6ª Fase: Ameaça

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"Quero que apareça na casa de praia de um amigo meu em San Diego. Vou enviar o endereço, a data e horário por mensagem. Se você não assumir a história do acordo, jogo o tudo o que eu sei no ventilador e nós duas sabemos que a mídia é capaz de fazer da sua vida um completo inferno."

Bella limpou a boca com as costas da mão depois de vomitar pela segunda vez depois que Nadia tinha deixado a festa. Ela tinha conseguido se arrastar até um banheiro e quase desmaiou, depois conseguiu forças para fingir que nada estava acontecendo, terminar a festa, dirigir uma Alex semi alcoolizada (que foi o caminho inteiro dando em cima dela) até o quarto, enfiado a garota embaixo do chuveiro, ouvido vários palavrões e tê-la deixado sã e salva em sua própria cama.

Agora estava lá, vomitando no chão dos jardins, onde estava parada há aproximadamente vinte minutos sem conseguir tomar coragem para subir. Porque lidar com todas aquelas pessoas, tudo bem.
Lidar com Alex inconsciente, ótimo, porque consciente ela estava ferrada.
Agora como, em sã consciência, iria encontrar com Tom e lhe contar toda a verdade?

Sua cabeça estava explodindo. Ela sabia que não podia dizer nada a ele, pura e simplesmente pelo fato de que ele a prenderia em casa e deixaria que Nadia fodesse com sua vida. Porque no fim, sabia de toda a história do contrato. Podia não ter como provar nada, mas se essa história caísse em domínio público, seria investigada, e o inevitável aconteceria: todos descobririam que o bebê Downey-Holland era nada verdade fruto de uma relação que começou como uma mentir, mas que era muito real agora. 

E como essa notícia cairia sobre a vida deles? E sobre os contratos de trabalho? Pior ainda, sobre os fãs? Previa garotas de quinze anos cortando os pulsos, e isso não era nada, nada bom.
Olhou seu reflexo no espelho. Estava pálida, seus olhos estavam vermelhos e ela parecia prestes a ter um treco. Que beleza. Tomou um gole de água, colocou um chiclete na boca, e incapaz de pensar, caminhou como um zumbi até o elevador, subindo até o apartamento. Seus cachorros praticamente a derrubaram quando ela voltou para dentro de casa, só que dessa vez literalmente, porque ela não aguentou o golpe de dois labradores enormes em cima dela.

Ignorando-os pela primeira vez desde que os adotou, jogou a bolsa no sofá e se jogou nele. Tom apareceu um segundo depois, só de cueca, e sua expressão se encheu de preocupação logo em seguida, fazendo-o brotar bem na sua frente, agachado, em alguns milésimos de segundo.


— O que houve? Você está bem?
Ela apenas negou com a cabeça.
— Bella, o que houve? – Ele questionou, passando a mão na testa fria da garota.
— Eu passei mal. Vomitei duas vezes lá fora – disse, e Tom mordeu o lábio.
— É sério? Achei que você tinha passado dessa fase. Esse negócio de vômito não é só nos primeiros meses? – Disse, puxando-a pra cima, e a encarando nos olhos. – Ainda precisa vomitar?
— Acho que não – disse, e ele correu para pegar uma garrafa de água, que ela negou beber. – Já bebi.
— Tome mais um pouco, você ainda está verde. E coma essa azeitona – ele disse, tirando um pote de qualquer lugar, porque ela não tinha reparado que ele estava com aquilo.

Depois de fazer o que ele mandou, Bella suspirou, quase chorando.
Queria se debulhar em lágrimas. Queria contar tudo para ele, queria que ele fosse na casa de Nadia e... Bom, ele não poderia bater nela. Mas poderia fazer alguma coisa. Por que, diabos, as pessoas sempre ameaçam o lado mais fraco?

— Ei, está melhor? – Ele perguntou, passando a mão no cabelo dela, e ela assentiu.
— Acho que sim.
-— Você está estranha. Aconteceu alguma coisa?

"Sim, aconteceu que eu estou sendo ameaçada por aquela vaca loira e nós estamos fodidos com qualquer coisa que eu resolva fazer".

— Não, só não me recuperei direito ainda, eu acho – Bella assentiu, beijando-o na bochecha. – Vou escovar os dentes e deitar para ver se passa.
— Tem certeza? Não quer ir, sei lá, pro hospital? Você está verde ainda.
— Eu estou melhor, juro – ela disse, quase sorrindo, mas queria chorar.

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