7ª Fase: Casa comigo

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Eu te darei mais uma chance

Nós vamos ter mais uma briga

Diremos mais uma mentira

E enfim eu vou conhecer você.  

the 1975 - robbers

Bella respirou fundo dentro do carro.

Havia estacionado há quase dez minutos, mas não tinha conseguido se convencer a descer do veículo. Aquele era seu primeiro dia de trabalho. Na Disney. Na porra da Disney.

Tinham se passado pouco mais de quatro dias após o aniversário de Nichole, e ela não tinha visto Holland desde então. Naquele dia, as coisas tinham fugido um pouco de seu controle: achava que tinha convidado Holland por Nikki, mas, no fim das contas, se viu com a cara lambida pelo ator e com o coração acelerado ao tê–lo ao seu lado na mesa, segurando a filhinha que os dois definitivamente não planejaram, mas que era a melhor coisa de suas vidas.

Kevin havia lhe perguntado se ela já tinha parado para pensar em tudo o que Tom havia lhe dito e se estava disposta a dar uma chance a ele, especialmente depois do que acontecera no aniversário. Aquele assunto, entretanto, a deixava muito nervosa, porque quase já tinha uma resposta pronta na ponta da língua. 

Mas embora os pelos de sua nuca arrepiassem ao ouvir a voz de Tom e ela se sentisse como uma adolescente quando ele se aproximava ou se declarava para ela, ele ainda era o mesmo cara que a deixara seis meses antes. E naquela época, ela não achava que ele faria isso de jeito nenhum. Como, diabos, poderia se jogar de olhos fechados em um novo relacionamento agora, sem ter certeza alguma de onde estava pisando?

Queria confiar em Tom. Meu Deus, queria segurar aquele rostinho bonito dele com as duas mãos e colar sua boca na dele por pelo menos setenta e duas horas ininterruptas. Queria ouvi–lo dizer que ficariam juntos para sempre e ter certeza absoluta de que aquilo era verdade.

Mas havia algo dentro dela que a impedia. O medo de se machucar outra vez se sobrepunha a vontade que tinha de ser espontânea e deixar que Tom a convencesse de qualquer coisa. E não fazia a menor ideia do que ele podia fazer para mudar isso.

— Talvez o tempo – ela disse, sozinha, depois chacoalhou a cabeça, percebendo onde estava.

Pegou sua bolsa no banco de carona e, em um ímpeto de coragem, desceu do carro. Adentrou no estúdio 34, que era amplo, colorido, tinha cheiro de café fraco, feito por alguém que não sabia fazer aquilo direito, com produtores e estagiários correndo e um falatório que estranhamente lhe causou uma sensação de calma.

— Ei, Bella – Izzie, a diretora de arte que a contratara, se aproximou com um sorriso. – Finalmente você está aqui. Tanto que eu quis que esse acordo desse certo.

— É bom vê-la novamente, Izzie.

— Vem comigo, vou te levar até sua sala e vamos conversando sobre os projetos que temos pra você.

Bella seguiu a mulher, abraçando sua pasta e sentindo-se confiante, tentando ao máximo não pensar em Nikki sozinha em casa e no fato de que seus peitos já estavam cheios de leite, mesmo tendo feito o pump naquela manhã.

Quando Izzie Foster abriu a porta do escritório amplo, cheio de canetas coloridas, mesas digitalizadoras de última geração e todo o equipamento que precisava, Bella assoviou.

O AcordoOnde histórias criam vida. Descubra agora