22.

17 4 0
                                    

Kurt olha para o chão, um pouco pensativo antes de soltar a bomba.

- Você e eu, no segundo quarto do primeiro corredor lá de cima. - ele aponta para as escadas e sem esperar nenhuma resposta, se levanta e sobe as escadas.

Merda, merda, merda.

- Parece que alguém se deu bem, ein! - Candence ri.

A loirinha fútil revira os olhos e me olha com desprezo. Não vou suportar mais um segundo nesse lugar com ela.

- Você sabe que não precisa ir, não é? É só uma brincadeira. - Bryan diz baixinho.

- Ela não tem coragem. - a loira ri de forma maléfica.

Não tenho?

- Vamos ver. - tomo mais um gole da minha bebida e a coloco no chão.

Me levanto, e antes de subir as escadas, a olho e arqueio uma sobrancelha, enquanto sumo diante daquelas escadas. O corredor é grande e cheio de quartos, bato na porta do segundo quarto que é aberta com rapidez.

- Entra. - ele ordena.

Minhas pernas falham e eu me mantenho parada no mesmo lugar. Eu não posso ficar no mesmo quarto que ele, isso nunca dá certo e não daria dessa vez. Um sentimento estranho de coragem me faz dar mais uns passos, adentrando o pequeno quarto enquanto Kurt fecha e tranca a porta.

Me sento na cama, o observando, em pé a minha frente. Ele tira a camisa na mesma hora e eu tampo meus olhos - como se já não tivesse o visto sem camisa, e aliás, uau.

- Olha só, eu não sei o que você pensa que vai poder fazer comigo, mas já adianto que não vai rolar nada. - abro um pouco os dedos para enxergá-lo.

- Relaxa "ruivinha" - ele tira minhas mãos dos olhos. - Não vamos fazer nada, e eu só tirei a camisa porque estou com calor, você não? - ele caminha até a janela, abrindo-a com delicadeza.

- Então qual o sentido disso?

Kurt Scott é um mistério.

- Conversar. Eu quero conversar, apenas. - ele se senta ao meu lado.

- Você me chamou aqui para - dou risada ainda sem acreditar em suas palavras.

- Sim. Bom, queria agradecer o que você fez ontem, a forma como cuidou de mim. - ele lança suas palavras com velocidade.

- Ahn, ah. Não fiz sozinha, a empregada também ajudou e sei que faria o mesmo por mim. - ele arqueia uma sobrancelha e eu rio. - Ok, talvez não, mas mesmo assim, não foi nada.

- Não disse que não faria, só não consigo imaginar você, a senhora perfeitinha, na mesma situação que um cara como eu. - ele abaixa a cabeça.

- É, pra ser sincera eu também não. - dou uma risada fraca. - Mas talvez ser mais um pouco parecida com você poderia me fazer bem. - confesso.

- Um pouco mais como eu? - ele aponta para si. - Como?

- Um pouco mais corajosa, mais independente, sem medo do que vão pensar. - as palavras saem antes que meu cérebro possa processar.

- Bom, eu te acho perfeita assim. - ele dá uma tossida forçada após dizer isso. - É, não foi isso que...

- Não sei porquê, não sou como as "suas garotas". - faço aspas com os dedos.

- Que garotas? - ele pausa por um tempo. - Se refere aquela loira lá em baixo? - ele ri.

- É. - digo um pouco envergonhada.

- Tem razão, você não é como elas.

- Eu sei que não. - me mexo sobre a cama meio desconfortável.

𝐑𝐄𝐕𝐄𝐑𝐒𝐄 𝐒𝐂𝐑𝐄𝐀𝐌𝐒Onde histórias criam vida. Descubra agora