12.0

346 41 184
                                    

Ashton chegou na praça ofegante, viu Calum sentado na beirada da rampa, com as pernas balançando no ar, os olhos fixos em seus próprios pés.

— Ei... Vem sentar à sombra, pode acabar se queimando com esse ar de sol. — O loiro disse, se aproximando do garoto. No entanto, tudo o que o moreno fez foi parar de balançar as pernas. — Cal?

Hood ficou tenso com a proximidade do mais velho. Se apressou em passar as mãos pelo rosto. Tentou sorrir antes de erguer a cabeça, falhou. Permaneceu imóvel.

— Você está bem? — Ashton perguntou, estranhando o comportamento do amigo.

Não obteve respostas e isso o preocupou, sentou ao lado do moreno e passou alguns segundos decidindo o que fazer. Levou as mãos ao rosto do outro, erguendo para ver seus olhos com lágrimas acumuladas, suas bochechas vermelhas. Ouviu o próprio coração se quebrando. Puxou para um abraço, querendo que aquilo fosse suficiente.

— O que fizeram com você? — O loiro sussurrou antes de separar o abraço.

Calum voltou a baixar o olhar, entrelaçando as mãos, encolhendo os ombros.

— Vem comigo, vamos para a sombra. — Estendeu a mão que foi pega pelo moreno. Seguiram juntos até embaixo da árvore.

Ashton sentou no chão, apoiando as costas na árvore, disse para Calum sentar como quisesse, ou deitasse, o que fosse melhor. O moreno praticamente deitou-se no colo do outro.

— Você me disse que quando era criança, achava que as borboletas eram fadas. Lembra disso? — Irwin iniciou, acariciando o cabelo alheio, o outro concordou com um leve movimento de cabeça. — Eu achava que os vagalumes eram as estrelas cadentes que vinham parar na terra.

— Mesmo? — A voz de Calum saiu baixa e rouca.

— O que atualmente parece ridículo, se ocorresse de uma estrela cair na terra, aconteceria um desastre. Sabe, as vezes sinto falta disso...

— Dos vagalumes? — o moreno se interessou.

— De ver as coisas de forma simples, sem procurar lógica. Acreditar no que os olhos vêem sem questionar. Não pensar demais, não sentir medo. Fazer o que se tem vontade e pronto...

Os olhos escuros de Calum se encontraram com os de Ashton, e o loiro podia jurar que os olhos alheios brilhavam de uma forma única, que havia magnetismo e por isso ele não conseguia desviar.

— Tem medo de fazer o que tem vontade?

— Tenho medo de ser uma loucura. — Admitiu para si mesmo em voz alta, e de alguma forma soou diferente das outras vezes que repetiu isso mentalmente.

— Oh, sim. — O mais novo ficou pensativo.

— Quer me contar por que estava chorando?

— Estava com medo. — Admitiu, por mais que sentisse vergonha.

— Medo de quê? Alguém tentou fazer alguma coisa com você? Por quê...? — Preocupou-se, vendo o outro desviar o olhar e sentar-se.

— De você estar chateado comigo; de alguém chegar aqui; de você não vir. Você me pediu para te esperar mas eu vim sem você, e tinha uns garotos falando alto que eu não sei onde estavam. A Mali, ela- — A vontade de chorar por fim virou um nó por estar presa.

Ashton se apressou em limpar uma lágrima que escapou, passando o polegar pela bochecha do garoto a sua frente, pedindo silenciosamente que ele o olhasse, acariciando seu rosto.

— Olha, jamais pense que eu vou me chatear e te deixar, você é a pessoa mais incrível que eu já pude conhecer. Eu não sei o que te falaram, ou te fizeram pensar, mas, quero que você saiba que acho impossível que algum dia eu não goste de você. Por favor, perceba que eu amo você.

Os olhos de Calum brilharam mais ainda, se desvencilhou das mãos do outro em seu rosto e o abraçou forte, sentindo mais algumas lágrimas escaparem.

— Por favor... — Suplicou o mais baixo que conseguiu, rodeando o garoto com seus braços e deixando um beijo em seus cabelos antes de fechar os olhos e aproveitar do calor alheio.

Rare || Cashton Onde histórias criam vida. Descubra agora