não vi Neymar. Todos os dias, temos algum compromisso juntos, mas ontem Marcos disse que não teríamos nada. Aproveitei e fui ao shopping com Aimee, quando chegamos a porta do quarto dele estava fechada então imaginei que estivesse descansando. Desci para o jantar mais ele também não apareceu e Rita já havia ido embora. Não escutei nenhum pesadelo essa noite.

O toque agudo do meu celular me desperta dos meus pensamentos, e vejo no visor o nome de Marcos.

- Bom dia Senhor Marcos.

- Bom dia Ana. – diz, em tom sério – poderia me fazer um favor? – apenas resmungo um uhum para que ele continue – Você sabe se Ney esta em casa? Eu ligo e ele não me atende. Preciso avisá-lo que o treino de hoje começará mais cedo. Inclusive, se arrume, você precisa ir junto – Meu coração se anima com a notícia. – Severo chegará ai por volta das nove. Estou fora da cidade, mas já sabem as instruções. Avise para Ney me ligar, eu preciso falar mais algumas outras coisas com ele... pode fazer isso por mim Ana?

- Certo – respondo – Eu vou me arrumar e já vou até o quarto dele, e já falo para que ele te ligar, se ele estiver em casa... – a constatação me deixa um pouco triste. Ele pode não ter dormido em casa. Pode ter dormido com alguma mulher... – Até mais.

Me despeço e pulo da cama. Um apertozinho no peito indica que já estou sofrendo antecipadamente. Será que ele esta com alguém? Respiro fundo e esfrego as mãos no rosto. Decido ir verificar antes mesmo de me trocar. Assim, já tenho a certeza de tudo, e fico com tempo para me preparar para enfrentá-lo novamente.

Abro minha porta e silencio toma conta do corredor. Aguço meus ouvidos e não ouço nada. Chego a sua porta. Respiro três vezes pensando se bato na porta ou se já devo abrir. Decido por ser educada e bater. Bato duas vezes. Nada. Silencio. Ele não esta. Dormiu em outro lugar com outro alguém. Uma dorzinha surge dentro de mim... olho para a maçaneta da porta. Penso se não deveria confirmar se realmente ele não esta ou... ou se não esta com visita... não, ele não traria ninguém aqui... pode só estar dormindo... não sei... vou abrir. Decido e quando vejo já estou girando a maçaneta. Olho para a cama e noto que ele esta ali. Um suspiro de alívio escapa, ao perceber que além de ter dormido em casa ele está sozinho...

AlwaysOnde histórias criam vida. Descubra agora