- Vamos ver um desenho.- Vinnie pega o controle da TV de minha mão.
Estamos em algum hotel em Lincon Hills, ou perto.
Minha cabeça é composta por um zumbido agonizante.
- Eu vou ao banheiro.- me levanto.
Tranco a porta e encosto minha cabeça na parede, estou tão cansada.
Por mais que eu não queira, tenho que fazer isso, não vou aguentar o peso na consciência se algo acontecer.
- Vinnie.- grito ainda atrás da porta.
Ouço seus passos vindo até mim.
- Tudo bem?
- Pode me emprestar o celular...quero fazer umas ligações.
- Claro.- passa o celular.
O humor dele muda tão rápido que é impressionante. Na real, eu acho que até eu sou meio bipolar.
Penso muito antes de digitar números.
- Quem fala? É madrugada.- Daniel atende.
- Oi- digo tremula- Sou eu...
- Beatrice? Onde você está?!
- Não diga como se preocupasse, você não é meu pai.
- Eu te vi fugindo com aquele marginal.
- Não fala assim, agora me deixa falar com minha mãe.- engulo seco.
- Ela não quer falar com você.
- Por favor- imploro.
- Estamos melhor sem você, não ligue mais, e quer saber? Ninguém sente sua falta.
Desligo.
Não consigo expressar meus sentimentos aqui, não mesmo.
É apenas um vazio a cada minuto.
Eu não posso fazer nada.
Eu não posso fazer nada.
Eu não posso fazer nada.
Isso é culpa minha.As vezes eu penso que se não tivesse nascido talvez minha mãe poderia ter tido uma vida melhor.
Vejo isso agora, aparentemente, ela nem se deu ao trabalho de importar.Fecho os olhos.
Normalmente é agora que eu penso em algo pra me perder.- Não escuta ele.- percebo que Vinnie ainda está lá.
Abro a porta demonstrando minha ansiedade e ele se senta ao meu lado.
- Não tinha que ter escutado isso.
- É culpa minha?- pergunta.
- Não, claro que não.
- Você tem medo dele, consigo ver em seus olhos.
- Eu tenho medo de muitas coisas...- encaro o chão.
- Você tem medo disso? Tem medo de mim?
- Talvez.- deixo escapar uma lágrima.
- Sabe porque eu ainda estou aqui?
- Não...
- Porquê você é a única garota que não me explorou, ou me tratou como um deus, você revidou.
- Para com isso...- suspiro baixo.
- Parar com o que?
- "Eu te odeio", lembra disso? Te disse a algumas horas, e não mudei de ideia. Não quero que vire o mocinho da minha história...
- E eu não quero que pense que é um monstro.- olha em meus olhos.
- Você realmente leu aquelas páginas, isso é horrível.
- Não é tão horrível assim, você escreve seus sentimentos como eu escrevo músicas.
- Nesse caso eu adoraria ir em um show seu e tacar frutas no palco.- sorrio leve.
- Como é bom saber que seu espírito malicioso ainda está vivo.
Sua mão estava sobre a minha, é como se eu esquecesse do contexto, e focasse no momento.
- Só uma pergunta, como sabia onde ficava minha casa?- indago.
- Eu quase fui preso por pichar naquelas paredes brancas e velhas, longa história.- ri fraco.
- Isso não explica minha pergunta, mas é bem mais interessante.
Ficamos encarando o nada por mais alguns minutos.
- Não é adorável, totalmente sozinhos...- quebra o silêncio, logo me lembro de um livro.
- Coração em chamas, como uma vela você me esquenta...- continuo o surpreendendo.
- Te perseguirei por mais anos, e anos em busca de seus braços aquecidos...
- Bem vindo a casa.- termino.
- Meu preferido.- sorri.
- Impressionante saber que já leu algum poema.
- Impressionante sua capacidade de me julgar sem nem me conhecer, ou quase.
Era como uma canção, suas palavras completavam as minhas.
Queria chorar, desmoronar, me perder como sempre faço, mas ele estava lá, pra ser o mocinho desse capítulo. Isso não muda nada, não muda o fato dele ter roubado minhas coisas, e invadido minha privacidade, mas quer saber? Eu não ligo, é ele que está ali ao meu lado.
- Eu ainda te odeio.- sussurro de lado.
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Próximo capítulo em breve.
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Dear diary, Vinnie Hacker.
FanfictionHistórias de amor nunca fizeram sentido para mim. Quando roubou meu diário, roubou parte de mim e tudo o que eu pensava. Em poucas páginas você me decifrou, e em poucos dias eu conheci seu lado inexplorado. em andamento. - Não aceito adaptações. @vi...