4ª Fase: Entre hospitais - parte 2

530 72 113
                                    

— eu to amando q vcs estao se empenhando DE VERDADE  ai que emoção *-*

— soltei mais um, já já sai outro!

(...)

Bella terminou a gelatina de framboesa que Kevin lhe servia de colherada em colherada. Ainda sem acreditar que estava grávida de um bebê a atropelada em um hospital na Irlanda. A sua vida era mesmo uma novela mexicana.

— Tiveram alguma pista da pessoa que a atropelou? — Harrison perguntou, de repente, adentrando no quarto com quatro copos de café em mãos.

— Conseguiram as filmagens da avenida, o carro fugiu, mas não conseguiram ver a placa, apenas o modelo.

Tom responde, entredentes, encostado na mesa ao lado da maca, enquanto suas mãos estão contidas no bolso na sua calça jeans. Bella percebeu que ele estava mais silencioso, distante, os olhos constantemente vermelhos e com uma notória ansiedade. E como poderia culpá-lo? Eles seriam pais. Faziam três meses que se conheciam e agora teriam um bebê nos braços em oito meses.

Bella respirou fundo, jogando a cabeça pra trás e negando a gelatina, enquanto tentava a todo custo evitar os olhos do namorado. Ainda não tinham conversado sobre isso, sequer tinham conversado sobre a sua ideia ridícula de ir espioná-lo na Irlanda. Ela queria abraçá-lo, dizer que ficaria tudo bem, mas como poderia consolá-lo se ela era o principal motivo do seu sofrimento silencioso?

O médico chega alguns segundos depois. São sete da manhã quando ele passa a ronda. O homem grisalho se surpreende com o quarto lotado (Alexandra dormia com a boca aberta na poltrona ao lado da cama) e por fim, sorriu.

— Está lotado por aqui hoje... — O homem afirmou, analisando o prontuário e enfim encarando-os — Como passou a noite, srta. Downey?

— Ela sentiu um pouco de dor de cabeça e as enfermeiras ministraram um analgésico. Depois disso ela conseguiu dormir. — Tom responde em seu lugar, os olhos exaustos, mas atentos.

— Certo... A dor de cabeça é normal por causa do corte. Eu agendei um exame de ultrassonografia transvaginal para a Srta. em uma hora. Como a gestação ainda está no início e não temos sinais cardíacos, é através do tamanho do endométrio que conseguimos ter um padrão para analisar o desenvolvimento do embrião.

Bella levantou seu olhar em direção ao namorado, enquanto todos ficavam em silêncio. Nenhum dos amigos presentes no quarto ousara tocar no assunto "gravidez" até então. Ninguém parecia querer ser o primeiro a falar sobre aquilo.

— Tudo bem. — Bella respondeu, dando de ombros — Vou me preparar.

— Ótimo! Um residente vem te buscar em uma hora, e depois que o resultado do exame sair, não vejo motivos para mantê-la aqui. Nesses primeiros dias de recuperação, eu não quero que a Bella fique sozinha nem por um instante. Sei que é americana, mas não é recomendado que pegue um avião, pelo menos até sua pressão sanguínea estiver completamente estável. Pelo acidente, a gravidez por vir a se tornar um risco, portanto, tentem mantê-la o mais longe de stress que puderem, isso inclui... Brigas de casal e troca de socos. — ele lançou significativo a Tom — Vou deixar algumas outras recomendações aqui, mas irei vê-la, de todo modo, antes de assinar a liberação.

— Tudo bem. — Bela assentiu mais uma voz, monossilábica.

O homem sorriu, acenando com a cabeça pela última vez e dirigindo-se para fora do quarto. Todos ficaram em silêncio por alguns instantes.

— Então... É isso? Vamos ter um bebê? — Kevin perguntou, arqueando a sobrancelha e olhando para Tom e Bella, que tinham os olhos arregalados e pareciam sem um fio de voz, ou coragem pra falar.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora