— ...e vamos voltar à noite, mas eu te ligo antes de sairmos de lá.
— É muito tempo fora, você sabe que a mamãe não vai gostar nada da idéia.
— Já falei para o David, e a Joy vai estar ocupada com nossos tios e primos, como sei que quando ela tiver um tempo vai me procurar, já estou te explicando tudo.
— Mas você tem certeza? Tipo, você nunca saiu assim sem a gente, e pra ficar tanto tempo fora...
— É o Ashton, sabe que ele pode cuidar de mim, ela já fez isso antes.
— Até pode, mas não é obrigação dele. O que estou querendo dizer é que você continua dependente, mas agora de uma pessoa que não é da sua família e isso me preocupa mais ainda. Por mim, você não iria, não tô com um pressentimento bom.
— O Ashton é quase da família!
— Por que diz isso?
— Porque ele... — Calou-se, algo dentro de si agitou-se com a possibilidade de contar alguém algo que parecia tão pessoal. Pareceu errado contar a irmã, principalmente porque ele não queria contar toda a conversa.
— Ele o quê? O que vocês fizeram? Por que você considera ele da família? — Preocupou-se com tantas possibilidades que surgiram em sua mente.
— Somos amigos, nos gostamos, pra mim isso já é mais que as pessoas que estão na ali sala.
— Sei. — A garota ficou pensativa. Era bem verdade que Calum não se dava bem com quase ninguém da família, mas o fato dele ter demorado a responder lhe preocupava, porque ele era do tipo que falava o que sentia, sem tentar mascarar nada.
— Mali, você já disse que ama outra pessoa, além de mim?
— O quê? Por que está me perguntando isso agora?
— Esquece. — Sentiu-se idiota por fazer tal pergunta.
Ele mal tinha dormido durante a noite, ficou boa parte do tempo ao celular, vendo o que o amor significava para as pessoas. Tentando descobrir como Ashton lhe amava se não com um amor entre irmãos - que é o único que ele conhece -, e contudo, pareceu mais confuso. E não era algo que ele se sentia confortável para conversar com a irmã, apesar de falar com ela sobre tudo.
— Não, não vou esquecer, quero saber o motivo da pergunta. E sim, já disse que amo outras pessoas além de você, mas é diferente.
— Diferente como? — Perguntou esperançoso. Afinal, Ashton disse que o amava de forma diferente também.
Toda vez que pensava em Ashton, sentia um efeito diferente e que algumas vezes lhe fazia querer ficar mais tempo com o outro, mas algumas vezes lhe deixava uma bagunça e aquilo refletia em seu humor e ações. Tudo era novo, mas ele nunca tinha tido ninguém tão próximo assim antes. Querendo ou não, era diferente da relação que tinha com a irmã.
— Nada disso, me fala o por quê da pergunta que te digo a diferença. Pegar ou largar.
— Sei lá, eu só nunca disse que amo ninguém, mas você faz parecer tão fácil.
Não era mentira, apesar da irmã dizer que o amava, ele nunca tinha o feito, porque ele achava que deveria ter certeza antes de falar qualquer coisa, e amor parecia um sentimento muito confuso.
— Oh... Você ama, só não diz isso, não é que eu faço parecer fácil, é só que não tenho medo de reforçar que amo você. Quanto as outras pessoas, só queria que elas soubessem que eu gosto muito delas, que quero ver elas bem e que elas podem contar comigo sempre.
— Mas não é igual ao que você sente por mim? Pareceu igual... — Ficou mais confuso que antes.
— É, pode até parecer igual porque amor tem a mesma essência. Pensa assim, você como o meu irmão sabe que eu vou estar sempre por perto, que vou te proteger e que você sendo família eu tenho que sempre fazer de tudo por você. E com alguém que não é família, amor é como um elo que liga elas, tão forte quanto o sangue que te faz família. Faz sentido?
— Então não seria estranho dizer que ama outra pessoa que não seja da sua família?
— Não, amor não se limita a família. Mas é um elo forte demais para se dizer a quem não entende. Por isso que só amamos pessoas muito especiais, que significam muito pra gente.
— Acho que agora estou entendendo. — Abraçou rapidamente a irmã, mais calmo. — Obrigado.
— Acho que vou ficar de olho em vocês dois, os assuntos que estão vindo à tona estão me fazendo pensar que talvez vocês... É, vou ficar de olho. — Avisou antes de sair do quarto alheio.
Calum não teve tempo de responder nada e honestamente ele não teria o que argumentar. Estava tentando organizar seus pensamentos, e ainda tinha que lidar com o fato de estar ansioso para ver Ashton.
Contudo, as horas pareciam passar devagar demais e nada conseguia lhe distrair o suficiente. Queria saber como era o lugar que Ashton o levaria, se as libélulas estariam lá, se conseguiriam ver os vagalumes, se tudo seria tão bonito como imaginava ser. Queria que finalmente chegasse o momento em que seu celular lhe notificaria da mensagem de que estava na hora de saírem porque Ashton já estava na frente de sua casa lhe esperando. É, o dia parecia longo demais.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Rare || Cashton
FanfictionAparentemente era um trabalho simples, cuidar para que Calum ficasse bem, mas houve um "efeito colateral" não previsto para esta função.