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Já são 22:00 hrs, do outro dia.

Estou sem rumo, dormi por muito tempo, minha cabeça dói e minha mente tenta se tocar da realidade.

- Droga...- resmungo lembrando de que hoje iríamos juntas descobrir o sexo da criança de Lily.

Não que eu faça tanta falta assim, ainda mais nessas coisas, mas era importante pra ela, e eu consegui perder isso.

Haviam muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, mas não estava focando em nada.

Curtas lembranças me fazem recordar ontem, agora entendo porque dormi tanto assim. Ingeri remédios. Todas aquelas palavras, tudo aquilo, tudo que Vinnie Hacker disse pra mim...

A angústia volta ao meu peito.

Encaro o diário dele jogado no chão de meu quarto. Não me importa o que está escrito ali, não mais.

Mamãe deixou um bilhete, já sabia que eu acordaria tarde, ela havia saído, e pelo visto só iria voltar daqui a dois dias.

Ligo pra Lily, pra tentar me desculpar.

- Beatrice?

- Lizzie? - reconheço a voz da garota.

- Olha só quem resolveu aparecer...

- Posso falar com a Lily? Quero pedir perdão por vacilar hoje, e saber como foi.

- Ahm, entendi, pra você é tudo muito fácil. - diz sarcástica.

- Como é? - estranho.

- Onde você tava Beatrice? Me diz, anda - se estressa - Aposto que com Vicent Hacker.

- Não estou te entendendo...

- Mesmo depois dele te enganar, te fazer passar por essa humilhação, você continua caindo no papo dele.

- Passa o celular pra Lily, é pra ela que eu liguei, pra ela que eu devo satisfações. Não vou discutir com você Elizabeth. - sou direta.

- Sabe o que você é? Egoísta. - aumenta o tom de voz grosseira - Não sabe dar valor a quem está do seu lado, suas próprias amigas, tudo pra que? Pra ficar com um idiota, enganador, que te usou o tempo inteiro.

Ficamos em silêncio, por completos cinco minutos. Ela havia chegado ao seu limite, e eu já havia ultrapassado o meu há muito tempo.

Cogito desligar, até ouvir os soluços de seu choro.

- Sabe quem te merece? Quem sempre te mereceu? - suspira - Eu. Eu sempre tive aqui por você, mas é claro que nada disso importa. Eu amava ela também...eu amava tanto minha irmã.

- Não sei o que falar. - engulo tudo o que estava sentindo.- Sinto muito.

- Você ama ele Beatrice?

Desligo.

Percebi que não adianta o que eu faça, o que eu escolha, não vai ser suficiente, nunca vou conseguir estar certa sobre algo. Me sinto tão cobrada, perdida.

Eu realmente lamento pela irmã de Lizzie, mas vejo também que o que ela quer é que eu seja sua irmã, mas eu não sou.

Tô tentando agradar todo mundo, menos a mim mesma. Ouço todo mundo, menos a mim mesma. Mas ao mesmo tempo parece que ignoro todos a minha volta e escolho seguir apenas mim mesma, na minha pior versão.

É como um caos, uma música barulhenta e sem letra que ecoa cada vez mais alto. Desastre.

Já perdi meu dia, mas não minha noite, pelo menos agora, eu não ligo.

Pego minhas coisas e tranco a casa, sem deixar que nada me atrapalhe.

Aos poucos consigo ouvir minha música barulhenta se misturar com a música barulhenta de uma boate ali perto, e elas entram em sintonia.

Todas aquelas pessoas dançando, poderia ficar analisando cada uma delas, desvendando seus problemas e defeitos, falando como era fútil tentar afogar tudo em uma balada como essas. Mas não, porque hoje, eu sou uma delas. Ou pior que elas.

Aos poucos vou tomando doses, dançado em frente ao palco com desconhecidos totalmente duvidosos.

- Mais uma? - um garoto da banda me oferece um shot - Talvez uma menina como você não deveria beber tanto.

- Não é do seu interesse o que uma menina como eu deveria fazer. - falei tonta. - E respondendo sua pergunta, sim, mais uma.

Foram mais uma.
Mais duas.
Mais três.
E quando me dei conta, tinha perdido as contas.

Dançava com todos como se tudo fosse eclodir, parecia tão fora de si, mas nunca tinha me sentido tão eu mesma.

O problema é que nada sumiu. Todos os problemas, tudo, continuava em minha mente. Só que dessa vez, parecia bem mais fácil resolver.

"Você acredita em anjos?"

"Pra você é tudo mais fácil."

"Você."

"Egoísta."

"Quero que seja sincera."

- Você tem um telefone?

Pego o objeto e corro para o banheiro, tudo já está em chamas, tudo sempre vai se tratar de mim não importa o que eu faço. Quando o fogo já está alastrado por toda parte, não tenho outra opção a não ser jogar mais lenha e me sentir queimar.

Me tranco na primeira cabine.

- Oi, eu sei que já é tarde, pouco importa, a hora que ouvir isso quero que saiba que eu estou muito bem. - dou uma risada sarcástica - Bem sem você, e é assim que tem que ser. Disse que estava esperando eu ser sincera, estou sendo. Pegue suas coisas e vá pra longe, como sei que pensa.

Penso que tudo o que tinha pra dizer havia se acabado, mas não.

- Que se dane. Eu te odeio tanto que ainda te desejo, e isso não vai mudar nunca, por mais que os outros tentem me manipular. Isso não significa que nosso conto de fadas ainda seja real, mais significa que eu estou bêbada e preciso mandar tudo ir a merda. Inclusive, vá você também. - falava com o celular como se fossem minhas últimas palavras. - Se era isso que queria ouvir, disse e repito, eu te odeio por mentir pra mim Vinnie Hacker.

Agora estamos quites, não é mesmo?

A questão é, não há mais questões, só que a intensidade dessa noite tenha sido demais, mas sejamos reais, é muito melhor se arrepender do que chorar.

E no meu caso, eu faço os dois.

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Próximo capítulo em breve.

Dear diary, Vinnie Hacker.Onde histórias criam vida. Descubra agora