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Calum movimentava os dedos sobre a perna, como se estivesse tocando piano. Estava nervoso, mas sorriu assim que viu Ashton. Ele se aproximava, desviando de algumas pessoas no caminho. Rapidamente o loiro chegou até o banco onde o outro estava sentado, o abraçou de forma desajeitada imediatamente. Segurou o rosto de Hood entre as mãos e o encarou por breves segundos.

— Você está bem? O que aconteceu? — Beijou-lhe a testa.

— Estou bem, só não quero voltar pra casa. Não agora, com a mamãe lá. Achei que ela viajaria sem mim.

— Tentou fugir de uma viagem com a sua mãe? Foi isso? — De alguma forma isso lhe deixou um pouco mais calmo.

— Sim.

— Você nos assustou. Por onde esteve?

— Na casa de um amigo. Ele... — olhou ao redor, o procurando. — me trouxe até aqui.

— É? E onde ele está? — A voz mudou o tom, ficou mais sério.

— Observando. — Sorriu. — Ele disse que queria que eu ficasse em segurança, por isso observaria. Acho que você pode dar um oi a ele. Bem ali. — Apontou na direção de uma barraca de lanche, onde várias pessoas estavam.

— Vamos lá. — Forçou um sorriso.

A verdade é que Ashton estava preocupado, não sabia de onde tinha partido a idéia de fugir e que tipo de apoio ele tinha dado ao moreno. Não sabia qual o caráter desse tal amigo.

Calum acenou enquanto andava, preferia que Michael o encontrasse antes de chegarem onde estava concentrado o movimento maior de pessoas. Recebeu um aceno de volta.

— Aquele é o Michael, ele namora o irmão do Jack, Luke, e conheci ele através do Jack.

— Oh, o Michael...

O garoto os encontrou rapidamente, logo estavam os três parados enquanto um pequeno fluxo de pessoas se seguia indo e vindo.

— Então, tudo certo? — Michael alternou o olhar entre Calum e Ashton.

— É, Ashton entendeu a situação.

— Eu disse que entenderia, é sempre melhor conversar do que fugir. Isso significa que vai voltar com ele?

— Acho que sim. Obrigado por me deixar passar todo esse tempo na sua casa, eu... Você e seus pais foram muito legais e, obrigado. — Sorriu.

Michael abraçou rapidamente o moreno, lhe entregando a mochila assim que o soltou.

— Deixa que eu levo. — Ashton pediu a mochila, falando pela primeira vez depois que o garoto de olhos verdes estava ali. — E obrigado por cuidar do Calum.

— Cuidar? — Soltou uma risada curta. — Vocês se cuidem, eu vou indo nessa. E Calum, pode ir me visitar sempre que quiser, minha mãe adorou ter você lá, e eu adorei te ensinar a jogar!

— Também adorei. Até mais!

— É, até mais. — Ashton disse ao ver o outro acenar e ir embora. — Então, vamos para a sua casa...? A Mali vai me matar quando souber que vim sem ela.

— Eu sabia que ela não entenderia de primeira, por isso preferi que fosse só você. E, talvez eu esteja com medo...

— Estarei com você, vai dar tudo certo, mas, mesmo que não dê, estarei com você. — Beijou-lhe a bochecha rapidamente. — Você nos deu um susto, por favor, não faça mais isso.

— Vou tentar não fazer de novo. — Sorriu minimamente.

Ashton pegou a sua mão antes de começarem a andar. Durante o trajeto o moreno contou como foi a estadia na casa de Michael. Como o garoto preferiu não contar aos pais que o amigo estava ali sem o consentimento dos pais, e conversou com ele sobre ele ser bem vindo, mas que não era o certo a se fazer, fugir nunca era a solução por mais que parecesse mais fácil. Apesar de abriga-lo, sempre deixou claro que a situação em si era errada.

Irwin parou. Olhou ao redor. Só havia eles dois na rua. Olhou para a expressão confusa do mais novo e sorriu.

— O que foi? — Hood questionou, não entendendo nada.

— Eu quero... Vem cá. — Puxou o outro para debaixo de uma árvore, abrigados do sol. Segurou o rosto alheio entre as mãos. — Tudo bem se eu te beijar, certo?

— Não precisa pedir permissão, pode fazer sempre quiser.

— Só queria ter certeza... — Fechou os olhos, encostou a testa na do outro. Sorriu. — Tive tanto medo de acontecer alguma coisa à você. — Sussurrou, mas não esperou por uma resposta, o beijou.

As mãos de Calum se apoiaram nos pulsos alheios, como se tivesse medo de que aquele toque sumisse. As mãos do loiro se desprenderam do rosto bronzeado e desceram para o quadril do mais novo, as mãos de Calum passaram por cima do ombro e tocaram o pescoço do loiro.

Ao término do beijo eles se abraçaram e ficaram em silêncio por alguns segundos.

— As coisas podem ficar difíceis na sua casa. A sua mãe estava alterada quando fui lá. Mas, não se preocupe, o importante é que você está bem.

— Eu sei. Quer dizer, a Joy sempre explode.

— Está pronto?

Balançou a cabeça em concordância. Mesmo não se sentindo pronto, na verdade, ele queria sugerir ficar na casa de Ashton um dia ou dois, mas sabia que isso era impossível e teria que enfrentar a mãe mais cedo ou mais tarde.

— Fica comigo? Depois que ela surtar, você pode passar um tempo comigo pra eu não sentir medo? — Pediu, enquanto andava agarrado ao braço de Ashton.

— Fico o tempo que quiser. — Beijou-lhe o ombro.

— Fica pra sempre, então!? — Sorriu.

— Fico.

A casa de Hood ficou visível e isso foi o suficiente para fazer o coração de Calum bater mais rápido e o sorriso de Ashton murchar.

O celular de Ashton começou vibrar em seu bolso, ele o resgatou rapidamente. Atendeu e colocou no viva-voz.

Cadê você? Caralho, eu- — A voz de Mali soou mais alta que o normal. — Ashton? Eu quero ver o meu irmão! Ele entrou em contato?

Mali — Foi Calum quem respondeu. — Tô quase em casa, se você sair na porta, eu vou poder-

A ligação foi encerrada. Eles se olharam por breves segundos.
A garota de cabelos descoloridos abriu a porta e correu para o lado de fora assim que viu o irmão, atravessou o portão e correu até alcança-lo, com lágrimas no olhos o abraçou apertado.

— Seu idiota! Eu quase morri de preocupação... Meu Deus! Tô tão feliz que você está aqui! — Soltou o irmão para poder beijar repetidas vezes o seu rosto, voltando a abraça-lo logo em seguida. — Nunca mais faça isso!

— Desculpa. — Sussurrou para a irmã. — Está brava comigo?

— Estou! Muito brava com você, mas também estou feliz. — Largou o irmão, deu um passo pra trás e colocou as mãos na cintura, lançou um olhar mortal para Ashton. — Por que cargas d'água você está com o Calum e eu estou em casa?

— É isso que nós vamos descobrir. — Joy respondeu, parada diante do portão escancarado.

Os três parados a poucos metros se viraram para olha-la.

— Mali e Calum, venham pra dentro. — Ordenou a mulher, com a voz autoritária, os braços cruzados.

Calum alcançou a mão de Ashton e a mão de Mali, ficando entre os dois.

— O Ashton vai entrar comigo. Não é, Ash?

— Claro, eu-

— Com você eu falo depois, por agora teremos uma conversa em família, então, se meus dois queridos filhos puderem entrar...

— Tudo bem, Joy. — David colocou a mão no ombro da esposa, tentando acalma-la. — O importante é que nosso filho está aqui, está bem. O melhor é não fazer ele achar que teve motivos pra fugir, certo? — Sussurrou para a esposa.

— Que seja. Depois não venha reclamar comigo. — Respondeu ríspida antes de entrar em casa a passos pesados.

David fez sinal para que todos viessem para dentro e assim os três começaram a andar a passos lentos.


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