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Vasculho as estantes da biblioteca da escola em busca de algo pra esfriar a cabeça.

— Vai levar pra casa? - o estagiário pergunta.

— Aqui, no meu estado consigo ler Orgulho e Preconceito em algumas horas, você se surpreenderia.

Ele assente e me dá o livro.

Não vi Hacker o dia todo, não quero pensar sobre isso, mas é inevitável.

— Aí! Hell! — sou parada no corredor por um garoto — Eu vi o vídeo, vocês mandaram muito bem.

— Que vídeo?

— No Rose and Music.

Isso explica os olhares estranhos sobre mim o dia todo. Só queria me divertir, sair da minha zona de conforto, e acabei saindo até demais, e minha defesa estava lutando agora.

Péssimo, não gosto de atenção, ser invisível tem suas vantagens. Mas para Hacker e sua banda deve ser ótimo ganhar reconhecimento nesse nível. Não quero me preocupar com isso agora, já estou farta de tudo.

Vou até a entrada, na intenção de encostar em uma árvore qualquer e ler, mas sou interrompida.

— Está me ignorando?

— Bingo Hacker — tento passar reto.

— Isso é ridículo.

— Então por causa de um beijo você quer que eu altere meu nome para Karen, adote oito gatos, case e tenha cinco filhos com você para se divorciar no final?- paro.

— Talvez — sorri.

— Ah, olha só, é seu fã clube.

Garotas entram em nosso meio como uma colméia de abelhas.

— Você canta muito bem Vinnie.

— É, eu amei seu vídeo, você é com certeza "o momento".

— Obrigado meninas — diz sem jeito
— Tenho que ir agora, problemas pessoais.

— Obrigado meninas — repito em tom irônico vendo elas se retirarem.

— Viu isso, nós somos o momento.

— Pode ser "o momento" sozinho, não preciso mais do que seu desaparecimento.

— Não disse isso a um dia atrás.

— Foi só um beijo, não significou nada.

— Tantas mentiras — suspira — Eu não ligo pra nada disso, nem o beijo, nem a gente, a questão é você que não aceita seu interior.

Ele me deixa sozinha, calada.

"Foi só um beijo, não significou nada"

Que mentira
Que mentira
Que mentira

Faltam alguns minutos pro sinal bater.

— Triz?

— Ah, oi Lily.

— Eu sei que você está lendo, mas será que a gente pode falar?

— Claro, senta aí — nunca a vi tão séria.

— É complicado, tem que me prometer que não vai gritar comigo, não gosto quando as pessoas ficam bravas.

— Prometo.

— Eu saí com o Michael, e fiz de tudo para ele gostar de mim.

Dear diary, Vinnie Hacker.Onde histórias criam vida. Descubra agora