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- Caralho! Para de me encher a porra do meu saco, todo dia é isso e.. - meus olhos se abrem de maneira confusa e olho ao redor para me certificar de onde esses gritos nervosos estão vindo.

Parece vir do corredor. Ouço gritos de uma voz grossa, uma voz familiar. A voz dele. Do misterioso Kurt dos olhos verdes. Me apresso para levantar, porém cuidadosamente para não fazer barulho sobre o piso de madeira, e me encosto diante a porta para ouvir melhor.

- Pare, pare, e pare já! Eu já estou cansada das suas saídas sem explicação, da sua vinda pela madrugada, do seu comportamento totalmente inadequado. - uma voz feminina diz as palavras com precisão, então deduzo que seja Karol.

- Eu nem sei porque eu estou nessa merda de casa gigante, eu nem sei porque você se preocupa comigo, eu sou adulto, porra! - ele grita. - E aliás, eu não dou a mínima para a sua opinião sobre o meu comportamento. Eu me comporto bem como quiser!

Ouço passos apressados e fortes contra o piso, e uma porta bate com força me fazendo levar a mão ao peito com o susto inesperado.
Que merda acabou de acontecer?
"Riquinhos refinados" não é mesmo? Penso comigo mesma e dou um sorriso sarcástico. Kurt e Karol brigando no meio da madrugada, isso acabou mesmo de acontecer? Pelo jeito essas pessoas são bem mais interessantes do que eu pensava.

Volto a cama e deito a cabeça no travesseiro torcendo para que meu sono retorne e eu consiga ter pelo menos uma boa noite de sono, mas depois das minhas múltiplas mudanças de posições e tentativas de dormir, logo desisto e resolvo sair do quarto e beber um pouco de água, eu realmente estou precisando espairecer um pouco.

Desbloqueio rapidamente a tela do meu celular e vejo que ainda são 3AM. Abro a porta lentamente e me irrito com o barulho que ela faz. Droga, não posso chamar atenção, a última coisa que eu preciso é explicar que eu estou acordada porque ouvi o filhinho e a mamãe brigando feito crianças imaturas no corredor, e pior, que eu fui fuçar a briga.

Olho para os dois lados do corredor. Vazio e escuro. Silenciosamente estranho. Desço as escadas e procuro logo um copo naquela extrema estante. A geladeira tem uma parte externa própria para pegar água geladinha, mas meu corpo está quente e posso até ouvir a voz da minha mãe me repreendendo, dizendo que meu corpo está quente demais para beber água gelada.
Ok mãe, eu já entendi. Rio comigo mesma.

- Está rindo sozinha no meio da madrugada? Você realmente é bem maluquinha da cabeça. - Aquela voz específica de minutos atrás preenche o silêncio.

Kurt está na entrada da cozinha, encostado na parede me fitando com o seu olhar julgador e frio.

- Você pode me deixar em paz, pelo menos um pouco? Já não bastou o seu showzinho agora pouco? - Digo revirando os olhos e levando o copo de água até minha boca.

- Showzinho? - ele me olha um pouco confuso, mas parece logo se recordar. - Ah, você está se referindo a chata da Karol me fazendo perder meus últimos neurônios? - Ele sorri lindamente e sarcasticamente.

- Por que você se incomoda? É o que toda mãe faz, se preocupa e..

- Mãe? - ele me interrompe e logo cai na risada. - Ela não é minha mãe, e você é bem incoveniente, não pedi sua opinião em momento algum. - diz friamente e desaparece pelo escuro.

Era só o que me faltava, um mimadinho chato e grosso. E que nem é filho dela, pra variar. Reclamo comigo mesma até notar que preciso dormir novamente, isso é, se a minha insônia permitir.

Ao deitar a cabeça novamente sobre o travesseiro macio e gelado devido a minha falta de contato, meus pensamentos sobrevoam novamente sobre o mimado de olhos verdes: Kurt.

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𝐑𝐄𝐕𝐄𝐑𝐒𝐄 𝐒𝐂𝐑𝐄𝐀𝐌𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora