Apenas nós dois

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O fim do dia e o calor do sol estão cada vez mais próximos, está esquentando e uma parcela de suor se acumula em minha testa e em meu pescoço. Recupero a respiração quando alcanço a parte mais escondida da floresta, toco as folhas durante minha corrida e deixo de lado a dor em meu peito. Alcanço a ponta do lago e finalmente consigo enxerga-lo. O loiro suave, os dedos macios com calos e os olhos azuis curiosos. Ele está sentado na beira do lago, na grande pedra...atirando pequenas pedrinhas na água. Seu corpo está exposto ao sol, o peitoral e os pés se bronzeiam naturalmente e o cabelo fica bagunçado com o vento. Fico o observando pensativo encarando o lago, dou passos pequenos e silenciosos enquanto analiso suas costas robustas, marcadas e musculosas. Seguro minha respiração forte e fecho meus olhos antes de dizer o que estou prestes a dizer. 

- Quando eu fui aceita na faculdade do distrito 2 você comemorou comigo - contenho meu peito, apertando o tecido de meu vestido - depois...eu contei que iria morar lá e tivemos a nossa primeira briga. Foi quando eu disse que me afastaria de você.

Peeta ergueu a cabeça que estava baixa, no momento em que escutou minha voz, porém ainda não se atreve a me encarar.

- Eu magoei a mim e a você dizendo aquilo. Sabe...eu fiquei um ano inteiro com a mão coçando para não ligar para o seu número, o seu contato estava ali e nossa foto juntos em minha tela de bloqueio me deixava saudade e dor no peito.

Ele finalmente se virou e cada vez mais eu me aproximava para encara-lo. Depois de um silêncio, sua respiração falha e ele coça a testa.

- Eu fui várias vezes até o distrito 2 - a feição murcha de decepção - mas nunca tive coragem de ir visitar você.

Fechei os olhos lentamente e segurei meus nervos.

- Eu também sentia a sua falta, Katniss. Sentia muita. Pensava em você todos os dias, e...me culpei por termos acabado daquela forma.

- Não, você não podia pensar isso de si mesmo - balanço a cabeça - eu achei que seria melhor cada um seguir o seu caminho, pensei que...eu nunca poderia me apaixonar por você - sorrio idiota e chorona - mas aqui estou eu, não é mesmo?

Ele entreabre a boca, demonstra estar pasmo e parece não acreditar no que acabou de ouvir.

- Não faça pegadinhas comigo.

- Não é pegadinha.

Ele coça a nuca e me observa de cima a baixo.

- Eu estou alucinando.

Me sento na pedra ao seu lado e seguro suas mãos.

- Isso parece ser alucinação?

Ele contrai os lábios e vejo seus olhos marejarem.

- E o seu noivado?

Balanço a cabeça em negação, com aquele sentimento que ainda me dói, algo ainda recente e não superado.

- Acabou.

- Por minha causa?

- Não...foi por minha causa. Iria acabar de qualquer forma, não é justo casarmos sem termos sentimentos por alguém.

Reunidos por um casamento Onde histórias criam vida. Descubra agora