11.0

412 45 88
                                    

A brisa soprava contra o rosto de Calum, fazendo seu cabelo esvoaçar assim como a blusa fina que usava por baixo de sua jaqueta jeans. Seus pés batiam um no outro, ansioso, tão impaciente que resolveu sentar no lado de fora da casa e esperar que Ashton chegasse.

O barulho no portão de ferro chamou sua atenção, e lá estava Ashton com os cabelos sendo bagunçados pelo vento, um sorriso no rosto, as roupas coladas ao corpo. Hood levantou-se e não tardou a ir ao encontro do amigo, incerto sobre o que deveria fazer parou a alguns passos de distância.

O loiro alcançou o moreno e lhe abraçou, o que deixou o garoto desconcertado e sem reação alguma. Mas isso não fez com que Irwin o largasse de imediato, ele ainda sentia saudades, ainda tinha necessidade de abraça-lo.

— Já estou quase te soltando. — Irwin sussurrou, ainda de olhos fechados e os braços rodeando o corpo do moreno.

Calum não disse nada, mas de forma tímida colocou as mãos nas costas do outro, sentindo-se acolhido pelo abraço ao mesmo tempo que todo o resto era uma bagunça.

— Ok, tudo bem agora. — O loiro sorriu, desprendeu-se do outro.

— Se você quiser sair, por mim tudo bem... — Hood avisou, ainda desconcertado.

— Mesmo? Porque se achar que é desconfortável, a gente fica na sua casa mesmo.

— Podemos ir ver os cachorrinhos?

— Claro.

A verdade era que Calum sabia que estar com Ashton era bom, mas provavelmente não seria igual a mesma coisa com seus pais em casa, por isso ele queria sair, queria ter a mesma sensação que teve ao estar com Ashton antes.

— Antes que eu esqueça, eu te comprei uma coisa... — Sorriu, tirando a mochila e pegando um embrulho dourado. — Mas você só pode abrir quando estiver sozinho.

— Por quê?

— Está tudo no suspense... Certo, é que eu não sei como você vai reagir, então, você abre quando estiver sozinho.

Ambos ficaram em silêncio, Ashton sorriu minimamente para Calum, o que o deixou nervoso. Ele ergueu o embrulho no ar e virou-se, andando até sumir casa à dentro. Seguiu apressadamente até seu quarto, guardou o presente em uma das gavetas de seu guarda-roupa.

Joy o olhou curioso quando ele tornava a atravessar a casa até a saída, não disse nada pois mais cedo já haviam conversado sobre o fato dele sair.

— Então, eu estava pensando, e se eu te levasse pra conhecer um lugar novo? — Sugeriu assim que o moreno fechou a porta de casa.

— Um lugar novo?

— Não é novo no quesito tempo, mas você ainda não conhece e tipo, é um lugar que eu gosto muito e nunca tem muita gente. — Ashton sorriu no final, tentando disfarçar a mentira que acabara de dizer. O lugar que ele tinha em mente estava praticamente abandonado, nunca tinha encontrado ninguém lá, mas tinha receio de isso soar um pouco assustador.

Calum concordou com um movimento de cabeça, passaram pelo portão de ferro e o moreno se manteve ao lado do outro, ouvindo tudo que ele falava. E sempre que tinha que passar por pessoas, ele tentava ao máximo não usar o corpo alheio de escudo, mesmo que não quisesse ninguém esbarrando nele.

Ashton lhe falou sobre a loja que visitou recentemente, queria levar Calum lá algum dia, sabia que ele iria gostar. Contou sobre com ajudava a mãe com os irmãos. Queria falar sobre como Mali-Koa praticamente lhe fez um interrogatório para saber tudo que aconteceu enquanto estava fora, mas achou que isso poderia deixa-lo nervoso, então optou por não fazer.

Não demoraram a chegar em um ponto de ônibus, onde Ashton parou e pediu alguns segundos. Em alguns minutos as pessoas começaram a chegar e o moreno começou a ficar nervoso com a situação mas para a sua sorte o ônibus surgiu ao longe, contudo, a preocupação não passou ao cogitar a idéia de pegar um ônibus lotado. Mas para a sua supresa Ashton não entrou no ônibus e mais uma vez o ponto ficou vazio.

— Ok, vem comigo.

— Por que ficamos parados ali se não íamos entrar no ônibus?

— Só não queria as pessoas nos julgando quando fôssemos por um caminho nada tradicional.

— Caminho nada tradicional...

— Aqui, vem.

Ashton seguiu para atrás do ponto de ônibus e ali estava uma trilha que Calum não tinha visto antes. Eles seguiram por ela durante poucos minutos até chegarem ao caminho de pedras.

— Bom, era pra ser uma pracinha, mas foi abandonada antes da conclusão... Eu consertei os balanços, mas você sabe, não tinha como terminar tudo... Então, eis aqui um dos meus lugares favoritos.

— É lindo. — Sussurrou.

Havia um suporte para dois balanços onde só uma funcionava, eles ficavam parcialmente na sombra de uma árvore. A pista de skate inacabada fazia parecer uma piscina infantil de cimento. Havia também algumas estruturas para brinquedos inacabados, algumas flores silvestres ajudavam a enfeitar o lugar.
Era silencioso, convidativo, praticamente secreto. Um lugar especial.

Rare || Cashton Onde histórias criam vida. Descubra agora