Kamélia Sorthur
Por mais que tentasse, Kamélia Sorthur não o entendia.
Às vezes, Kang se apresentava como um homem atencioso, com gestos e palavras que pareciam quase sinceras, como se realmente se importasse, quando na primeira vez que se encontram, ou quando a ajudou com o gato.
Era nesse tipo de momento que ela quase sentia um interesse genuíno, algo que a fazia questionar se ele realmente era tão impenetrável quanto aparentava.
Mas então, em outros momentos, ele virava uma versão completamente diferente de si mesmo — aquela faceta perversa, fria e calculista, como se estivesse pronto para destruir tudo e todos em seu caminho. A transição entre essas duas versões dele era tão abrupta e constante que a deixava perdida.
O que mais a incomodava, no entanto, era a forma como ele sabia usar palavras. Ele tinha uma habilidade de iludir, de fazer com que ela se sentisse especial e, ao mesmo tempo, como se estivesse caminhando sobre uma lâmina afiada.
Às vezes, ele parecia genuinamente interessado nela, fazendo-a acreditar que, de alguma forma, ela significava algo. Mas, depois, ele virava a cara e a deixava vulnerável, como se fosse tudo feito para deixá-lo no controle.
Kamélia sabia que isso era perigoso. Ele não só a manipulava com suas palavras como também mexia com seus sentimentos, jogando com sua mente e deixando-a em um estado de confusão constante.
Quando ela tentava decifrá-lo, ele sempre se mostrava distante, como uma parede impenetrável. Mas nos momentos em que ele se aproximava, parecia que o terreno estava se tornando cada vez mais instável, mais traiçoeiro.
Ela não sabia o que mais a atraía nele: a dificuldade de compreendê-lo ou o perigo que ele representava. Mas o que mais a preocupava era que, por mais que tentasse resistir, havia algo em seu comportamento que fazia com que ela se sentisse ainda mais envolvida. Ele era a personificação da atração fatal — não por sua força, mas pela habilidade de iludir. E isso, Kamélia sentia, poderia ser mais destrutivo do que qualquer outra coisa.
O motor do carro foi desligado, interrompendo o silêncio entre Kamélia e Kang. Ela se perdeu em seus próprios pensamentos por um momento, mas a voz dele a trouxe de volta à realidade, cortando a quietude que havia se formado no interior do veículo.
— Chegamos.
Kamélia olhou pela janela e, pela primeira vez, percebeu que estavam parados em frente à galeria. Em contraste com a tensão do mundo exterior, ela sentiu uma estranha sensação de relaxamento tomar conta de si. O ambiente familiar, o espaço cheio de possibilidades, trazia uma sensação de tranquilidade. Ela sabia que ali dentro poderia se perder em suas pinturas, no processo criativo que tanto a fascinava.
Ela segurou a maçaneta para abrir a porta do carro, mas antes que pudesse, Kang segurou sua mão.
— Me ligue quando quiser voltar. Eu ou Joseph, viemos buscá-la.
Kamélia olhou ao redor, notando alguns homens observando a entrada da galeria. Ela levantou a sobrancelha e perguntou, com um tom curioso:
— São seus capangas?
Kang apenas acenou com a cabeça, confirmando.
Ela fez uma careta. Algo não estava certo.
— Acho que perdi meu celular.
Ele olhou para ela por um instante, como se estivesse processando a informação, e de repente, seus olhos brilharam com um pensamento. Ele abriu a gaveta do carro e pegou algo, estendendo para Kamélia.
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The Demon: heaven or hell? ❄ Kwon Jiyong
FanficO Demônio. É assim que um dos maiores traficantes da Coreia do Sul é chamado pelos policiais e detetives que o procuram. Ninguém sabe quem ele é. Ninguém sabe onde ele se esconde. Ninguém sabe como tudo verdadeiramente começou. A única coisa que de...