1º Fase: Funções de um namorado

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Tom fitou o relógio do painel do seu carro, que marcava uma e meia da manhã. Estava a mais de vinte minutos rodando pela West Hollywood em busca do maldito sorvete de pistache e só tinha uma certeza: queria morrer. 

Não, para ser honesto, queria matar Bella Downey e de quebra levar sua prima junto.

— Onde diabos eu fui me meter, porra? — o ator resmungou consigo mesmo, a voz ficando um pouco alta demais no silêncio total do carro, e disposto a se distrair, pegou o celular e abriu o aplicativo de TV, que para seu enorme desgosto, passava uma entrevista com Chris Hemsworth falando sobre atuação em Vingadores Ultimato. Mais uma vez, Tom xingou audivelmente: — A CULPA DISSO TUDO É SUA, CHRIS!

Desligou o aparelho quase num golpe, parando em frente a uma doceira 24h que possivelmente teria alguma coisa. Com sua sorte, teriam todos os sorvetes do mundo, até sorvete banhado em ouro, mas com certeza não tinham a merda do sorvete de pistache. Entrou rapidamente pela porta de vidro e viu a atende dente sonolenta arregalar os olhos, acordando subitamente num estado de empolgação.

— Você é... Você é o...

— Tom Holland, boa noite. — ele sorriu de forma sedutora para a garota baixinha e sardenta. Queria sair dali o mais depressa possível, e de preferência, com a porcaria do sorvete.

— Eu não acredito — a garota deu pulinhos, fazendo Tom rir — Em que posso ajudar?

— Você tem sorvete de pistache?

A atendente arregalou os olhos, depois ficou vermelha como um pimentão.

— Hum... Er... Pistache não.

Tom passou as mãos nervosamente no cabelo, xingando umas quatro gerações da sua nova namorada. Aquilo era uma palhaçada. Sacou o celular do bolso e tomou distância da garçonete.

Bella atendeu no primeiro toque.

Já chegou em Las Vegas? — ela disse, simplesmente, e Tom franziu a testa.

— Que?

Pela demora... — disse, simplesmente, e Tom sentiu o rosto queimar de raiva.

— Eu não acredito. Eu estou há meia hora rodando atrás dessa porra de sorvete que existe só na sua imaginação. Eu já até comprei o x-burger.

Claro que esse sorvete existe, eu já tomei várias vezes, mas... — Bella ia rir, mas foi interrompida.

— Olha, aqui não tem. Escolhe outro. É pegar ou largar. — ele disparou e deu um pulo involuntário quando deu de cara com a garçonete e seu sorriso enorme logo atrás dele.

Ah, Tom... — Bella arrastou a voz, do jeito que sempre funcionava com qualquer cara — Você não entende. Só o de pistache que...

— Tá bom, entendi! — ele interrompeu, nervoso, caindo no jogo dela sem ao menos perceber — Mas já andei Los Angeles inteira.

— Tem uma lanchonete 24h há duas quadras daqui... — a garçonete se intrometeu.

Eu ouvi o que a menina disse! — Bella vociferou do outro lado, fazendo-o rolar os olhos. Merda. — Mas tubo bem, Tom... sério... Já abusei demais de você por uma noite. Eu vou sobreviver. — acrescentou, e Tom não notou nada de sarcasmo na voz da garota.

Ele bufou.

— Agora essa merda virou questão de honra. — respondeu — E você vai ter que comer o pote inteiro.

(...)

Era quase duas e meia da manhã quando Bella Downey abriu a porta da sua casa e deu de cara com Tom. Por sorte, naquela noite, Robert tinha ido dormir na casa da namorada, e Bella acabara ficando completamente sozinha. Tom estava com duas sacolas na mão, com cara de tédio.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora