capítulo 13

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ANA

Não preguei os olhos a noite toda. Me sinto um lixo. Piorei mais quando ele veio bater na minha porta implorando para conversarmos. Não há conversa. Estou aqui para trabalhar. Só não desisti pela minha mãe e meu irmão. Por mais que Senhor Marcos tenha me dito que estaria livre da multa, preciso desse dinheiro. Estou aqui com o único objetivo de melhorar a vida deles.

O chá que Rita me trouxe me fez descansar um pouco. Acordei porem não levantei, vamos sair somente as oito e ainda são três da tarde. Tenho um tempinho ainda para começar a me arrumar. Uma batida suave na porta indica que alguém esta ai. Gelo, por imaginar que possa ser ele... a porta abre e alivio com a imagem de uma Rita bem prestativa a porta.

- Dormiu minha criança? – Pergunta solicita. Balanço a cabeça sorrindo que sim – Você tem uma visita. A menina Aimee esta ai. Posso deixá-la subir?

Fico confusa. A esposa de Phillipe me visitando? Pode ser bom... conversar com alguém.. as vezes me sinto muito sozinha mesmo.

- Oh, sim sim Rita, pode sim por favor.

Ela sorri e balança a cabeça, fechando a porta atrás de si. Me ajeito na cama e logo vejo a porta se abrindo. A morena de estatura mediana, muito bonita atravessa a porta pedindo licença.

- Oi Ana, posso entrar? – Balanço a cabeça que sim, e ela entra e fecha a porta. Se aproxima da cama e dou espaço para que ela entenda que pode se sentar também. – não vou nem perguntar como passou a noite, pois estou vendo em seu rosto – me olha com compaixão e um sorriso fraco. – vim porque queria conversar um pouco com você.

Não respondo, apenas sorrio baixando a cabeça e ela entende que pode continuar.

- Sabe Ana, Phil me contou como funciona esse "namoro" de vocês – diz em um tom mais baixo, como se me contasse um segredo, e eu a olho assustada, sabendo que as instruções de Marcos foram claras a respeito de manter segredo absoluto – Calma, não vou contar a ninguém. Estou aqui porque soube que você esta sozinha nesse país e sei que por mais que esse namoro seja não convencional, isso te atingiu. Quero ser sua amiga Ana, quero te mostrar que não te deixarei sozinha aqui.

As palavras dela me atingem. Seguro as lagrimas ardentes e são muitas não dou conta de prende-las. Ela entende que preciso chorar e apenas me abraça. Desabo. Desabo porque estou sozinha aqui e contar com alguém seria muito importante. Desabo porque por mais que eu negue aquilo que ele fez me atingiu completamente. Choro porque eu esperava que tivesse sido um dia especial e sofri uma das maiores humilhações que poderia ter. Mas, sei que choro mais porque aquele beijo era para ser meu.

- Xiii.. eu estou aqui – ela diz alisando meus braços – Não se sinta mais sozinha ok? Somos amigas agora. – Me solta me fazendo encara-la. – eu vou te ajudar, sei que você precisa.

Sorrio de verdade com a noticia de ter uma amiga. Preciso. Me sinto mais leve depois de tanto choro. Se ajeitamos na cama e ela me conta coisas de sua vida como dando passagem para que eu também conte partes da minha. Explico o motivo real de eu ainda estar aqui e falo sobre minha mãe e meu irmão. Ela elogia minha atitude e diz que sou uma pessoa de ouro. Conversamos mais banalidades, na verdade nem sei como entramos em outros assuntos.. a conversa estava realmente agradável. Olho no relógio e vejo que já se passam das sete da noite.

- Caramba, me desculpe Aimee preciso mesmo ir tomar banho, tenho que sair com... Ele as oito e ainda nem separei uma roupa. – peço desculpas por precisar interromper um momento tão agradável da gente.

- Imagina Ana, eu preciso ir embora também ou o Phil manda a SIA atrás de mim já já. – fala e sorrimos. – Mais posso te ajudar a se arrumar antes o que acha?

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