Rare || Cashton

09

A porta do quarto foi aberta e por ela entrou um feixe de luz, o ambiente estava escuro e a luz vinda do corredor era a única fonte luminosa. Ashton ficou incerto sobre acender ou não a luz do quarto.

— Cal? Está dormindo?

Não houve resposta. Nada de mexeu, nem um som foi ouvido. Nada.

— Eu te fiz um lanche, quer que eu te traga aqui?

O silêncio no cômodo era quase palpável assim como o clima estranho que ali se instalou.

— Certo, eu busco pra você.

O loiro saiu do quarto, andou apressadamente até a cozinha, forçando o cérebro a lhe dar alguma sugestão, alguma resposta, algo que lhe ajudasse a tirar Calum de seu casulo. Arrumou tudo em uma bandeja e voltou ao quarto alheio.

— Calum... — Novamente sem resposta, resolveu acender a luz. — Eu vou só deixar aqui pra quando você quiser, sim?

Arrastou a cadeira para perto da cama e deixou a bandeja ali, suspirou ao ver que o outro não sairia do lugar. Como se um estalo tivesse sido ouvido em sua mente ele sorriu minimamente antes de apagar a luz e se direcionar a porta.

Um soluço escapou dos lábios de Calum mas ele se manteve imóvel, não queria ter a possibilidade de dar de cara com Ashton e por isso esperou alguns minutos até sentar-se na cama. Com cuidado, usou o interruptor que ficava perto da cama.

No seu quarto haviam dois interruptores para a mesma luz, um perto da porta para quando ele entrasse ou saísse do quarto, seria mais acessível, e um perto da cama para ele poder apagar antes de dormir ou se precisasse levantar durante a noite.

As luzes se acenderam e ele pôde contemplar a bandeja com seu copo favorito com leite achocolatado ainda morno e vários biscoitos, seu estômago clamou por comida no mesmo instante. Mas antes que pudesse se servir um barulho chamou sua atenção para o canto do quarto.

A visão de Ashton levantando-se do chão fez seu coração disparar, tentou se encolher, como se pudesse ficar invisível com o simples fato de ocupar menos espaço na cama.

— Eu pensei que agora que está acordado e disposto, poderíamos conversar...

— Não quero. — Sussurrou.

— Por quê? Eu fiz alguma coisa?

Negou com a cabeça.

Em um ato involuntário, Irwin encurtou a distância entre eles e afagou os cabelos escuros do moreno.

— Você pode me contar qualquer coisa, eu não vou ficar irritado ou sei lá, só quero que me conte o que aconteceu. — Sussurrou na tentativa de não assustar o garoto.

— Eu não sei explicar... Mas sei que você não gosta de ficar aqui porque você ia sair com seus amigos, então eu queria te dizer que você pode ir embora, eu fico bem até meus pais chegarem. 

— Nada disso, eu não vou a lugar algum e tire essa idéia da sua cabeça, eu prefiro mil vezes ficar aqui com você do que sair com outras pessoas. Eu não sei o que você pensa que viu, mas entendeu errado.

— Eu ouvi você ao telefone... — Confessou, envergonhado.

— Era minha mãe ao telefone, sabe como as mães são, sempre querendo a gente em casa. Ela que iria sair e eu ficaria cuidando das crianças, por isso que tive que explicar que hoje não estaria em casa.

— Desculpa.

— Não precisa se desculpar, tá tudo bem. Posso sentar aqui com você?

Hood confirmou com um movimento de cabeça e assim Ashton  sentou-se na cama, ainda fazendo carinho no cabelo alheio. Depois de algumas histórias contadas por Irwin, Calum acabou colocando a cabeça no colo do outro para ouvir melhor o que lhe era contado. Mas antes que pegasse no sono, o loiro sugeriu que ele comesse, já que ele ainda não tinha comigo nada nas últimas horas.